Sinto muito...

94 13 2
                                    


💥

'Não preciso atender.' Ecoa no seu cérebro ainda submerso na água congelante.

O celular permanece tocando, esquecido na mesa de cabeceira do quarto. E poderia ser qualquer pessoa, Liam, Niall, sua mãe, seu padrasto Mark. Dentre todas, a última é o pior cenário e mesmo que não seja óbvio, ele sabe o que lhe aguarda.

Ao se dar por vencido, sai da banheira com o queixo tremendo, todos os seus pelos do corpo se arrepiam ao sentir a diferença de temperatura, ele se enrola em uma toalha macia e caminha em direção ao celular.

Ao se ver pelo espelho do espelho do quarto se assusta com a sua aparência. Um roxo azulado enfeita seu queixo, os olhos vermelhos e a boca praticamente sem cor completam o visual, ele pensa quanto tempo mais ele teria ficado ali se não fosse pela ligação inconveniente, quais seriam as consequências e se teria sido suficiente para ele, se essa seria a punição adequada. 

Punição física, maior do que qualquer combate, apenas para tornar real toda a decepção e culpa que sente.

O nome 'Mark' brilha na tela do celular, automaticamente seu coração acelera, a garganta fecha e questiona se atende ou não, o seu subconsciente lhe pregando uma peça, lhe dando alguma opção e à alguma esperança para se agarrar.

Com mais dois toques o celular silencia e a tela volta a escurecer na palma de sua mão, ele pode sentir a tensão se dissipando aos poucos, só para atingi-lo novamente como um soco quando o toque irritante volta a ecoar pelo quarto, mais uma tentativa insistente do padrasto. Ele conta até três mentalmente, esperando que Mark desista, mas isso não acontece. Então, desliza a tecla verde e leva o celular em direção a sua orelha, temendo pela conversa que o aguarda.

Mark e Johanna, têm Louis como um estranho que lhes manda dinheiro e que vez ou outra aparece na televisão apanhando ou batendo. Sua mãe o deixou em segundo plano com o nascimento das suas irmãs, ainda mais quando seu pai biológico foi embora. Já seu padrasto o renegou desde o início, mas com a fama de Louis, a aproximação é forçada e completamente falsa. Porém, Louis ainda alimenta uma esperança, ele não é capaz de admitir nem a si mesmo, mas sabe disso. Sabe que espera que eles sejam pelo menos complacentes com a sua queda, uma vez na vida.

"Louis?"

"Oi..."

"Onde você está?"

"No hotel."

"Perdeu mesmo?"

"Vocês assistiram?"

"Não precisou. Sua irmã avisaria o resultado..."

"É..."

Um nó na garganta surge, mas ele nega. Olha fixamente em um ponto qualquer aos seus pés e espera que a tortura acabe o mais rápido possível. Eles não assistiram a luta, ele repete mentalmente, isso deveria confortá-lo, não? Seus pais não o viram perder. Mas e se tivesse ganhado? Qual seria a conversa? Tomlinson sente como se eles fossem abutres à espreita, apenas para bicar e espalhar a podridão sobre o lutador.

"Insolência, Louis? Sério?"

O silêncio pesa, somente as respirações dos dois ficam audíveis na ligação.

"Sua mãe ficou com medo."

A voz de Mark nesse momento torna-se pesada, acusatória, mais baixa do que o normal. E sem que Louis perceba, uma lágrima escorre pela sua bochecha.

"Sinto muito... Eu..."

"Sente muito? Você não deveria ter perdido, Tomlinson. Como ficaremos agora?"

LOVELY FIGHT | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora