Prólogo

107 6 0
                                    


O vento da noite era forte, espalhando areia por toda parte. A luz da lua iluminava várias figuras que se encontravam em pé, os chapéus de couro de abas largas e os lenços de várias cores amarrados no pescoço, que no momento cobria a boca dos indivíduos, escondendo as identidades dos mesmos. Eles tinham pistolas embainhadas em dois coldres de couro escuro, três deles tinham duas Colt M1877, as mãos estavam próximas a elas, esperando pelo momento de poder atirar nos alvos a suas frentes. O líder, que se encontrava um passo à frente dos outros três, tinha o lenço vermelho, uma camiseta de flanela com uma jaqueta de couro marrom, botas de cano longo com esporas, luvas e duas Colt Single Action Army nos coldres da cintura, ele tinha uma postura mais tranquila do que seus companheiros, com os braços cruzados e apoiando o peso na perna esquerda.

Na frente deles, um homem alto, com roupas parecidas, lenço no pescoço, chegava tranquilamente, acompanhado de outros dois que carregavam espingardas. No homem, uma estrela estava presa ao casado de couro sem mangas, nela estava escrito a simples palavra que fazia qualquer criminoso tremer, "Xerife".

- Acho que chegou o momento de nos acertarmos então, seu bando de criminosos. Por ordem do prefeito e para garantir a segurança da cidade de Bounty Falls, nós estamos levando vocês presos, rendam-se agora, ou seremos obrigados a usar a força. - O Xerife disse, enquanto levava a mão cuidadosamente até o coldre com a pistola.

- É interessante você pensar que a gente vai se render desse jeito. – O líder disse. Um vento forte atingiu as figuras nesse momento, as fazendo perderem um pouco de equilíbrio, a nuvem de areia que se erguia só aumentava a cada segundo.

- Sendo assim, não temos escolha a não ser levá-los a força. – Fez um gesto com a cabeça para os dois com espingardas e logo sacou sua própria arma num movimento rápido, atirando nos criminosos, porém, eles se jogaram no chão para desviar, se escondendo atrás de enormes pedras próximas, sacando as armas e começando a se defender.

O Xerife e seus companheiros também buscaram abrigo atrás das rochas, os tiros atingiram as pedras alaranjadas, fazendo os sedimentos delas saírem voando.

- Ei, Luffy, tem uma tempestade de areia vindo, vamos usar isso pra nossa vantagem. – Um de lenço verde disse ao líder, então mirou com as duas pistolas e atirou nos homens, atingindo um deles de raspão no ombro, o mesmo gritando e se escondendo imediatamente.

- Assim que a tempestade chegar, vamos recuar até os cavalos, esse pessoal de Bounty Falls não cansa de seguir a gente. – Luffy disse enquanto recarregou suas duas armas.

E mais alguns minutos de tiro se passaram, até que uma nuvem ofuscante de areia atingiu a zona de tiroteio deles, fazendo perderem a visibilidade completa dos oponentes e até dos próprios aliados.

- Bora, é a nossa chance, Luffy, eles vão se aproximar muito da gente, não vamos conseguir ver, se nos cercarem acabou. – Um de lenço amarelo alertou, todos assentiram e começaram a correr recuando, indo para trás de uma pedra enormes onde tinham amarrado seus cavalos.

Durante essa corrida, os tiros vindos do Xerife e dos outros dois não cessaram, os quatro foram correndo abaixados, evitando ao máximo serem pegos. Porém, o último a chegar próximo ao cavalo foi o líder, assim que ele se ergueu para montar o animal, um tiro o atingiu em cheio atrás do ombro esquerdo, fazendo o sangue respingar na rocha e pingar um pouco no solo. Mas isso não impediu o líder de montar o cavalo com esforço e começar a recuar.

Com esse contratempo e a baixa visibilidade, começou a ser impossível localizar seus companheiros. Além desse problema, sua visão começou a ficar turva e embaçada, suor frio escorria da testa, o ombro latejava tanto que dava enjoo nele. Em certo momento, ele acabou apagando em cima da sela do cavalo.

