Capítulo um.

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Séculos atrás...


 A corte dos sete reinos se reunia na capital de Eberion para discutir sobre o destino de seus filhos, há cem anos os seis imortais não davam notícias e após mais cinquenta anos, Helena havia desaparecido. Sentados a beira da Nigrum Roselyn, Ulliel e Ellahyn aguardavam os outros regentes para a reunião. Preso ao pescoço de Ellahyn estava o colar de sua mãe, a rosa negra petrificada que mais lembrava um diamante. Com suavidade a jovem levava os dedos a pedra, alisando-a enquanto o gêmeo fitava aquela cena de forma apreensiva. 

  ─ O que acha que ela queria com tudo isso? A nossa mãe? ─ As palavras saiam temerosas mas ainda sim calmas dos lábios de Ellahyn. Curioso, Ulliel a olhava com aquela típica e calma expressão já conhecia à séculos por sua gêmea e esposa. 

 ─ Ela teve seus motivos, Ellah. Você sabe disso tanto quanto eu, então não precisa se preocupar tanto assim, principalmente nesse estado. ─ Dizia o rapaz, sua mão alisando suavemente a barriga de Ellahyn, com uma gestação já avançada. Um pouco mais tranquila, Ellah repousava a cabeça no ombro de seu companheiro, a sua alma gêmea. Nos jardins da Nigrum Roselyn, o local favorito de Helena, eles aguardavam a chegada dos seis reis, aquela tarde seria primordial para o futuro das gerações seguintes. Com calma, Ellah erguia-se do banco de madeira e logo começava a caminhar ao redor do lago. Atenta a mulher ficava a observar os peixes que nadavam na beira, mas logo os via se afastar ao perceber que a beira do lago começava a congelar, cristalizando aos poucos. Um breve sorriso tomou-lhe os lábios sutilmente, sem olhar o companheiro a mulher voltava a falar. 

 ─ Darius chegou. ─ Dizia Ellahyn ao marido, Ulliel por sua vez continuou sentado, sentindo ao seu redor o mormaço causado por outra presença. 

 ─ Alexandra está com ele, venha.. Vamos recebê-los. ─ Aproximando-se de Ellah, o rapaz a segurou pela cintura enquanto os lábios beijavam-lhe os cabelos castanhos, caminhando ao lado dela até a entrada do jardim. Do outro lado, Darius e sua imponente aparência contradizia a Alexandra e seus rubros cabelos, tendo aos lábios aquele sorriso maroto, divertido. Darius e Ulliel trocaram olhares respeitosos enquanto Alexandra aproximava-se de Ellah para envolvê-la em um abraço carinhoso e repleto de calor.

 ─ Você não para de ter filhos, Ellahyn? Deixe seus filhos terem mais filhos, faça como eu. ─ A mesma levava a mão a barriga da humana, alisando-a gentilmente enquanto concentrava-se em descobrir o sexo da criança. ─ Um presente a pequena... Como vão chamá-la? ─ Perguntava a dragona curiosa, ainda com a mão sob a barriga de Ellah.

 ─ Estava pensando em Cecília. ─ Respondia Ellahyn, olhando para Ulliel em seguida, avistando em seu olhar a aprovação do nome. 

 ─ Tudo bem, é um belo nome. Um presente para a pequena Cecília, a chama pura será dada e dentro de você ela crescerá até passar aos seus filhos e os filhos de seus filhos. ─ Uma luz dourada emanava da mão de Alexandra, em seguida era possível ver a barriga de Ellahyn absorver a energia, Ellah por sua vez sorria ao sentir a criança chutar seu ventre.

 ─ Acho que ela gostou.. ─ Respondia Ellahyn, com um sorriso gentil nos lábios. ─ Obrigada, Alexandra. ─ Darius, que apenas observava tudo aquilo logo aproximava-se de Ellahyn, o último filho dos humanos, o último imortal sendo gerado naquele ventre de Ellahyn. Pousando a mão sob a barriga, a mulher sorria um tanto tímida, sentindo o calafrio por conta do toque do rei do gelo. 

 ─ Desculpe.. ─ Dizia o rei, um sorriso oculto em seus lábios prestes a surgir. A mão de Darius tocava a barriga de Ellah logo depois, alguns segundos se passaram até o rei finalmente começar a falar. ─ Eu lhe deixo a mais pura essência do gelo, e que você seja forte e resistente como ele, pequena Cecília. ─ Nas mãos de Darius um pequeno cristal ia surgindo, lentamente se quebrando e formando um floco de neve brilhante como diamantes que logo era entregue a Ellahyn.

Eberion, O Despertar.Onde histórias criam vida. Descubra agora