Capítulo 06

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2 meses depois
Dia da audiência

Jungkook entrou na sala do tribunal tomado pela ansiedade e pelo medo do que poderia acontecer nas próximas horas. Seus passos eram rápidos em direção à cadeira ao lado de seu advogado, e as algemas nos pulsos já nem o incomodavam tanto — assim como as mãos firmes dos policiais que o escoltavam até o seu lugar.

Assim que as algemas foram retiradas e ele pôde, finalmente, se sentar, lançou um olhar aflito para o advogado, que o cumprimentou com um leve aceno de cabeça e um sorriso tranquilizador. Jungkook suspirou, sentindo-se minimamente mais calmo.

Kim Namjoon, seu advogado de defesa pública, havia sido um dos poucos apoios que tivera naqueles dois meses. Mesmo com Jungkook detido no Centro de Detenção de Seul — um lugar frio, abafado e superlotado —, Namjoon compareceu fielmente nos dois dias de visita permitidos por semana. Mais do que cumprir seu papel profissional, ele demonstrava empatia real pela história de Jungkook, e havia se afeiçoado ao rapaz.

Para Jeon, aqueles dois meses se arrastaram como uma eternidade. Se não fossem as visitas do amigo e do advogado, ele já teria perdido a sanidade.

Dividia sua cela com outros três detentos. A cela era pequena, sem privacidade, e o banheiro consistia em uma privada encostada no canto, sem divisória. Dormir ao lado de homens condenados por assassinato — e até crimes ainda mais brutais — era aterrorizante. Estar naquele presídio era um pesadelo constante.

Mesmo assim, fazia o possível para manter a cabeça baixa. Caminhava pelos corredores estreitos tentando desaparecer. Quando estava no refeitório ou no pátio, evitava ao máximo atrair qualquer atenção. Às vezes, precisou se defender de brigas que não entendia. Outras vezes, teve que se humilhar e implorar para manter a própria vida.

Jamais imaginou viver algo assim. Pelo menos, não nesta vida. Nunca fora um criminoso — nem mesmo quando, em sua infância, sentiu vontade de reagir às agressões do pai contra sua mãe.

Teve uma infância difícil, marcada por traumas. Só após a morte do pai pôde viver um pouco de paz e experimentar, enfim, o que era ser criança. Conheceu a verdadeira felicidade ao conhecer Jimin. Era uma noite fria e chuvosa, mas nada disso importava. Suas bochechas doíam de tanto sorrir ao ver sua mãe feliz, conversando com o garoto ruivo e com a mãe dele — que logo se tornaria como uma segunda mãe para Jungkook.

Ao se virar discretamente para trás, seu coração, antes acelerado, pareceu desacelerar ao ver Jimin sentado no banco mais próximo. O ruivo sorriu, e Jungkook retribuiu quase sem pensar. O sorriso de Jimin era tão acolhedor que, por um breve momento, ele se esqueceu de onde estava.

— Todos de pé para receber o juiz Lee Doyoon! — anunciou o oficial de justiça, a voz ecoando por toda a sala e arrancando Jungkook de seus pensamentos.

Se antes já estava ansioso, agora o pânico dominava seu corpo. Lançou mais um olhar ao advogado, que se levantou e, com um leve gesto de cabeça, indicou que ele fizesse o mesmo.

Mesmo com as pernas trêmulas, Jungkook obedeceu. Ficou de pé e observou, apreensivo, o juiz entrar com passos calmos e se acomodar em sua cadeira elevada.

Sentou-se novamente na cadeira rígida, desconfortável, e, mesmo não sendo religioso, fez uma oração silenciosa — pedindo apenas para sair vivo daquela audiência.

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Após o promotor e o advogado de defesa apresentarem suas declarações iniciais, explicando ao júri o que pretendiam comprovar ao longo do julgamento, chegou o momento reservado aos depoimentos das testemunhas.

Culpado Ou Inocente? • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora