BELLAMY: VOCÊ A TORNOU FORTE.
LINCOLN: ELA JÁ ERA FORTE.
( The 100)
Não existe um sentimento mais compensador e excitante do que a pura adrenalina. Aquilo que te consome por dentro e desperta aquele friozinho na barriga. Aquilo que faz suas pernas tremerem e bambiarem com a mera mensão da ansiedade acumulada em seu corpo. Eu não pudia evitar de perder o fôlego ao olhar pela janela do avião. Quanto tempo havia se passado desde que eu tinha ido para minha amada BH. A casa da minha adolescência, de meus melhores amigos e também de alguém que eu não ousava dizer o nome em voz alta. Com medo de despertar mais uma vez o fantasma dele em minha mente.
Há quanto tempo eu tinha embarcado em São Paulo em direção a Nova York para estudar teatro na Big Apple inicialmente por somente seis meses. Entretanto, dias se tornaram semanas. Semanas meses e esses meses por sua vez, transformaram-se em anos. Há exatos quatro anos eu havia estado em outro aeroporto para pegar o voo com destino ao Estados Unidos que mudaria a minha vida.
Há um longo tempo eu havia deixado minha família, meus amigos e até meus animais para trás. Eu não conseguira de maneira nenhuma os trazer todos de uma vez no avião por conta de problemas causados pelas exigências da empresa e na época aquilo resultara em lágrimas e mais lágrimas. Eu jamais gostaria de ter que abrir mão de meus animais para ter que me mudar. Afinal quem eles achavam que eram para me afastar deles? Mas aos poucos eu acustumara com a ideia de viver desprendida de meus bichinhos pelos primeiros dois anos. Não mais que isso. Eu não aguentara a saudade e ligara exigindo que meus pais dessem um jeito de visitarem sua filha e conhecerem o apartamento que eu estava ficando e assim os levassem. Eu ligara chorando tanto e tantas vezes que deixei meus pais atordoados com meu estado psicológico e altamente preocupados. O que logo resultou neles providenciando suas passagens para ver se eu estava realmente bem. E com toda certeza funcionou. Em pouco tempo meus vários bichinhos estavam habitando meu novo apartamento em Nova York.
A aeromoça depertou-me de meus desvaneios corriqueiros, eu estava encarando o nada enquanto pensava. A mulher devia estar achando que eu era uma louca. Ela tentou me acordar novamente e fechou a mesinha que estava aberta a minha frente.
" Senhorita, afivele o cinto, por favor...." A comissária de bordo disse com a cara fechada checando todos passageiros, parando um tempinho a mais para conferir o meu rosto. Eu dei um sorrisinho meio envergonhada com a falta de atenção obvia. A aeromoça tinha acabado de dizer mil vezes no rádio que era para todos se preparem para o pouso e eu ficara lá morgando que nem uma retardada. " Ah propósito posso trazer uma água para você? A senhorita parece meio nervosa. Vai dar tudo certo. O piloto é muito competente. Vai pousar o avião tranquilamente." Ela perguntou de uma forma tão prestativa e educada que foi fofo e bastante estranho.
Eu olhei para a moça meio sem entender. Eu estava nervosa e super empolgada. Estava radiante e enlouquecida, mas não ao ponto dela peguntar se eu estava bem. Olhei mais uma vez para o seu rosto e entendi o que ela estava tentando dizer. A mesma achava que eu estava passando mal, porque eu estava muito nervosa e inquieta. O problema é que eu não sabia explicar para a moça que eu estava bem, que eu estava somente preocupada com a possibilidade de esbarrar algo que me lembrasse do Rodrigo e eu não parasse mais de me lembrar dele. Claro que tinha outras aflições incomodando como se meus amigos me tratariam do mesmo jeito amável e legal de sempre. As meninas podiam ser legais comigo nas viagens, porque estavam viajando. Mas e se na cidade elas não ligassem mais para mim e estivessem mais interresadas nas vidas delas? E não quisessem deixar de fazer as suas coisas para me darem atenção?
A moça continuou olhando para mim com um semblante bastante preocupado e resolvi que era melhor eu inventar qualquer coisa. Eu não era obrigada a ficar explicando minha vida para ninguém, era? E ainda mais das minhas ações.
" Estou sim, obrigada. A água não é necessária. É só meu medo de avião falando alto." Eu quase ri de mim mesma. Se meu pai estivesse do meu lado naquele minuto teria uma crise de riso. Desde de criança eu era apaixonada por andar de avião e esperava mais o "passeio" na aeronave do que a viagem em si. E só de ele ouvir o que eu acabara de falar o mesmo se desabaria em gargalhadas.
A mulher acentiu satisfeita e foi embora rapidamente. Fechei meus olhos, lembrando da última vez que eu ficara nervosa em um avião. Fora quando eu viajara para Nova York pela primeira vez. No dia que eu estava morrendo de medo de odiar meus novos colegas de quarto e principalmente a cidade. Eu estava muito apreenciva de como seria minha adaptação nos primeiros dias. Entretanto, eu ainda era a pessoa mais animada que eu conhecia e com toda certeza a mais motivada.. Era uma casa repleta de jovens sonhadores na cidade que nunca durmia, como esse apartamento poderia ser ruim?
No primeiro ano que vivi lá eu me mudara para uma estirpe de que no Brasil seria considerado uma espécie de república. Afinal o que eu tinha a perder? Seria como uma pequena fraternidade, não é mesmo? Era um enorme apartamento com vários jovens de diversos lugares do mundo que davam festas de arromba regadas a grandes bebedeiras e altas sociais.
Eram ao todo cinco pessoas no apartamento que era simplesmente a cara de Gossip Girl, possuia todo o glamour de Mantarratan com um mistura de acomodações meio improvisadas universitárias. Blair ficaria invejada e Chuck de queixo caído dentro de sua linda limo. Apesar de aparentar ser repleta de pequenos luxos eram bastante pessoas para dividir, somente assim para podermos bancá-lo. O preço nem ficara tão alto quando aparentava ser. Era num endereço bastante nobre para se falar a verdade, próximo do metrô e da área turística. Porém, por seremos numerosos o aluguel não ficava muito caro. Erámos cinco: Babi, Dylan, Ryan, eu, Alexia.
Entre meus colegas que moravam comigo estavam Babi, uma loirinha do Rio Grande do Sul que era com toda certeza maluca. Com todas as letras e pontos de exclamação para dar ênfase. Ela era uma das pessoas mais animadas da casa logo depois de mim. E era completamente festeira, ela fora quem eu me indentificara de cara. Fora totalmente receptiva comigo e ao ver que tinhamos a mesma nacionalidade ficou apaixonada pelo meu jeitinho logo no primeiro contato. Virou uma irmã do peito para mim, acompanhou todas minhas faces, bipolaridades, crises e dramas. Viu eu crescendo como pessoa e aprendendo a virar sozinha longe de todos que eu conhecia. Por conta disso criamos uma ligação sem igual. Além disso a gaúcha também era apaixonada por seriados e seus atores. Precisava de eu dizer mais alguma coisa?
Tinha Ryan, o moreno americano brincalhão que só queria saber de dar festas de arromba que começavam as uma da manhã e iam as altas horas da noite. Ele era um amor de pessoa, o atleta da turma, o ser humano mais engraçado e desajeitado do planeta. Estava estudando arquitetura, mas ele não ligara para o curso em si. Tudo o que ele aspirava na vida era ser DJ. Seus pais não aceitava isso muito bem e exigiram que ele fizesse um curso que segundo as próprias palavras deles dariam um futuro.
Ryan era o tipo de amigo que te ensina a não confiar nos homens. Ele não prestava quando o assunto era mulheres. Entretanto, era o primeiro da fila a ir quebrar a cara de um desgraçado que quebrara o coração de uma amiga dele. Por algum motivo sempre que eu o olhava lembrava automaticamente de Alan, o amigo pegador e ridicularmente divertido de Rodri...melhor do Leo. Os dois pareciam tanto em seu jeito de falar e comportar que era impossível não sentir falta do moreno que arrastava os meninos e eu para os barzinhos na época do colegial. Era realmente uma pena termos perdido o contato, ele tinha uma energia que era soberba e que transbordava por toda o ambiente. Era impossível não se cotagiar com o ânimo dele. Meu peito não era capaz de não admitir que sentia falta de Alan por perto. E principalmente das festas que ele dava. Eram sensacionais.
Dividindo o banheiro comigo tinha Alexia. A morena de mechas azuladas mais descolada, falante e durona de todo o continente. Lexi, como a mesma preferia falar, era a francesa mais briguenta que você poderia encontrar. Uma palavra correta pra a descrever seria afrontosa, ela era o tipo de menina que queimaria o pinto do namorado com uma chapinha quente se o encontrasse na cama com outra. A francesa estudara comigo durante toda a faculdade e até já havia feito intercâmbio em Portugal o que a deixou com um português razoável. Eu achava vital continuar falando em português com ela para que a mesma não esquecesse e ela estava sendo maravilhosa nessa tarefa. Estava me enchendo de orgulho. Entretanto, depois de anos aprendendo comigo português ela passou a me ensinar francês e só nos comunicavamos entre nós em frances para eu desenvolver melhor a minha pronuncia E eu sou extremamente grata por essa preocupação dela.
Nos conhecemos nos primeiros dias de aulas quando levamos xingos e mais xingos do professor por termos ficado perdidas no patio gigantesco da faculdade juntas. E consequentemente termos atrasado a reunião do corpo docente inteiro em quarenta minutos. A maloqueira era a pessoa mais vida louka que eu conhecia e nem um pouco tímida, ela era minha melhor amiga desde de sempre. Juntamente com Babi erámos o trio do terror perfeito.
E por último e não menos importante havia Dylan. Ele era o real dono do apartamento, era nova-iorquino de nascença. Porém, quando seu pai recebeu uma oferta de trabalho em uma grande empresa de tecnologia no Vale do Silício decidiu transformar sua casa em uma república. Ele tinha quatro irmãos e não estava aguentando ficar sozinho no gigantesco apartamento. Portanto, criara a nossa grande família nele. Dylan era uma gracinha, o mais equilibrado e centrado da casa. O paizão de todos nós, de longe o mais responsável. Ele era uns quatro anos mais velho que todos, era bem tímido e retraído em seu canto. Apenas se abria quando realmente estava a vontade por isso sempre passava a imagem errada de arrogância quando se conhecia inicialmente.
Eu demorara a ficar próxima dele, ele era muito fechado no início. O típico nerd fofinho com poucos amigos, estudava medicina e por exatamente para não interromper seu curso não se mudara com sua família para o tecnopolo. Ele me tratava como se eu fosse a irmazinha mais nova dele, sempre com muito, muito carinho. Talvez por ter muitos irmãos e apenas uma irmã caçula de 13 anos. Ele a via em mim e fazia o possível para tentar me proteger de qualquer mal. Era a coisa mais bonitinha de ver ele todo protetor com relação a tudo. Entretanto, ele sempre mantinha uma distância formal de todos da casa quando o assunto era estudo. Afinal medicina na instituição que ele escolhera era um papo sério, era a faculdade que mais tinha índices de suicídio na região metropolitana da cidade devido ao extresse dos alunos e a pressão sufocadora. Mesmo depois que eu mudara para meu próprio apartamento a duas quadras da república para ter lugar para os meus animais, jamais nos cinco afastamos. Sempre éramos nós. Independente do que acontecesse. Eles eram minha casa e em parte minha força. Eu devia tudo a eles. Além disso eu passava mais tempo na casa deles do que na minha.
Meu coração apertara. Lexi e
Babi só viriam para o Brasil em alguns dias. Eu havia combinado de as receber para conhecer a cidade, porém, eu havia vindo antes. Depois de três anos estudando que nem doida, trabalhando mais do que tudo em peças, produções, filmes e fazendo mil testes para vários papéis. Somente agora eu pudera tirar férias e visitar BH, eu sempre ia direto para São Paulo ficar com meus pais . Eu nunca realmente ficara na capital mineira, algumas vezes por medo das lembranças que escondidas em cada canto daquela cidade poderiam ressucitar. E outras simplesmente porque era mais fácil minha avó, minha tia e a Marina virem a São Paulo do que toda a minha família a BH. Ainda tinham Luísa, Bruna e Larrissa que não saiam de São Paulo mais nem se estourasse uma guerra nuclear na região.
