O Lobo Negro Do Norte

A Floresta

Cyrus levou a mão a sua bochecha que formigava, ainda sentindo á mesma arder por causa do tapa que levou quando questionou a decisão da "adorável" mulher do seu pai. Ele sempre soube que ela não gostava dele, tanto por ele ser o filho mais velho, quanto por ser do antigo casamento do seu pai. Mas o fazer desobedecer ordens diretas de seu pai já era demais, até mesmo para ela. Mesmo ela falando que iria resolveria as coisa quando ele voltasse, ele não conseguia acreditar em nenhuma palavra que saía da boca daquela mulher.
A missão que receberá de sua madrasta de levar o jovem príncipe de volta ao Sul, ia ser uma viagem longa e cansativa, passando por lugares perigosos e inexplorados por ele.

Embora ele nunca tivesse ido para tão longe de casa antes, o seu castigo teve de alguma serventia. Já que passará o ano quase inteiro preso, colocando seus estudos em dia e sendo obrigado a ler pilhas de livros que para ele parecia coisas de conto de fada. Mas sempre que reclamava seu professor o repreendia falando que talvez um dia Cyrus colocaria aquelas coisas em prática

E não é que o seu professor estava certo? Eles dois teria que passar por muitos lugares que Cyrus lerá em seus livros, como; A Grande Floresta, que fica bem no meio da Colina gelada de Nivia. Lá é um lugar rodeado de magia e que nas escrituras falava que lá nunca nevava, nem mesmo um floco de neve caía dentro da floresta. Muitos evitam passar por lá porque não sabem como atravessar sem serem atacados pelas criaturas e o povo que habita na floresta.
Depois que passasem pela Floresta, teriam que continuar andando pela colina e passar por um vilarejo isolado de Nívia, do outro lado da colina. Ninguém sabia como aquelas pessoas conseguiram viver tanto tempo sem contato com outros lugares, eles nunca falavam com ninguém, nem mesmo para pedir suprimentos quando o inverno mais cruel chegava. Muitos já achavam que naquele lugar não tinha mais vida, era apenas um vilarejo abandonado.
E por último, antes de chegar no sul eles teriam que passar pela montanha do Exílio. Essa montanha era conhecida por acomodar os piores presos de todos os Reinos. Os mais poderosos eram selados dentro da montanha e como tinham um poder tão absurdo, nunca chegavam a morrer. Os que não eram usuários de magia eram deixados em qualquer lugar da montanha para serem mortos pelas bestas que lá também viviam.

Aquele dia estava tão frio que poderia transformar qualquer desavisado que não se vestisse de forma adequada em um picolé humano em questão de segundos. Ele ainda estava perdido em seus pensamentos, quando um vento forte bateu, fazendo todos os seus ossos tremerem. Ele respirou fundo enquanto fechava seus olhos e se afundava cada vez mais em sua mente.
— Você está bem? — Quando a voz gentil do príncipe alcançou seus ouvidos, todas as vozes de sua cabeça ficaram em silêncio. — Não está doendo? — ele apontou para a sua bochecha.
— Ah, não. — Como um reflexo sua mão encostou em sua bochecha. — Estou bem.

Como aquela mulher ousa deixar uma marca em meu rosto?

Ele colocou a gola da blusa sobre seu rosto, se escondendo do olhar curioso do príncipe.
— Vamos chegar à floresta daqui a algumas horas. Você tem alguma coisa que possa dar como presente?
— Para a floresta? — Cyrus concordou com a cabeça, deixando Dareen pensativo por um breve momento. — Tenho um colar e uma adaga, serve?
— O colar sim, a adaga pode continuar com você.
— Por que vamos precisar dar coisas para a floresta?
— Isso é necessário se quisermos chegar ilesos ao outro lado. — Ele viu Dareen abrindo a boca, mas nenhuma pergunta curiosa saiu de sua boca, ele apenas a fechou novamente e ficou preso em suas dúvidas.

☯

Q

uando mais perto eles chegavam da floresta, o caminho passava a ser de uma estrada de neve para uma estrada de terra e grama.
Quando ele leu o livro que falava daquele lugar, ele tentava imaginar como deveria ser a floresta no meio de toda aquela neve e só conseguia chegar a conclusão de que aquilo era quase impossível, mas ela estava bem ali, de ante de seus olhos e os de Dareen.
A floresta aparentava ser enorme por fora, era linda, flores de todos os tipos estava espalhadas pela grama e os pinheiros nunca estiveram tão bonitos quanto agora.
Ao olhar com mais atenção viu que nos pinheiros espinhos se enrolava, bloqueando a passagem de qualquer um que não era desejado ali.
A brisa gelada que antes batia em seus rostos, agora era quente e acolhedora. Cyrus inspirou fundo, sentindo os cheiros das flores se misturando com a grama e o cheiro dos pinheiros. Como é bom sentir aquele cheiro diferente.