Trabalhar é minha sina, eu gosto mesmo d'ocê

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Sergipe estava radiante.

Era sua época favorita do ano e todos os estados estavam reunidos em seu território para celebrar as festas juninas.

Havia passado semanas (leia-se meses) se preparando e acabado com a paciência de Aracaju. A pequena capital estava a ponto de pular no pescoço do chefe caso as festividades demorassem mais pra chegar.

Mas tudo tinha valido a pena.

Tanto a festa popular, que teve início no primeiro dia de junho, quanto a festa que Sergipe organizou para seus amigos.

Até mesmo Brasil e Brasília haviam conseguido vim!

Havia alugado uma grande chácara com um grande salão de festas, decorado tudo com bandeirinhas, balões, santos e tudo que a festividade pede. E não poderia faltar a grande fogueira que queimava a céu aberto!

Estava tudo perfeito e Sergipe estava satisfeito.

Sergipe tinha terminado de dançar com Alagoas no meio do salão, arrancando aplausos e gritos de todos, e agora buscava algo pra se refrescar.

Poderiam estar quase no inverno, mas não era como a temperatura baixasse em suas terras...

Pegava uma caipirinha de caju com limão feita por Piauí "essa aí tá no ponto, galego!" a amiga havia dito ao lhe entregar a bebida, quando avistou uma figura mais afastada da muvuca.

Porra, ele tá lindo. Seu coração tropeçou.

Não que não tivesse o visto no momento que ele chegou. E também passou o resto da noite seguindo seus movimentos, mas quando Lagoinha o tirou pra dançar, Sergipe o perdeu de vista.

Agora ele estava sentado, afastado do som, somente na companhia de um pote de amendoim.

Gipe pediu outra bebida, sob o olhar curioso da amiga, e foi em sua direção.

- E aí, Sampa, tá curtindo a festa? - falou ao se aproximar, normalizando a voz, quando na verdade queria mesmo era pular no paulista. Depois levantar e agradecer profundamente a pessoa que o vestiu.

São Paulo usava uma calça jeans, que deixava bem pouco pra imaginação, um cinto com uma grande fivela dourada, vestia uma blusa xadrez vermelha que não estava totalmente abotoada, deixando pequenos pedaços de suas tatuagens à mostra.

Sergipe negaria até a morte, mas tinha passado mais tempo do que o aceitável encarando os desenhos na pele alva do outro estado.

Piscando e se forçando a não ser um tarado salivando pelo outro, o sergipano sorriu e se sentou na cadeira vaga ao lado do outro, lhe oferecendo a bebida.

Sampa aceitou com um meio sorriso. - Valeu, Gipe. E a festa tá ótima. - deu um gole da caipirinha. - Aracaju tá de parabéns. - tentava esconder o sorriso no canudo.

Sergipe fez o melhor pra parecer ofender. - Me desculpe! Eu que fiz a maior parte! Passei noites em claro, saiba você.

Terminou quase não conseguindo sustentar o bico emburrado por conta do sorriso que se espalhava.

São Paulo concordou. - Ah, eu sei, você passou boa parte dessas noites me perturbando.

Dessa vez foi a vez do loiro atiçar o amigo. - E o senhor odiou, né? "tá precisando de ajuda, Gipe?" "Ainda acordado? Vai ficar com olheiras piores que as minhas". - recitou as mensagens trocadas.

Afinal, recordava perfeitamente todas as conversas.

Era mais uma noite que Sergipe não dormia para terminar os preparativos para as festas juninas. Eram, simplesmente, o maior evento do seu território e queria que nada desse errado.

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⏰ Última atualização: Nov 03, 2023 ⏰

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