Rigoroso

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Algo toca no meu rosto. Demora alguns segundos para abrir os olhos. Vejo um rosto juvenil embaçado, parecendo cutucar minha bochecha com o indicador, e só quando meus olhos focam que consigo enxergá-la de forma nítida. Uma criança loira. Me sobressalto.

-- Oi?

A criança esboça um sorriso. Ela usa vestido verde florido e chiquinhas de lacinhos vermelhos.

-- Oi! -- ela saúda dando um pulinho animado. -- Já acordou?

Resmungo olhando em volta. Minha voz é grave de sono. Estou no quarto de Tobirama com a sensação de ter dormido há dias. A luz da manhã atravessa a janela cumprida.

-- Que horas são? -- pergunto grogue.

A garota não responde. Vejo que ela olha para mim confusa. Meu rosto se contorce em igual reação e eu avalio a mim mesma, me espantando ao me ver nua. Berro puxando o cobertor.

-- Ei, ei, ei. Não olhe para mim! Aaaah!

A garota ri da minha reação e coloca algo sobre a cama. Noto que é um montinho de... dinheiro? Onde ela encontrou isso?

-- Quer apostar? -- ela pergunta, com um sorriso animado.

-- Apostar? -- pergunto confusa.

-- É muito fácil -- disse ela. -- Coloca mais um pouco de dinheiro aqui pra gente brincar.

-- Brincar? Brincar de que?

-- Meu avô me ensinou -- explica ela, ajeitando o montinho de dinheiro. -- Se chama jogo de azar.

-- Jogo de azar? Garota?

-- Eu fico com quatro dados, e você também fica com quatro dados, nós colocamos os dados nos copos e chacoalhamos -- ela retira os dados do bolso da calça abaixo do vestido.

Eu estou boquiaberta. Avalio a garota. Não sou boa com palpites em crianças mas julgo uns sete ou oito anos. Talvez mais, talvez menos. Seu rosto me parece estranhamente familiar, trazendo um sentimento nostálgico bom que não sei explicar. Mas ainda assim...

Interrompo sua explicação.

-- Menina, de quem é esse dinheiro?

A garota pisca assimilando, depois sorri satisfeita. Ela levanta o dinheiro e começa a contar as cédulas, umedecendo o dedos como se fosse extremamente profissional com aquilo.

-- Esse foi do Hiruzen-san e esse da Koharu-san. Meu tio Tobirama sempre dá mais um bucado, mas ele é burro com aposta e sempre perde tudo -- riu diabólica. -- Esse foi daquele gordinho fofinho. O Danzou-sama deu muito e ficou furioso quando ganhei a aposta. Ele gritou EU NÃO VOU PERDER PRA UMA CRIANÇA e está chorando agora. Você quer jogar?

Eu estava assimilando tanta informação como um baque sobre mim. Todo mundo já estava acordado faz tempo e só eu estava deitada dormindo ainda? Como que eles deixaram isso? Enrolei o cobertor no meu corpo, mas parei em outra constatação mental.

-- Espera, você disse tio Tobirama? -- perguntei, reconhecendo-a.

A garota ia responder quando uma voz feminina chamou no corredor, o que aparentemente fez com ela começasse a recolher as cédulas com rapidez. Ajeitei o cobertor quando uma mulher loira espiou para dentro.

-- Aonde está essa menina? Ah, aqui está ela -- a mulher entrou. -- Tsunade, como você me escapa com tanta facilidade? Nem vi você saindo! Desculpe -- a mulher olhou para mim. -- Ela está te incomodando?

-- Mãe, não sou mais criança -- disse ela escondendo o dinheiro atrás das costas com um biquinho.

-- É claro que você é criança! Olha seu tamanho, sua idade! Vem aqui menina, deixa essa moça em paz.

TOXIC - TobiramaOnde histórias criam vida. Descubra agora