Capítulo 02

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Ísis Ferraz

— Então, sempre será assim, você invadindo o meu carro e me mandando acelerar o mais rápido possível para salvar cães, Ísis Ferraz? – ele me encara e dá um sorrisinho de lado, aquele maldito sorriso que eu amo.

— É o que parece, Giovanni Aranha. — tento parecer indiferente mas a gargalhada dele diz que eu falhei miseravelmente.

"Minha namorada" essas duas palavras ficaram ecoando na minha cabeça.

Não acredito que essa voz ainda me causa arrepios, não acredito que estou reencontrando o Giovanni metida na mesma situação que conheci ele. Não acredito que isso aconteceu justo na data em que nos vimos pela última vez há dois anos.

Não acredito que ele voltou e o destino fez questão de colocar a gente cara a cara.

Não acredito que apesar do tempo eu não consegui tirar ele do meu coração.

Eu preciso ser forte.

– Então, qual é o plano? – fico em silêncio olhando para a janela vendo a chuva escorrer pelo vidro e me perguntando do que ele tá falando, o que eu perdi quando estava tão focada nos meus pensamentos – Terra chamando Ísis..

– Oi. – murmuro sem muita vontade.

– Para onde vamos levar esse cachorrinho? – ele continua focado na estrada e quando levo a minha atenção para o caminho, me sinto culpada por ter jogado ele nessa situação. Com certeza essa hora ele já estaria em casa com a família dele – Ele já tem dono?

– Não, por quê? – faço um carinho no amontoado de pelos que está em meu colo.

– É que eu estou buscando um companheiro, até pensei em ir a ONG, mas...

Ele não precisava completar o que ia dizer, eu sabia exatamente o que ele pensou,porque foi o mesmo que pensei quando quase fui até a ELÁNE, não parecia certo entrar no mundo do outro sem ele saber.

Mas olhe para a gente, o destino fazendo os nossos mundos se colidirem mais uma vez.

– Ele pode ser seu, se quiser... – o cachorro latiu e começou a abanar o rabinho – acho que ele gostou da ideia.

Quanto mais o tempo passava, mais forte a chuva ficava e mais perigoso também.

Dava para perceber como Giovanni dirigia com dificuldade, as gotas de chuva batendo no para-brisa, o vento forte fazendo as árvores à beira da estrada balançarem, a pista molhada deixando tudo escorregadio.

O som da chuva contra o teto do carro me deixava cada vez mais apreensiva com toda a situação e a cada curva eu ficava desesperada com o que podia acontecer.

– Ei, você se incomoda de darmos uma parada até a chuva acalmar e eu te deixar na ONG? – me sinto aliviada pela sugestão dele e apenas concordo.

Volto minha atenção para a janela e vejo a chuva cair sem parar.

— Ei, chegamos. – Giovanni me tira dos meus pensamentos e me traz de volta a nossa realidade.

Olho ao redor e vejo que ele estacionou o carro em uma garagem de um prédio, as paredes eram cinzas algo impessoal a iluminação era feita por luzes fracas que deixava os cantos mais escuros.

— Giovanni, porque estamos em uma garagem? – perguntei confusa, enquanto olhava ao redor.

— Porque a minha casa fica no caminho da ONG? – com certeza a minha cara refletiu o quanto fiquei mais confusa porque ele veio logo me contando a novidade – Eu deixei de ser o bebê da mamãe. – ele fala enquanto abre a porta do motorista e dá a volta no carro para abrir a minha – Talvez, eu ainda seja o bebê da mamãe, mas agora tenho meu canto.

Getaway Car | GIOISISOnde histórias criam vida. Descubra agora