Minha vida fora de serie 4/5

Adrenalina, suor e greys anatomy?

    Ted'' Nada de bom acontece depois das duas da manhã'' 

How I Met Your Mother

    O Leo depois de vomitar em mim e sujar as mãos do Rodrigo do mesmo coisa, ainda conseguiu vomitar na jaqueta de couro do amigo aumentando o caos de sua queda no chão. O Luigi conseguiu o colocar no Uber , sem matar ou gorfar em ninguém.  Um amigo canadense do Rodrigo o acompanhou para casa, e eu fui tentar tirar a mancha no banheiro, pelo menos o grosso e o cheiro. Ainda suja mas agora de uma forma aceitável para o acidente.  Na saída do banheiro, Rodrigo me chamou e disse que no carro tinha uma muda de roupas e se eu quisesse poderia pegar algo emprestado. O mesmo tinha vestido uma blusa reserva , que o seu amigo que tinha ido embora tinha deixado com ele, mas sua calca ainda continuava imunda. Concordei em ir com ele agradecida, já que estava com um short por baixo para dançar tranquilamente, sem ter medo de  pagar calcinha e fui o acompanhar até o carro.

  Os  olhos radiantes e magnéticos dele faiscavam com o reflexo das luzes do bar, seus cabelos estavam levemente jogados no lado, ele também estava um pouco sem jeito. Era a primeira vez que ficaríamos sozinhos desde do fatídico dia....  Podia sentir o peso dos olhos de Rodrigo sobre os meus me observando de lado, ele estava me analisando, ou tentando descobrir o que se passava na minha cabeça, ou talvez, eu quisesse que ele estivesse pondo sua atenção sobre mim... Ou procurava a rota de fuga mais rápida para longe de mim, de longe das opções talvez a mais sensata...

    Eu o peguei sorrindo e rindo da situação e sorri de volta, o que fez o moreno abrir um sorriso confiante maior e mais largo e o mesmo assentiu com a cabeça em direção a porta num indicativo que era para nós irmos... Peguei minha bolsa e fomos caminhando em direção a saída da  boate, Rodrigo foi me guiando para cortar caminho no meio da multidão e fomos andando em silêncio. Eu podia sentir minhas bochechas corando, eu ficando vermelhinha com a situação, meu coração disparando que nem uma escola de samba em pleno sambódromo.

   Para a minha surpresa lá, estava chuviscando... melhor chovendo bastante e um  vento

forte nos cercava, mas não a ponto de nos encharcarmos e bloquear nossas vistas. Uma garoa com gotas largas e densas, o céu estava para cair rios de água, escuro como o asfalto e o cheirinho gostoso de terra molhada perfumava a atmosfera. Fomos caminhando em um tranquilo silêncio  e meio sem graça pela calçada,  enquanto a chuva nos molhava e nos beijava os rostos, e envergava o caminho suavemente.

  Roupas, sapatos, bolsa, o cinto dele  completamente encharcados e repletos de água. Mas não num frio congelante... Apesar do barulho da chuva e do vento que entrecortam nossas roupas, o mundo estava no mais perfeito silêncio.  Um silêncio carregado se arrastava na enxurrada da noite, nós dois nos encontrávamos num confortável silêncio aconchegante, tantos anos, tantos abraços, tantas lembranças vindo a tona naquele lapso de segundo... Tudo o que havíamos vivido juntos circundavam  nossos pensamentos, não precisava dizer isto em palavras, a nostalgia e magia do momento era evidente.. As noites no sítio, nossas primeiras vezes, os mais sinceros eu te amos, os poemas escritos sobre as estrelas, as tardes vendo seriados na minha cama, o gosto açucarado da boca um do outro há um metros de distância... Automaticamente, lembrei novamente que ele não teria que se abaixar muito para me beijar...

  Enquanto andávamos nenhum dos dois tinha vontade de dizer uma palavra, apenas estávamos curtindo  a companhia calma e a presença do outro, de vez em quando um virava para o lado e observava as mudanças físicas e observava a linguagem corporal que mudará ou ocorrera com o tempo o e tornava a mergulhar em seus próprios pensamentos....

  Não se era necessário dizer nada, a companhia do outro preenchia o vazio do som, a proteção da chuva que molhava nossos lábios, roupas, face e cabelos era o suficiente. Se eu dissesse algo, poderia quebrar a preciosidade do momento. A calçada foi ficando cada vez mais estreita e mais estreita, ao ponto de quase cairmos no meio da rua,  nos obrigando a ficar colados para conseguirmos passar por ela. Meus braços encostaram nos seus, minha cintura colada em seu corpo, nossas mãos quase se tocando.