Capítulo 16 - Retorno Inesperado

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"Quem diria que um assédio te traria para tão longe?" 
"M-Miorine? Ah, não… Você aqui?" 
Depois de procurar pelo herdeiro caído dos Jeturk, Miorine conseguiu encontrar o paradeiro de Guel, em um centro comunitário de Tokyo, servindo sopas para pessoas carentes em condições de vulnerabilidade. 
"Acredito que você tenha plenas condições de pagar pelo seu próprio almoço, não é mesmo? Então por favor, saia daqui…" 
"Relaxa garotão, não vim aqui para humilhá-lo nem nada do gênero…" 
"Isso sim seria novidade" 
"Vim aqui para pedir e oferecer ajuda" 
Essa frase atiçou a curiosidade de Guel. 
"Interessante... Ver a poderosa Miorine se rebaixar a ponto de vir até mim pedindo ajuda, estou curioso" ele não pôde conter o riso nos lábios "Bom, espere acabar meu turno aqui que eu falo com você" 
Miorine então se sentou na recepção, aguardando pacientemente pelo rapaz. 
"Vou ali fora fumar, você quer ir?" Guel apareceu depois de algum tempo, surpreendendo a garota. 
"Me diga, o que você quer" ele perguntou, no meio de uma baforada, enquanto Miorine brigava para ficar contra o vento e o cheiro da nicotina.
"Como você veio parar num lugar desses?" Miorine olhava para os arredores, um tanto incomodada pela quantidade de pessoas que passavam. 
"Rá, você ainda é uma princesa mesmo, não é? Bom, você lembra que eu fui deserdado e expulso de casa, não é? Ninguém quis se associar ao Jeturk banido, enfim, aqui estou eu…" 
"Morando em um abrigo?" 
"Era melhor isso do que na rua…" 
"Bom, disso você está certo" Miorine ponderou. 
"Vamos logo ao assunto principal, o que você quer de mim" 
"É por isso que estou aqui, você tinha mesmo inúmeros defeitos, mas não é verdadeiramente burro… Ao menos não enquanto está pensando sem se levar pelo seus hormônios masculinos" disse Miorine da maneira menos ofensiva do que pôde. E ainda assim foi um pouco ofensivo na ótica de Guel. "Quero lhe propor um negócio, mas antes me diga o que você sabe sobre o Benerit Group" 
"Benerit? Aquele conglomerado de famílias lá?" 
"Exatamente" 
"Bom, não muita coisa, eu acho… Só as histórias de sempre, de como a nossa família era importante, como nós tínhamos atribuições relevantes, coisas assim…" 
"Não sabe nada mais específico? Tipo, reuniões, hierarquias, quem comanda quem…?" 
"Eu sinceramente nunca levei isso muito a sério, sabe? Quer dizer, a ideia de uma organização super poderosa que faz e desfaz tudo, me parece tão idiota e irreal… Ainda mais que tem o nome conhecido assim, parece aquelas coisas de maçonaria, iluminati, sei lá…"
"É, pelo visto você não será lá de grande ajuda mesmo" Miorine colocou a mão na cabeça. 
"Espera, o que você queria de mim?" 
"Boa pergunta, não sei o que um estudante poderia ter de informação interna mesmo, ou melhor, ex-estudante…" 
"...Pera lá, foram estudantes da Anticassia que criaram esse Benerit Group no final das contas né? Não me subestime tanto assim" 
"O que? Espera… O que você disse?" 
"Que você não tem que me subestimar só porque me acham apenas um 'ex-estudante', sei lá…" 
"Não, a outra coisa… De serem estudantes da Anticassia que formaram a Benerit" 
"Ah, sim, isso… Não é de conhecimento comum isso ai?" 
"Não do meu, ao menos…" Miorine começou a pensar. "Como você sabe disso?" 
"Meu pai me contou, de como os avós, ou bisavós dele, sei lá, na época que tinham mais ou menos nossas idades começaram a idealizar um grupo que iria formar a elite do Japão…"
"Espera, será que isso não tem haver com a formação do conselho estudantil e todas as baboseiras que temos hoje em dia na escola, como as regras de conduta, os duelos, etc?" 
"É bem possível…" 
"Jeturk, se você tivesse condições de pesquisar mais a respeito, você iria atrás dessas informações?" 
"Esqueceu que fui banido e não sou mais um Jeturk?" 
"Se você tivesse um jeito de retornar à escola, seria desbanido da família?" 
"O que você quer dizer?" 
"Minha proposta inicial é: faça parte da minha equipe e recupere seu nome e sua glória de antes" Miorine esticou a mão. 
"Que equipe? Como?" perguntou confuso Guel. 
"Uma equipe para se opor a esse comando fraudulento que guia a vida das pessoas, parece meio irreal falando assim, mas prometo maiores esclarecimentos…" 
"Certo, mas como você vai fazer isso? Digo, reaver meu local na família Jeturk" 
"Do mesmo modo que você o perdeu, em um duelo" 
"Como assim? Vai me fazer duelar com a sua preciosa namorada?" 
"Exato!" 
 
