O silêncio pairava pelo ar, até hoje não se sabe bem o que houve aquele dia, só que de tanta tristeza ela morreu... aquele tormento, aquela angústia, vontade incessante de chorar sem parar até dormir ou vontade de morrer pra simplesmente não sentir mais.
Sentir? Sentir-se triste? Não! Sentir raiva. Ou não sentir, não sentir absolutamente nada...
A verdade é que ela estava vazia, sabia que havia sido deixada pra trás, as opções eram se esconder por trás de discursos merdas bumbum tchau ou simplesmente assumir que ficou pra trás. Assim foi feito.
Reagir, levantar, pôr uma roupa bela e sorrir. Sorrir excessivamente pra esconder a guerra que realmente acontecia lá dentro.
"Bom dia!", "Boa tarde!", "Boa noite!", dizia ela, mesmo que seus dias, tardes e noites não fossem nada bem. Naquele dia ela deve ter dito "estou bem. Obrigado!" Umas 37 vezes. Nenhuma era verdade, mas ninguém percebeu. Ela tinha a mania de chorar a noite toda e no dia seguinte sorrir.
Tudo isso devido a uma pessoa que talvez nem merecesse tanto, mas ela não se importava com o que merecíamos ou não, ela só estava disposta a dar todo amor que tinha a oferecer mesmo que ninguém o quisesse. Ela estava disposta a dar sua vida pelo mundo mesmo sabendo que quando chegasse a hora o mundo não daria a mão pra ela. Ela era tão pura que deu sua vida pra que outros pudessem sorrir no seu lugar.
Não houve velório nem enterro, não houve chororô nem homenagens, não houve flores nem mesmo caixão. Pois não precisou de nada disso para que aquele menina inocente pudesse morrer, ainda assim ela morreu em paz.
Era uma uma voz em sua cabeça que dizia repetidamente sem parar aquela palavra que corria pelo seu corpo, por toda parte até que chegou até o seu coração: "misericórdia!" Talvez por todos os insultos, humilhações, abandonos, rejeições, por tudo isso quando essa palavra chegou ao seu coração ela percebeu que não era exatamente "misericórdia!" que ela ouvia e sim aquela voz na cabeça que corria por todo o corpo sussurrava "Basta!".
E naquele momento ela morreu. Ou pelo ao menos uma versão dela, aquela versão que aceitava qualquer coisa pra não perder alguém, aquela frágil e inocente, aquele que mendigava por carinho afeto. Ela morreu!