Capítulo 3 - Banheiro

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Enquanto tira a camisa, o relógio está em cima da pia. Por mais que não fosse muito novo de estado de conservação, ainda assim não parecia deste tempo. Quer dizer, Pierre não era muito fã de relógios, mas seus amigos eram, e nunca tinha visto um relógio desse modelo: grande e robusto. Os relógios de seu tempo eram frágeis e pequenos. Ele pega-o na mão após jogar a calça no chão, observando-o perto dos olhos. Vira a pulseira, tentando entender como encaixava-a. Não parecia muito complicado. Uma espécie de ponta que entrava em algum dos pequenos buracos que quisesse. De onde aquilo viera, afinal? Bem, perguntarei melhor depois.

      Pierre posiciona seu pulso esquerdo à frente do espelho, admirando-se enquanto coloca o objeto. Sorri para o braço viscoso. O relógio, até então preto, brilha com um roxo estridente desde as pontas de seus dedos até o início do ombro. Queima. Brilha. Queima. Ele solta um pequeno grito, enquanto move suas pernas para trás, chegando a tempo de segurar-se na parede.

      Em sua frente, pode ver algo. Alguma coisa com o formato de um corpo humano, mas coberto por pequenos ponteiros de relógios espalhados por toda sua extensão. A coisa começa a girar, vindo em sua exata direção. Gira. Gira. Gira. Gira. Até chegar em sua frente. Duas mãos escuras levantam-se em direção à seu rosto trêmulo.

      ― Está tudo bem, querido? ― Uma voz baixa é ouvida. Era Michéle atrás da porta. Tão perto mas ao mesmo tempo tão longe.

      As mãos seguem ágeis e rápidas para sua boca, orelhas e olhos.

      ― Boa viagem - outra voz. Mas essa oca. Vazia. Estridente. Remexida. Violenta.

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A MORTE NOS PONTEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora