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A vida não consiste em ter boas cartas na mão e sim em jogar bem as que se tem.

Josh Billings

Adentramos o restaurante e dei graças a deus por estar próxima à outras pessoas. O restaurante era um pouco afastado do centro de Seattle, então, ficamos cerca de trinta minutos em um carro num completo silencio.

La Belle era um restaurante em um estilo rústico e romântico. Ele foi construído em meio a arvores, seu paisagismo era impecável e possuía muitas flores e passarinhos. Era meu restaurante favorito. Haviam dois ambientes: externo e interno. Na parte de fora, as mesas de madeira com arranjos florais no meio, um caminho de pedras e flores, iluminações baixas, davam um ar de sofisticação, romance e paz. Como o clima estava firme, decidimos por pegar uma mesa no exterior.

A recepcionista nos levou até nossa mesa e me surpreendi com Joshua puxando minha cadeira. Era um grosso? Com certeza! Mas, pelo menos, tinha educação. Agradeci baixinho e aguardei que se sentasse ao meu lado. Um rapaz, se aproximou de nossa mesa com um tablet em mãos para nosso pedido.

- Para mim, uma agua. Deseja algo, Srta. Knight?

- Um suco de laranja com morango. – Acrescentei – estamos esperando o Sr. Benicio Florenzi, quando ele chegar, pode encaminhar a nossa mesa por favor? E mande uma garrafa a mais para que ele tome assim que chegar.

Anotando os pedidos, ele se afastou e aproveitei para pegar meu tablet e deixar ao meu lado. Nisso, meu celular tocou em minha mesa e vi que era minha melhor amiga. Como o italiano ainda não havia chegado, pedi licença ao meu chefe e atendi.

- Oi Claire, tudo bem?

- Oi amiga, tudo certo! Ligando para confirmar nossa saída de hoje à noite, consegui alguns ingressos VIP para uma balada que está inaugurando hoje. – Acrescentou animada.

- Claro, me passa o endereço depois ta? – Pedi.

- Beleza, gata! Que horas você sai hoje?

- As dezoito. Vou para casa, nos arrumamos e vamos. Brandon e Christopher vão também?

- Simmmmm! Eles vão nos encontrar lá.

- Ok. Vou desligar pois vou entrar em reunião, falamos depois. Beijos.

Nos despedimos e levei um susto com o Sr. Carter batendo o copo no encosto.

- Tudo bem? – Perguntei preocupada.

- Sim, Srta. Knight. Estaria ainda melhor se mantivesse seus assuntos pessoais fora do horário de serviço.

Oras, mas eu estava no meu almoço! Ele quem deveria ter marcado a reunião fora do meu horário de pausa. Sem conseguir segurar, lancei a ele meu olhar mais irritado e, bem na hora que iria dizer algumas verdades a ele, percebi a aproximação do sr. Florenzi a nossa mesa.

Mascarando minhas emoções, coloquei um sorriso no rosto e me levantei para cumprimenta-lo.

- Sr. Florenzi! Como está? – Estendi minha mão.

- Srta. Knight, vou bem e você? – Aceitou o cumprimento, levando o dorso de minha mão aos lábios e deixando um beijo, enquanto me olhou de cima a baixo. – Está linda, como sempre.

- Obrigada! – Senti minhas bochechas queimando. Benicio era um homem muito bonito. Tinha aproximadamente 35 anos, era alto e tinha cabelos e olhos castanhos. Nos conhecemos em uma das primeiras reuniões como secretária de Scott e ele sempre teve esse jeito galanteador, porém, muito respeitoso. Um olhar queimava minhas costas e sai do transe para apresentar meu chefe. – Permita-me apresentar, este é o Sr. Joshua Carter, filho do Sr. Scott e novo diretor da Empire.

Meu chefe trocou cumprimentos e seu rosto conseguiu ficar pior do que quando estávamos à sós. Sentamos a mesa e fizemos o pedido de nossos pratos, enquanto Joshua começava a reunião.

- Posso te chamar de Benício? – Recebeu a confirmação e prosseguiu – Fui informado de que está precisando o fornecimento de esmeraldas e safiras. Como são em grandes quantidades, para o lançamento e produção da coleção, e por ser um dos acionistas, você tem direito a sete por cento de desconto sobre a compra das pedras.

- Joshua, como bem sabe, participo e invisto ativamente na empresa todos os meses. Tanto que, na Itália, todos somente usam pedras e joias que vem da Keiserinne. Sei que a relação entre nós está cada vez melhor e estou negociando juntamente com a Suíça para a expansão, em nome da empresa. Tenho certeza de que essa taxa pode ser melhorada.

Começaram então uma discussão entre preços e taxas enquanto anotava as informações mais importantes ou tirava alguma dúvida quando solicitado. Após muita barganha dos dois lados, chegaram à conclusão de doze por cento com uma taxa de 2,5% sobre o lucro da produção.

Naquele momento, senti muito orgulho de Joshua. Era, de fato, um grande diretor e iria se tornar um grande CEO. A taxa liberada havia sido de 15%, ele conseguiu fazer a doze e ainda ganhar uma parte do lucro, poderíamos considerar um final de 9,5%.

Ambos satisfeitos, começamos nosso almoço e Benício, sempre bem-humorado, começou a puxar assunto.

- Então, Elizabeth, posso te chamar assim – questionou, paquerador. Dei risada e assenti – Fiquei sabendo que agora está oficialmente como secretária executiva e assistente pessoal, certo?

- Sim, desde que o Sr. Joshua assumiu, me tornei sua assistente pessoal.

- Então, claro que devemos comemorar! Está livre hoje? – Me deu um sorriso branquíssimo, de dentes perfeitamente alinhados.

Antes que eu pudesse pensar em responder, a muralha ao meu lado se levantou em um rompante.

- Sr. Florenzi – a voz grossa estava em uma acidez que jamais escutei antes – dentro da minha empresa, não permitimos relacionamentos. Como um dos principais acionistas, a regra também se aplica na política de não-confraternização. Então, não paquere a minha assistente. Ela não irá a lugar nenhum com você, muito menos para comemorar. Vamos.

Saiu andando e tive que correr para alcança-lo, dando à Benício um sorriso amarelo e me despedindo. Praticamente corri para alcançar meu chefe, que dava passadas largas e resmungava algo em norueguês.

Entramos no carro e o clima se fechou ainda mais. Me senti na obrigação de conversar com ele sobre o ocorrido e também explicar que eu jamais aceitaria qualquer interação ou até mesmo convite. Decidida, olhei para ele no mesmo momento que me encarava. Raiva e algo a mais brilhavam e faziam meu corpo esquentar. Antes mesmo de dizer algo, ele tomou a frente:

- Knight, precisamos conversar.


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