Contos de Terror

O tiro

Mais um dia como qualquer outro, na nossa casa vivíamos em 6, meus pais, eu, minha irmã mais velha, minha irmã mais nova e meu outro irmão, que é o foco da história de hoje. Pedro é só um ano mais velho que eu e na infância já fomos muito unidos, mas com o tempo e com a adolescência ele se afastou cada vez mais, começou a sair mais, beber mais e dar mais trabalho para os nossos pais.

Nesse dia como de costume ele ia sair com os amigos, sem aviso prévio de volta e sem dar satisfação para ninguém, eu aproveitava que ele era um turista na nossa casa e dormia sempre em seu quarto já que o meu quarto eu dividia com a minha irmã mais nova. Era tarde da noite e sem notícias de Pedro, no dia seguinte ele ia trabalhar, então era certo que ele voltaria pra casa para ter uma noite de sono digna para que conseguisse se levantar para o serviço.

Em um minuto eu estava em seu quarto deitada na cama e no outro eu estava na rua, estava escuro e eu estava com meu irmão e mais um amigo, estávamos conversando entre a gente quando apareceu um rapaz, não consegui identificar quem era, apenas o vi se aproximando do meu irmão e apontando uma arma para a sua cabeça, eu me lembro de gritar e sentir que não fazia diferença gritar ou berrar para aquela pessoa parar, minha voz não saía e eu me senti totalmente inútil diante daquela situação, meu corpo estava mole e a última coisa que vi foi o olhar do meu irmão vazio para a arma e o barulho alto e agudo da mesma sendo disparada.
_______________________________________

Acordei desesperada, o suor escorria pela minha testa, o coração estava acelerado. Era um sonho. Fiquei alguns minutos recobrando a consciência, foi tudo tão real, eu ouvi o tiro e senti a sensação daquela coisa ruim acontecendo. Me levantei da cama e comecei a caçar meu irmão pela casa, não me lembro exatamente a hora da madrugada, mas sabia que já estava muito tarde para ele não ter voltado ainda. Aflita por não achar Pedro pela casa, eu entro no quarto dos meus pais e acordo minha mãe:

- Mãe o Pedro ainda não chegou, to preocupada.

- Ele deve ter dormido em algum lugar. - disse minha mãe com uma voz sonolenta de quem não queria ser acordada naquele momento.

Eu saio de seu quarto e vou para a sala, aquele sentimento de que algo ruim aconteceu ficou na minha cabeça até que finalmente eu consegui dormir. A manhã chegou e eu já acordei eufórica pensando no meu irmão, que não havia voltado ainda, relato para a minha mãe a preocupação de novo e conto do meu sonho para ela, que respondeu como sempre responde quando quer afastar algo ruim.

- Tá amarrado !!

Um pouco antes de dar o horário do serviço do meu irmão, percebo alguém entrando pelo portão de casa, era ele, estava assustado, nervoso e com um galo na testa. Ele chegou falando que algo aconteceu naquela madrugada e eu nem conseguia acreditar. Pelo relato que ele deu, ele e um amigo dele haviam saído de bicicleta para beber em um banco de praça. No meio da noite apareceu um cara, que para ele parecia um drogado, pedindo para passar a bicicleta ou ele atirava, meu irmão sempre foi meio revoltado e na hora disse que não passaria nada e que ele teria que dar um tiro se quisesse pegar, o homem gritava pedindo para ele entregar a bicicleta logo, como não teve reação do meu irmão, aquele cara deu uma coronhada na cabeça de Pedro e saiu correndo.

Quando Pedro nos contou o que havia acontecido, eu gelei, minha mãe me olhou assustada, nós duas não acreditávamos no que tinha acontecido, mas no momento só consegui agradecer que meu irmão estava ali e que estava vivo.

Comentário da autora

" Esse dia foi bizarro pra mim, sempre que conto para as pessoas desse dia eu arrepio, me senti uma médium que estava prevendo o pior e que graças a Deus ou a qualquer outra entidade protetora não deixou acontecer nada a meu irmão. Desse dia específico eu tenho testemunha, já que antes de saber o que tinha acontecido com meu irmão, eu contei pra minha mãe. O nome do meu irmão (Pedro) que relatei na história é fictício, mas eu estava tão ansiosa escrevendo a história e lembrando do dia que em alguns momentos eu escrevi o nome real do meu irmão, tive que reler pra ver se não tinha escrito o nome dele em outros momentos.

Enfim, espero que tenham gostado da história, mas eu espero nunca mais passar por isso de novo"