Não devo me apresentar, somente vou contar uma parte do que houve na história.
Eu era um garoto comum: eu brincava, corria, me divertia, sozinho, minha mãe não permitia que outras crianças viessem brincar comigo, bom, ela dizia que tinha medo que fossem os "nazistas" que mandaram as ingênuas espiãs mirins para nos vigiar e relatar tudo que fazíamos, quando era menor, não entendia o significado de "nazista", se me lembro bem, creio que eu achava que significava "soldados", se bem, que eram mesmo.
Um dia daqueles, durante a segunda guerra mundial, os nazistas colocaram em tudo qualquer jornal, para nós, judeus, nos apresentarmos em um certo local (que não me lembro o nome) e que nos levariam para outros determinados lugares, minha mãe viu que isto seria um novo começo para nossa vida, e quando ela me disse a notícia, eu simplesmente pulei de alegria, "talvez lá a mamãe me deixe ter amigos!" Pensei eu, enquanto estava arrumando as malas, meu pai, que tinha problemas na comunicação e movimentação, somente se levantou para beijar a foto de minha irmã que havia falecido nas mãos de um nazista. E então minha mãe disse:
-Hu? Meu bem, não te esforces...
-Mamãe mamãe! Por que o papai está beijando o retrato de Kimberly?
-Ah meu filho, porque não podemos levar a linda foto dela conosco
-Por quê?
-Bem, quando ela era viva, ela desejou que nunca queria sair desta casa.
-ah!
-É meu bem, as vezes eu questiono Deus do porque ter levado ela tão cedo de minhas mãos, mas daí, vejo a situação que nós estamos, e penso: "Deus levou ela antes, porque o mundo esta sofrendo agora, e ele não queria o sofrimento dela"
Então eu olhei para minha mãe, e lembrei que minha mala ainda não estava feita, então só a ignorei e corri até meus pertences. Em vinte e nove de setembro de mil novecentos e quarenta e um, quando chegamos no "local" os nazistas nos levaram para o vale de Baby Yar, e começaram a massacrar todos os judeus, me contaram que, foram mortos aproximadamente trinta mil pessoas em menos de dois dias, mas, deves se perguntar, "como ele está vivo?" Bem, eu era uma criança de apenas cinco anos, e os soldados precisavam de um novo brinquedo para se "satisfazer"...
Agora, tenho trinta e um anos, consegui fugir das mãos sedentárias e carentes de meus "amigos" aos vinte e sete anos, me sinto aliviado, agora, tenho uma cama para dormir, um telefone para ligar, paredes para me abrigar, paz, e um sofá onde posso escrever este pequeno acontecimento.
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Nosso Grande Campo
RandomCurtas histórias passadas em coisas que gostaria de ensinar, ou fatos reais