Eram 2h34 da manhã, o silêncio da madrugada assolava a área, em contraste com os insetos escondidos na grama que produziam seus sons contínuos por entre as árvores, cujas folhas se moviam lentamente devido ao vento que refrescava o ambiente, como um zumbido que atormentava os ouvidos dos puritanos que se situavam dentro de uma pequena igreja abandonada. Banhada em um tom prateado produzido por uma lua cheia que reluzia no céu negro, também iluminado pelo mesmo brilho. O edifício de pedra, coberto por ramos em suas paredes exteriores, se destacava no local, pois era a única construção presente, dentro de uma densa floresta, ocupada por árvores grossas e altas que quase não abriam espaço para a luz do dia; haviam alguns pontos realmente bem escuros por ali, mesmo nos dias mais ensolarados do ano; talvez isto fosse motivo suficiente para o local estar abandonado. O pequeno grupo que ali se encontrava, estava aflito, sobre um piso repleto de lacunas pelas quais a grama crescia espremida, olhando incessantemente para todos os lados, evitando piscar os olhos, pois esperavam por algo perigoso. Todas as seis pessoas seguravam suas armas com firmeza; dois homens do grupo seguravam forcados, duas mulheres estavam segurando facões, embora uma delas parecesse não saber como usar a arma adequadamente, um segurava um machado e o último segurava um martelo em cada mão. Segundo os mesmos, nenhuma destas armas se comparava ao que estava no meio do edifício: um monte de lenha e gravetos formavam uma pilha no centro, pronta para ser acesa em chamas pelo grupo assim que terminassem o trabalho, mas para isso, o uso das armas brancas era necessário. Perto da pilha de madeira, haviam também pederneiras, mais gravetos, hastes e pedaços de tecido. O grupo se mantinha quieto e atento, sussurrando só quando necessário. Alguns já estavam prestes a desistir, tomados pelo cansaço e pelo medo; estavam na escuridão da floresta por quase três horas, e nada acontecera até então. Um dos homens que segurava o forcado fechava os olhos momentaneamente, se lembrando quase num pulo que não deveria o fazer, deveria se manter alerta igual aos outros. A moça que segurava a faca estava suando frio, provavelmente seria a primeira a dar o fora dali se nada acontecesse dentro de alguns minutos. A outra mulher não a culpava; a garota fora convencida a se juntar a eles, era a mais nova do grupo e tinha acabado de completar a maioridade. Um dos rapazes que segurava o machado observava a mesma da outra extremidade da igreja, seria o mais novo ali se não fosse por ela, e compartilhava do mesmo sentimento, mas este era discreto, e queria ajudá-la, dizer coisas positivas como "Vamos voltar bem pra casa, não tem com o que se preocupar.", mas o mesmo não podia arriscar expor a posição do grupo, tampouco acreditava nas palavras que formulara na cabeça. O grupo se atentava a ouvir qualquer coisa que desse um sinal, algo que denunciasse o perigo que estavam dispostos a enfrentar; apuravam os ouvidos na esperança de distinguir qualquer ruído vindo do lado de fora; encostados nas paredes e abaixados, afastados e fora da visão exterior das janelas; estavam prontos para reagir.
Do lado de fora, a alguns metros, uma névoa negra e flutuante em forma de penumbra se aproximava da igreja, de forma rápida porém suave, tão suave que mal movia as folhas e a grama, mesmo passando centímetros perto, tão suave que não produzia um som distinto do vento, sendo quase totalmente camuflada pelo frescor matutino. A penumbra se aproximava cada vez mais de uma das janelas do edifício.
Um dos homens - o que estava segurando os martelos - sentira algo, talvez tivesse ouvido alguma coisa, talvez tivesse tido apenas um mal pressentimento. O mesmo olhou para o resto do grupo.- Ei, o que... - CRASH!
A penumbra atravessou a janela com violência, interrompendo o homem com o som agudo dos cacos de vidro, que quebrara o silêncio que há pouco dominava a área. Todos se levantaram num salto, recuando horrorizados ao verem que a penumbra que invadira a igreja, ainda flutuando, se transformou. A penumbra se dissipara, e um homem se materializou, aterrissando com perfeição. O mesmo não se demorou em ser o primeiro a atacar; ergueu sua arma já em mãos: um graveto refinado de 27cm, apontando-o na direção do alvo mais próximo a sua frente, - o rapaz com o machado - e fazendo com que um lampejo verde jorrasse em direção ao mesmo, derrubando-o para trás. O rapaz caíra imóvel ao ser atingido; o machado que largara produziu um som metálico no chão de pedra do edifício, em contraste com o baque de seu corpo ao tombar. Já não respirava mais, a luz havia deixado seus olhos. Dois dos homens chamaram o rapaz morto pelo nome, desviando sua atenção para o assassino do colega ao não ouvirem uma resposta. Os dois partiram para cima do mesmo, enfurecidos, erguendo o forcado e o martelo para atacar. O assassino, ouvindo os passos pesados atrás de si, girou nos calcanhares e ergueu seu graveto para o alto, produzindo um forte clarão de luz que irrompeu da ponta de sua arma, iluminando todo o interior do edifício por um segundo, desnorteando o grupo. Ao abrirem os olhos, o assassino havia desaparecido; os cinco começaram a procurar desesperadamente, sem obter sucesso.
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Caçadores de Bruxas: os Futuros Heróis de Salém
FanfictionOne-Shot Baseado no Mundo Mágico de J.K Rowling Um grupo de salemites cria coragem para honrar sua crença, decidindo caçar uma bruxa durante a madrugada. Os mesmos se estabelecem em uma igreja abandonada numa floresta escura, prontos para se tornare...