Prólogo

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Estava feito, as chamas salpicavam por entre o silêncio que anunciava a ausência da vida naquela terra. Estavam todos mortos, todos, menos aquele que pousava por entre as nuvens daquele céu.

Aquela terra dormia nos braços da morte e não havia nada e ninguém que pudesse mudar o que havia sido feito. Os gritos dos mortos ainda transitava por entre os vivos.

A terra tingia-se do vermelho escarlate, os céus, da tristeza daquela que em lágrimas lamentava a escolha que tivera sido feita.

— Pelo visto cansou-se de se esconder!! — Bradou dos céus, aquele que até então a procurava. — Olha.. — Acrescentava. — Tenho que admitir, tens o meu respeito! Ainda que fútil, — Ele descia ao encontro dela, que prostrada, não conseguia achar mais forças para lutar — conseguiste adiar os meus planos, mas pra quê?

Ela chorava e chorava, e ele, com seu olhar meticuloso, não desgrudava os olhos daquele horizonte, as chamas ainda ardiam. Seus pés tocaram a terra.

— Quanto drama. Você fez a sua escolha, não fez? — Ele caminhava em volta dela. — Olhe para isso! Não sobrou nada! — Exclamou sorrindo. Havia beleza ante seus olhos, mas um furor fugas tomou posse de seu semblante quando viu a quantidade absurda de sangue que circulava aquela mulher.

Ele agarrou-a pelos cabelos e a lançou contra o que horas atrás fora uma pousada. Cacos de vidro lhe feriram o corpo, sua alma.

A mulher ainda prostrada agonizava em tristeza.

Ele estalou os dedos e das entranhas da terra criaturas hostis se ergueram, expirando o ar fúnebre de seus fusinhos. — Virem-na. — Ordenou ele, e assim eles fizeram. Cravaram seus dentes nos pulsos daquela mulher e a esticaram ao ponto de a expor totalmente a quem a visse. Seus gritos ecoaram além da terra. Então, calado, o bem ponderado ser de vestimentas negras e refinadas suspirou, intrigava-se ao ver que o útero daquela em sua frente não estava ali. O ar de desaprovação.— O que andou fazendo nesse meio tempo, em?

Ele se aproximou e agachou-se ante ela, e vendo que as feridas não estavam se cicatrizando, se mordeu por dentro. — Estava grávida, Maldita? — O ódio em suas palavras. As criaturas começaram a rasgar a carne daquela mulher, instigadas pela vontade dele.

— Eu disse que pouparia seu mundo se concordasse em abrir o portão, você tinha a minha palavra.. — Ele se pôs de pé. Estava sem paciência, com a mão na testa cobrava-se postura. Com o estalar de seus dedos as criaturas se afastaram da mulher. Deu as costas. — Mas olha aonde sua teimosia nos levou. — Em resposta apenas os gemidos dela em sua retaguarda. — Me diga a quem confiou suas naturezas, Miliana, e talvez eu poupe metade desse planeta medíocre.

A mulher com grande dificuldade se sentou naquele chão, e assim ficou, quase se apagando.

Ele franziu o cenho em desgosto.

— Que fim desprezível para uma guardiã.. Ao menos poupe a humanidade do seu egoísmo imbecil, e me diga aonde está o rato em que.. — Ele parou, não iria mais insistir, ela mal mantinha-se sentada em sua frente. Estava no seu fim, vendo isso, ele irou-se por um breve momento, mas compreendendo a situação, colocou suas mãos por trás do pescoço dela, a fitando nos olhos já sem virtude alguma.

O Silêncio.. Os pulmões dela já estavam fartos de respirar.

— Eu estava certo; Você é a mais fraca dentre todos eles, a mais ingênua.

O olhar já sem brilho.

Ele se perguntava se ela o ouvia, ou se os seus últimos momentos se resumiam no anel que ela fitava sempre que podia em seu anelar. Ele removeu a aliança. — Entenda, Miliana. Eu vou encontrar seja lá o verme em que confiou este mundo, e abrirei aquele portão. Você mesma não conseguiu. — Ele riu em deboche. Com mansidão seus pés se afastavam da terra, dela.

Um ultimo olhar, curto e impassível e então virou o rosto, deixando a aliança há pouco em mãos seguir em direção àquela que com sua vista embaçada via apenas um vulto enegrecido por suas vestes negras ser engolido pela luz da manhã, um dia que não viveria para ver o seu fim.

— Adeus, Miliana.

 

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