Whisky revela verdades

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O véu da escuridão cobria o céu naquela madrugada fria, e Joui adentrava a nova base da Ordo Veritatis a passos cansados.
A última missão havia durado bastante.
O local estava aparentemente mais vazio e calmo do que o comum. Podia ver Marcela recostada no batente da porta da ala médica, distraída com seu celular.
A cumprimentou rápido, se dirigindo diretamente à sala do Senhor Veríssimo. Bateu na porta algumas vezes, mas sem resposta. Poderia falar com ele depois, porém agora, havia alguém mais importante na sala de pesquisa.

O local era tomado apenas pela luz multicolorida das dos computadores.
Kaiser se encontrava só, extremamente concentrado no jogo que jogava. Os sons de tiros escapavam para fora da sala, junto com as baixas exclamações raivosas do homem de cabelos longos. Ele mal notava a movimentação atrás de si, já que estava de costas para a porta.

Ao vê-lo, uma ideia passou pela mente do japonês, que entrou furtivo naquele espaço, encostando a porta atrás de sí.
Seus passos eram silenciosos, e ele tentava ao máximo ocultar sua risada por baixo da máscara.
Se aproximou da mesa lentamente, e quando já estava próximo o suficiente, colocou as mãos sobre os olhos dele.

- Sabe quem é? - Perguntou, se divertindo com a reação irritada do hacker.

- Joui, qual é?! Eu ia ganhar essa porra! Aquele filho da puta em cima do caminhão vai me matar! Tira logo a mão da frente.

Não obedeceu, apenas rindo de Cesar.
Quando tirou as mãos, o som que anunciava a morte no tal jogo soou.

- Tá vendo? Perdi! Essa porra de joguinho desgraçado!

- Calma... - Disse em meio às risadas.- É só um jogo.

O brasileiro bufou, muito irritado, desistindo de prestar atenção à tela, finalmente girando a cadeira e olhando para o espadachim.

- Tá feliz agora? - Ele finalmente o olhou nos olhos.

- Na verdade sim.

Os olhos cansados reviraram. Kaiser estava um pouco irritado por ter sido atrapalhado, mas no fundo queria sorrir, feliz por ver seu amigo bem.
Suspirou profundamente, tentando transformar a raiva momentânea em calma.

- Como foi a missão?

Questionou ao asiático, que já se encontrava sentado de uma maneira completamente não convencional na cadeira ao lado da sua.

- Cansativa. Não me machuquei nem nada, mas a investigação tá complicada.

- Tem alguma informação nova?

- Até que sim.

- Já falou com o Verossímil sobre isso?

Ele não viu, mas Joui sorriu por baixo do tecido que cobria seu rosto.

- Ainda não. Resolvi vir te encher o saco antes.

O ex-ginasta aproximou um pouco a cadeira, curioso pelo que o monitor mostrava.
Uma nova partida começava.
Kaiser se curvou para perto da tela, e suas mãos se mexiam rápido.

- O que você tá jogando?

- CS. Não é difícil, mas os caras do meu time são piores que você.

Ele falava sem desviar os olhos, completamente focado.
A diversão do japonês naquele momento era assistí-lo jogar.

- Vou fingir que não ouvi.

O personagem do jogo atirava tão bem quanto o próprio Kaiser.
As balas iam diretamente na cabeça dos inimigos.
Para alguém que tinha um certo fascínio por armas de fogo, como Joui, aquilo era impressionante.

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