Molly sabia que o que estava prestes a fazer era errado. Já era tarde e a regra da casa era bem clara: luzes apagadas e olhos fechados às 22:00. Ela só conseguia pensar em como se daria mal se alguém a visse acordada e no quarto proibido. Vinte minutos atrás o som da tranca da porta principal sendo fechada a fez despertar de seu quase-sono e daquele processo entediante de contar os carneiros que entravam para seu cercado imaginário – Ela era uma pastora e tanto – Quase em um único movimento, Molly saltou de sua cama à janela bem a tempo de ver o carro de seus avós saindo. Pela forma que sua avó estava vestida, ela sabia que demorariam.
Assim que o pequeno fusca sumiu de vista na esquina, a garota correu para a porta e a abriu. O ar frio do inverno bateu de frente com seu rosto e a fez ter calafrios. Esquecera de que seus avós raramente ligavam o aquecedor geral. Decidiu que não faria mal calçar suas pantufas e vestir seu roupão, por mais que ele tapasse a linda estampa de seu pijama temático de Barbie - A Princesa e a Popstar. Ela fechou a porta lentamente e se esgueirou pelos cantos do corredor, evitando o centro do piso de madeira que tanto rangia.
Cada passo trazia consigo uma prece. Molly não poderia acordar sua irmã mais velha ou teria que abdicar de sua sobremesa por uma semana para calar aquela bocarra. Na última vez que foi pega no flagra se negou a pagar os "pedágios" de Amanda e, por conta disso, sua avó descobriu por quê o pneu do carro estava furado e como uma Barbie de cabelo roxo estava alojada no lugar do furo. – Não julguem a garota, ir se vacinar é uma circunstância desesperadora que pede medidas desesperadas –.
A porta do quarto de seus avós estava a alguns metros, o coração palpitava de medo e curiosidade. Seu avô deixara bem claro, todas as vezes em que pediu para que ela buscasse algo em seu quarto, que não deveria abrir o guarda-roupa. Isso soava quase como um convite para correr ao quarto e depenar o móvel para entender o motivo dessa regra. Faltavam dois metros para alcançar a maçaneta quando, com um passo em falso, a madeira gritou e, imediatamente, a porta do quarto de sua irmãrugiu em resposta. O coração de Molly deixou de funcionar corretamente por alguns segundo, quando ela apareceu na porta com a cara emburrada.
– Você está frita. – Disse a Amanda.
– QUER ME MATAR, SUA VACA? – gritou a garota quando finalmente recuperou o fôlego. – Vem cá, você estava me esperando na porta, por acaso?
Amanda abriu um sorriso malicioso enquanto dava de ombros.
– Talvez. Posso saber o que a senhorita está fazendo acordada a essas horas?
– Nada que te interesse! – Rebateu a menina.
A irmã observou a porta do quarto de seus avós e deduziu o que a caçula poderia estar fazendo. Rapidamente, um brilho surgiu em seu olhar quando percebeu as possibilidades daquilo.
– O vovô não vai gostar nada de saber que você está quebrando o toque de recolher e que pretende entrar no quarto deles – disse Amanda.
– Não se atreva a abrir o bico! – Retrucou Molly. a garotinha começou a pensar em alguma desculpa desenfreadamente para tentar justificar sua presença naquela parte da casa – E eu não ia entrar no quarto deles, só queria ver se estavam acordados.
– Para? – Esse papo definitivamente não colara com a irmã.
– Isso... isso não é da sua conta! Agora deixe-me em paz.
Molly se virou para ir embora quando a mão de Amanda agarrou seu braço e puxou-a de volta.
– Hã-hã, você não pagou o pedágio. – Molly odiava aqueles pedágios com todas as suas forças – Como irmã mais velha, é meu dever zelar por sua segurança, mas não posso fazer isso sem os devidos recursos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desafios de Escrita
RandomAqui eu escreverei e publicarei pequenos trechos feitos para treinar com base em propostas vistas na internet. Publicarei apenas para engajamento e ver se estão bons. Também conto com o feedback de qualquer um que se dispor a ler meus textos. Deus a...