O Xerife chegou até a rocha onde os cavalos estavam, observou o local, mesmo em meio a tempestade, era possível ver o sangue respingado por toda parte.

- Vamos procurá-los, esse daqui não vai longe.

--*--

O sol da manhã era escaldante, mugidos de vacas, relincho de cavalos e sons de outros animais tomavam conta do local. Uma moça apressada, usando calça de couro, blusa leve de algodão e um pano preso na cabeça para evitar o sol, andava de um lado para o outro, carregando baldes, jogando ração para os animais pelo rancho todo, parando para secar o suor da testa, e voltando a andar, o cabelo ruivo às vezes saia do pano que ela tinha na cabeça, então ela parava para ajustar, voltando ao trabalho novamente.

Nami trabalhava incansavelmente naquele rancho desde pequena, sua mãe era muito pobre, mal sobrava dinheiro para alimentar a ruiva com sua irmã, pois o aluguel da cabana era enorme. Um dia, ela não conseguiu pagar, o proprietário ameaçou matá-las caso não arranjassem dinheiro rápido. Assim, Nami se ofereceu para trabalhar no enorme rancho dele para pagar o aluguel da família. E era essa a rotina desde então. Acordar até mesmo antes dos galos para organizar tudo, alimentar e limpar os animais e o cocho de cada um. Depois organizava o celeiro todo, pegava água no poço e preparava o café da manhã do homem que ela mais odiava na face da terra, Arlong, proprietário do rancho, e dos capangas idiotas dele.

Parecia mais um dia comum, numa vida chata e cansativa, tendo que lidar com pessoas irritantes e nunca tendo tempo para si mesma. Ela bufava enquanto ia em direção ao poço para pegar água, carregando dois baldes nas mãos.

O poço ficava mais afastado do rancho, localizado perto de algumas árvores, pelo menos o ambiente era fresco e ela não se importava de ficar alguns minutos por lá.

Entretanto, algo estava fora do comum naquele ambiente, tinha um cavalo baio, com sela e arreios, parado comendo grama em frente ao poço, batia os cascos no chão, fazendo poeira levantar, então o animal bufou, olhou para ela, e voltou a comer a grama verde.

Era obviamente estranho um animal desses estar assim parado no meio do nada, mas ela decidiu apenas ignorar e seguir com sua tarefa, o dono do animal provavelmente não estava longe, então logo devia voltar para buscar o cavalo.

E ela estava correta, em certas partes pelo menos.

O dono realmente estava perto, mas não tinha cara que voltaria para pegar o animal.

Quando ela chegou no poço, percebeu que havia um chapéu de couro jogado no chão, então sua visão se direcionou para os cabelos pretos de alguém, até ela ver o possível dono do animal, caído no chão de bruços, uma mancha de sangue escurecido na roupa dele, um buraco de bala no ombro. Ela reparou que ele tinha coldre de armas, porém, nenhuma arma se encontrava lá. Poderia ter sido assaltado aquele pobre coitado. Ela sentiu a necessidade de ajudá-lo de alguma forma, caso ainda estivesse vivo. Se aproximou dele e o virou com cuidado, ficando impressionada ao ver que era um rapaz bem charmoso, com uma cicatriz embaixo do olho esquerdo. Ele tinha uma expressão serena, estava vivo, mas a respiração era fraca. Se Nami não agisse rápido, poderia ser tarde demais, já era um milagre ele ainda estar com um pé no mundo físico pelo menos.

Ela pegou o cavalo pelas rédeas e o trouxe para mais perto, então começou a erguer o rapaz com dificuldade.

- Caramba, você é bem pesado, né? – Disse baixinho, e com dificuldade, tomando cuidado para não o ferir mais, colocou ele deitado em cima do cavalo.

Então pegou o chapéu no chão, encheu os baldes rapidamente e retornou para o rancho, tendo em mente que deveria agir rápido se quisesse salvar o garoto e, ao mesmo tempo, terminar suas tarefas.

Pistoleiros (Luffy x Nami) Faroeste AUOnde histórias criam vida. Descubra agora