 

 
"Com licença, a Senhorita Suletta está… Suletta!" 
"São vocês, Chuchu! Nika!" 
"Que bom que te encontramos Suletta" 
Chuchu e Nika estavam há alguns minutos vagando pelo hospital atrás de Suletta, e depois de algum tempo perguntando pela colega, lá estava ela. 
"Foi difícil te achar, esse hospital é bem grande" 
"Muito obrigado por terem vindo, amigas" Suletta agradeceu Chuchu e depois Nika. 
"Já faziam dias que nem você e nem a senhorita Miorine apareciam na escola, aí que ficamos preocupadas" disse Nika. 
"Ainda que a Miorine quase nunca aparecia mesmo" disse Chuchu "Ao menos antes de te conhecer Suletta" 
"Hehe, fico feliz de eu ter feito bem para a senhorita Miorine de algum jeito" riu constrangida Suletta "Mas sinto muito por deixá-las preocupadas, infelizmente com tudo que aconteceu e o acidente da minha irmã, tive que passar esses dias aqui com ela" 
"Ah, relaxa tá tudo bem, não se preocupe…" Nika disse tranquilizando. 
"Bom, lá na escola está tudo uma bagunça também, a polícia esteve várias vezes investigando coisas, fazendo perguntas, tem sempre algum policial fazendo uma ronda nos arredores…" Chuchu inteirando Suletta dos fatos. 
"Entendo, fico contente que estejam investigando mesmo" 
"Mas honestamente, não parece que isso esteja realmente sendo algo frutífero" 
"Você acha?" Suletta perguntou. 
"Eles estão sempre cercados por funcionários da escola com distintivos da prefeitura, e olha…" Chuchu falou e agora se aproximava para cochichar no ouvido de Suletta "...parece até que o diretor, que por sinal também é o prefeito, estava conduzindo os oficiais da polícia um dia desses"
"O pai da Miorine..." Suletta disse. 
"Ele mesmo" 
"Não sei se isso é bom" 
"Eu acho que ele deve querer resolver esse problema logo" Nika comentou otimista. 
"Já eu acho que ele quer jogar tudo pra debaixo dos panos, e esconder tudo, especialmente que a eleição está chegando… Se isso chegar nas massas e nos eleitores, pode balançar a opinião popular" Chuchu disse já não tão otimista como a sua amiga. 
"Achei que a vitória dele já era dado como certa" Suletta comentou. 
"Bom, escândalos podem mudar uma eleição, não é mesmo?" Chuchu completou, dando fim a conversa política "Mas e a sua irmã, como está?" 
"Se recuperando, sabe? A cirurgia ocorreu tudo bem e agora ela deve começar a pós operatório e a fisioterapia, toda aquele processo" 
"Parece puxado" Nika disse e o papo continuou por algum tempo em frente. 
O que nenhuma das três garotas sequer imaginava, é como ele seria interrompido, e muito menos por quem. 
"...então Suletta, aí eu e a Chuchu fomos pro refeitório e…" 
"Com licença" disse a voz entrando na sala de espera do hospital em que estavam Chuchu, Nika e Suletta. 
"O que você está fazendo aqui?" Chuchu automaticamente se irritou ao ver aquela presença ali. 
"Com licença, eu gostaria de falar com a Suletta" 
"V-você… pode falar a vontade, Guel
Guel estava ali, da maneira mais formal e educada que poderia parecer ser possível a ele, o que era um fato extremamente estranho ver aquela pessoa de forma tão 'controlada' 
E em seguida, acompanhando ele, a figura que também menos se esperaria. Especialmente depois dos acontecimentos do passado. 
"S-senhorita Miorine? O que você está fazendo com el…" 
"Suletta, ouça o que eu tenho a dizer, por favor" Guel interrompeu a garota "E-eu gostaria de pedir minhas humildes desculpas, tudo que fiz para você e Miorine foi terrível e prejudiquei muito as duas pessoas, eu peço pelo todo seu perdão" 
Aquilo deixou todas ali chocadas, não parecia mesmo que era o mesmo Guel do começo do ano letivo. 
Havia até mesmo uma espécie de Aura diferente que se podia perceber ao redor da pessoa. Não que ele parecesse uma pessoa genuinamente boa, ou tivesse alcançado uma iluminação, apenas que seu brilho problemático do passado havia se apagado e agora uma presença neutra emanava dele. 
"A-ah, claro, tá tudo bem, s-se a senhorita Miorine o perdoou, eu também perdoo…" 
"Sim, ele tá perdoado" Miorine disse de imediato. 
"E-então, tá tudo ótimo a partir de agora né?" disse Suletta um pouco constrangida com a situação confusa. "Estamos todos bem agora né?" 
"Perfeito, claro! Então me permita só mais uma coisa Suletta"
"Hã?" 
"Vamos ter nossa revanche Suletta!" 
"O que???" 
 
 

 
Notas: Eu achei que seria legal acabar num semi cliffhanger, mas prometo que isso irá se pagar. 
Vemos que as coisas irão começar a se mover e que múltiplos planos estão sendo formados, tal qual era no anime original, eu estou me divertindo de contar histórias de forma similares no anime mas em uma realidade mundana como a nossa, agora o que será que vai acontecer? Será que teremos uma Miorine sabotando o duelo da amada igual no anime? Aguardemos para saber. 
Muito obrigada por todos que estão lendo até aqui e comentando ♥ 
 
Capa do capítulo
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