Capítulo Único

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Ela gemeu.

Mais uma confirmação de que o que faziam era real. Sakura não conseguiu não sorrir com aquilo embora seu coração sangrasse por ter Sasuke com os olhos fechados sobre si.

Ela sabia o motivo de ele estar ali. Era um "eu te amo" disfarçado, um "eu te amo" diferente do que aquele que ele dizia para o atual Hokage, mas não importava. Pelo menos não naquele dia, não quando ele havia aberto o coração para ela e dito tudo o que estava em sua cabeça.

Nesse momento, ela soube que Sasuke a amava mesmo que pouco, entendeu que o Uchiha sempre a considerara ainda que não pudesse entregar a ela seu coração.

Ela o abraçou e acariciou seus cabelos negros. Ele a beijou com ternura.

Carinho. Sasuke, depois da guerra, sempre a tratava com carinho e cuidado, como se ela fosse uma boneca de porcelana. Talvez fosse o modo dele se desculpar por tudo de mal que fez para ela, talvez ele só estivesse demonstrando a preocupação que sempre teve mas que não podia deixar transparecer. Ele era um vingador afinal, e vingadores não se preocupam com nada.

Sakura meio que sabia que ele viria a procurar depois que soubesse do casamento de Naruto e Hinata. Ela só não esperava que o moreno sentasse no chão de sua sala com algumas garrafas de sakê a convidando para beber.

Ela sempre desconfiou dos sentimentos dos dois "rivais", contudo ouvir Sasuke confirmando foi um tanto quanto doloroso. Pior ainda foi ver a dor em que ele começava a se afundar. Temeu pelo Uchiha, temeu que mais uma vez ele se afastasse e fosse pelo caminho errado mais uma vez.

Ele gemeu baixo em seu ouvido enquanto a penetrava lentamente e acariciava seu rosto delicado.

Ao contrário do que pensou, Sasuke se mostrou muito ferido para pensar em qualquer estupidez. Ele disse que a amava e se desculpou por isso porque sabia que não era o amar de que Sakura precisava. E ela entendeu. Com o coração quebrado e em pedaços, Sakura entendeu e não soube o que dizer.

Sentou-se ao lado de Sasuke e abriu mais uma garrafa, erguendo-a a ele para um brinde.

– Aos corações partidos - ela debochou.

Sasuke soltou um riso triste antes de levantar a sua também. Viraram as garrafas juntos e longos goles foram tomados. Ela tomou mais, Sasuke a observava. Sakura entendeu muito bem o que ele queria: consolo.

– Eu seria muito filho da puta se...

– Seria - ela o cortou rindo. - Mas essa seria uma das suas filhadaputagens mais leves que você já fez comigo, não?

Sasuke sorriu triste ao concordar. Já havia ferido demais a companheira de time.

Sakura suspirou pesadamente. O grande Uchiha, o único sobrevivente, sendo abandonado mais uma vez. Ela riu com a ironia e sentiu os olhos úmidos. Ela o amava! Céus, como amava! Doía sentir a dor dele, saber que o mundo sempre conspirava para o ferir, para o fazer ter que abrir mão daquilo que mais amava. Naruto era um idiota! Puta que pariu!

– Não queria te ver chorar...

A voz dele estava rouca e doce, um tanto embriagada, e Sakura sorriu limpando as lágrimas.

– Vem, deixa eu te ajudar - ela sussurrou levantando-se e estendendo a mão para ele.

– Eu só vou te machucar, Sakura, é isso que eu sempre faço com você.

– Eu sei - ela disse vendo a mágoa nos olhos negros - Mas você nunca vai parar de me machucar, eu já aceitei isso porque enquanto você não for feliz, sua infelicidade vai me ferir, Sasuke.

Os lábios frios dele cobriram os seus em pouco tempo depois daquilo. As roupas foram ficando pelo chão das escadas que levaria para o quarto, os suspiros sendo ouvidos pelas paredes frias e monótonos.

Foi carinho, foi amizade, foi um amor esquisito e acolhedor.

Sakura acordou primeiro que ele e permaneceu acordada com medo de que simplesmente tentasse sair na surdina. Não queria. Precisava mostrar que ela entendia, como sempre entendeu, o coração do Uchiha, que estava tudo bem e que não se arrependia de nada.

Sasuke dormia tranquilo, era delicioso observá-lo respirar calmamente daquele modo. Beijou os lábios finos, com medo de que não pudesse fazer aquilo de novo. Os olhos negros a fitaram misteriosos, ela não soube dizer o que Sasuke pensava, o que sentia, mas suspirou aliviada ao ver um projeto de sorriso na face do Uchiha enquanto ele a abraçava e beijava o topo de sua cabeça.

– Não seja irritante, durma, eu não vou fugir.

Ela riu envergonhada, concordando.

Não importava que ele não a amasse desde que ela fosse capaz de tirar a dor de seu coração mesmo que por algumas horas. Não importava que ele a tocasse com carinho, só essa migalha já fazia seu coração disparar contente. Não importava que ele talvez estivesse mentindo e ela não o encontrasse ali pela manhã, ela o amava e esperaria ele voltar porque sabia que Sasuke voltaria... Não por amor, ele voltaria porque eles conseguiam se amar sabendo que não pertenciam um ao outro, ele voltaria por saber que ela o entendia,por saber que ela era a única a segurar seu coração apenas para cuidar dele e remendá-lo, sem necessidade de posse ou exigências. Sasuke voltaria porque Sakura não era normal... Ela era extremamente... irritante.

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