Fora que as meninas como a Fani, a Natalia e a Gabi não nos encontravámos mais na cidade. Sempre marcávamos viagens juntas, reuniamos todas nós e alugamos uma casa em búzios. Ou íamos pegar um bronze na Bahia, ou nos entupir de chocolate em Gramado. Mantemos o hábito de saírmos para viajar a cada visita da Fani ou minha ao Brasil, era a melhor coisa que fazíamos. Uma de nossas melhores escolhas também. Exatamente por conta disso eu queria a companhia das meninas que se tornaram minha família durante estes últimos anos, eu queria ir para Belo Horizonte com companhias que pudesse me destrair dos fantasmas da cidade. E evitar que eu de alguma forma sobrasse no rolê. Eu tinha a pequena impressão de desta vez as meninas não estariam tão receptivas e animadas com a minha vinda, tinha quase um ano que eu não as via pessoalmente. Entretanto, falavamos umas quatro vezes por semana no Skype, chat, email ou até chamadas. Mas dessa vez com as garotas em casa e com suas próprias vidas para cuidar duvidavam que iriam me dar muito de seu tempo. Ainda mais que Gabriel e Alberto estariam sempre por perto, logo para várias as duas não desgrudariam um minuto de seu namorado e do noivo.
Não era só isso.. Eu não pensava mais no Rodrigo, isso era verdade. Tudo bem... era quase verdade. Mas quem é que está contando? Não era como se ele não estivesse em outro lugar do mundo sem nem lembrar mais da minha existência. A silhueta dele não rondava mais meus pensamentos a pelo menos uns oito meses, eu pudia dizer que eu já tinha o esquecido. Ele era apenas uma doce lembrança. Uma coisa mais idealizada, mais como uma ideia. Mais como um sonho idealizado. Uma ideia que eu estava guardando numa caixinha, uma como a de Pandora. Só que diferente dela eu não deixaria meus demônios escaparem para assombrar a humanidade, eu estava deixando Rodrigo para lá. Bem guardadinho. Com o pote bem tampado. Até eu mesma esquecer que aquela caixinha existia. E ultimamente eu tinha certeza que nem lembrava mais aonde caralhos eu a enfiara.
Olhei mais uma vez para a janela, já explodindo de felicidade. Meus pais haviam viajado para uma segunda lua de mel no Caribe. Samanta e meu irmão tinham viajado com Rodriguinho para BH e eu iria ficar na casa da minha avó com eles. Eu não pudia estar mais saltitante, não conseguia suportar ficar mais longe dela. O avião polsou e agracedi mentalmente o milagre de ter conseguido um avião sem conexão. Normalmente eu teria que parar no Rio ou em São Paulo e depois embarcar para BH. Mas dessa vez eu dera uma sorte grande. Desci as escadas rolantes que levavam a sala das esteiras aonde rolavam as malas e as bagagens. Parecia que nada tinha mudado, que nenhum ano tinha passado, aquele lugar estava o mesmo de quando eu era uma adolescente curiosa e ficava na ponte Belo Horizonte e São Paulo durantes as férias indo e voltando da casa do meu pai e a minha. Peguei as malas da esteira rolante e iria chamar um Uber para o Bh Shopping. Foi quando tive a ideia de alugar um carro, eu odiava ficar dependendo dos outros para tudo. Não iria ficar andando para baixo e para cima as custas do carro do meu irmão. Aluguei um carro no aeroporto mesmo e fui para o shopping. Eu inda não tinha terminado de comprar todos os presentes de Natal para todos. Eu havia ficado de comprar em algumas lojinhas perto do Central Park, porém, eu nem tivera tempo. Nem de comprar mil maquiagens na Macy's. Ficara agarrada com a produção do novo episódio de uma nova serie Netflix, as aulas da especialização em direção e roteiro na faculdade encheram minhas tardes e noites de mil tarefas e compromissos. Por conta disso tive que deixar tudo para depois.
![](https://img.wattpad.com/cover/354691005-288-k967488.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha vida fora de serie 4/5
RomancePassaram quatro anos desde de que Priscila e Rodrigo se separam e seguiram caminhos distintos. Priscila foi para Nova York viver uma nova temporada de sua vida em terras estrangeiras com direito a muitas mudanças, tranformações e desafios. Já Rodri...