Hierosolyma Hodos - O Caminho da Plena Essência

O Chamado de Cthulhu

Besta demoníaca, de aspecto abismal, atraíste-me ao fundo oceano, hipnotizado fiquei com teu magnífico olhar. Contra ti nem os anjos, nem os santos puderam me valer. Até o Todo-Poderoso tremeu ante teu chamado. Senti-me nu na tua presença. Perturbaste-me a mente e o coração. Seu aspecto indizível encheu-me pavor, qual uma sombra trevosa que paira em pleno dia no límpido azul do céu. As vibrações que de ti emanavam levaram-me a loucura. Perturbador! Preso por seus tentáculos não senti dor, mas aflição. Ser alienígena que espreitava à porta durante a madrugada, não podia te ver, mas sentia tua presença. Todo mundo estava contigo a te servir, nem minha sombra escapou ao teu encanto. Querias me engolir. Perdi minha inocência em tuas mãos, sois a fonte de toda perversão. 

Depois deste nosso encontro, caminhei cheio de pavor em meio a multidão. Maldito sejas tu, verme abismal! Já não via cor em minha vida, nem beleza em meus sonhos, esperança era coisa fugidia e liberdade, desencanto. Perdi meu pai e minha mãe, pois já não era mais filho de ninguém, sozinho no mundo, vaguei. No primeiro beijo que dei, senti teu sangue em minha garganta, tua pele áspera me tocando em minha primeira tranza. O filho que ainda não tive, nasceu com teus olhos, não me estupraste, mas possuíste-me. Na solidão do meu quarto, tua voz ecoava em minha alma. Todos os dias da minha vida foram assombrados por ti. Morri eu teus braços, caricatura de Satã. 

Crianças dançam nos campos vestidas de branco e anil. Yanomamis, palestinas, nigerianas, alborígenes. Um arco-íris corta os céus parcialmente nublados. Árvores dançam farfalhando suas folhas ao transpassar do vento. Um fio de água cristalina desce das montanhas enevadas rumo as terras baixas. Não é quente, nem frio, é ameno. Os animais bocejam preguiçosamente deitados sob a sombra. Parece o paraíso, mas também estás aí.