Talvez Pedri tenha demorado muito para perceber que o que sentia por Gavi ia além da amizade e do companheirismo mútuo que compartilhavam em campo. Em uma festa, ele decide abrir o coração e expressar seus sentimentos, porém, não contava com a facet...
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— Você deveria ir conosco, afinal, você nunca vai a lugar nenhum — foram as palavras de Frenkie para Pedri enquanto eles se alongavam lado a lado.
O mais novo bufou. Recebeu um olhar firme de Xavi do outro lado do campo, como se o treinador lhe pedisse para treinar mais e falar menos. Ocorreu a Pedri que deveria simplesmente deixar Frenkie gastar energia tentando convencê-lo de algo que ele já tinha certeza e completar seus exercícios. Ele era definitivamente o tipo paciente, mas não gostava de ser pressionado ou simplesmente incomodado em uma manhã de sexta-feira, faltando apenas dois dias para um jogo importante. Apesar da constância de Frenkie em movimentar o mundo para irritá-lo, Pedri apenas trocou de lado, virando-se para o sul do campo, onde seu olhar ficou fixo em linha reta na direção de Gavi e Balde.
Ele respirou fundo. Ele não poderia ser ignorado para sempre.
Há cinco dias atrás, após o jogo com o Mallorca, Gavi parecia definitivamente mais sensível do que o normal. Eles não haviam perdido, mas o empate foi demais para ele aguentar, especialmente depois de algumas tentativas de gol fracassadas e um cartão amarelo. Foi uma partida para esquecer, especialmente porque Pedri se lembra de tê-lo visto xingar centenas de vezes enquanto corria pelo campo. Gavi não foi abençoado com tanta paciência, mas parecia diferente naquele domingo, como se, de alguma forma, algo além da frustração do trabalho o estivesse incomodando. Ele teria chorado no vestiário, talvez chutado um armário de metal se Lewandowski não o tivesse acalmado com palavras no mínimo paternais.
Quando Pedri se aproximou para conversar com o amigo, Gavi olhou para ele com aquelas íris gigantes molhadas, sem pensar duas vezes antes de se jogar contra o corpo do mais velho para abraçá-lo. Pedri apenas o segurou. Ele conhecia Gavi melhor do que ninguém no mundo, quem sabe, mais do que seus pais ou até mesmo Aurora, porém, aquela parecia uma situação em que Pedri não sabia exatamente o que estava acontecendo. Claro que também partilhava da mesma insatisfação por não ter vencido, mas a hipersensibilidade de Pablo, naquelas circunstâncias, não era normal. Ele pediu para Gavi falar alguma coisa, mas ele estava cansado, então apenas murmurou para Pedri o levar para casa.
Claro que González disse sim. Atendia todos os chamados de Gavi como um servo fiel, como se estivesse sempre disposto a deixar as suas necessidades em segundo plano para dar lugar às do mais novo. Eles eram assim desde que se conheceram, há muitos anos, enquanto Pedri ainda não sabia o que era ganhar títulos e Gavi era apenas um pré-adolescente. Naquele dia, depois do passeio, Gavi mudou de ideia. Ele estava acostumado a mudar quando sabia que Pedri aguentaria e, considerando seu estado de espírito, tudo que precisava estava no apartamento de seu melhor amigo. Pedri tinha armários cheios e um sofá confortável, um FIFA com o rosto dele na capa e um simulador de corrida onde Gavi descobriu que sua vocação era mesmo jogar futebol. O lugar onde morava o mais velho tornou-se o paraíso pessoal de Pablo.
