Wish you were sober

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Não estaria ali por vontade própria. Nem sei de quem é a casa. As luzes amarelas e vermelhas se fundem criando uma espécie de ambiente alaranjado e talvez estivessem fumado porque tudo está turvo. Eu não bebi nada. Não consigo entender o que os jovens acham de tão divertido nesses lugares Beerpong? Naaa. Bebidas de graça? Possivelmente. A pseudo-liberdade? É a melhor explicação. Passo pela sala vendo o pessoal sentado em círculos jogando, na cozinha tem pessoas bebendo e não consigo o ver em lugar nenhum. Sento nos degraus da escada que levam ao primeiro andar e tudo o que eu consigo pensar é que esta festa está uma merda.

"Queria que pudéssemos vazar; ir para qualquer lugar fora daqui."

Minho passa por mim ao lado de uma menina que claramente está dando em cima dele e peço aos céus para que ele não caia nesse golpe. Assim que me vê pede licensa e toma minha mão em rumo a um quarto no andar de baixo, que também não sei a quem pertence e tem uma janela que dá para o jardim.

— Ainda não te cansaste disso aqui?—Pergunto indicando a festa.

Ele não responde nada e permanece calado assim como esteve desde que chegamos cá. Posso vê-lo me encarando e não consigo mais desviar os olhos dele a medida que se aproxima de mim. Ele tenta selar meus lábios mas eu desvio e nego levemente com a cabeça. Merda...mil vezes merda. Deus sabe como quero tanto beijá-lo, mas não assim. Já não é a primeira vez. Amanhã ele fingirá que nada aconteceu e eu sofrerei mais. Posso ver sua cara de decepção.

—Porquê?— Pergunta bebendo um pouco da garrafa que tinha na mão.

—Por favor não beba mais cerveja. —peço — Me leve para algum lugar onde a música não seja tão alta. Eu não gosto de ninguém por aqui além de ti.
 
Não obtendo resposta eu sigo para a janela e atravesso para a grama do lado de fora esperando que ele me siga porque realmente aqui não é minha galera.

...

Minutos depois posso vê-lo trocando bebidas com uma garota que ele nem conhece e falando orgulhosamente com um pessoal como se tivesse 25 anos embora não passasse de um caloiro enquanto termina aquela bebida e a acaba em um gole. Aposto que suas pernas estão fracas e com tremores por baixo daqueles jeans rasgados. Eu realmente queria ir para um outro lugar mas estamos responsáveis um pelo outro, não posso deixá-lo cá nesse estado. Só posso ficar afastado observando.

Quando a festa termina ele me entrega as chaves do seu rover e eu o ajudo a entrar e acomodar na parte de trás. De repente me beija pegando-me desprevenido, não consigo resistir mais e retribuo.

— Han-ah...eu gosto tanto de ti.— sussura.— Meu Hannie.

Ele é tão fofo mas seria tão bom se ele estivesse sóbrio. Tão bom se não fosse apenas palavras vagas da sua falta de lucidez. Tão bom se fosse palavras em que eu pudesse acreditar.

Sigo pela estrada o levando para casa enquanto ele meio que dormita ali atrás. Memórias, desejos e possibilidades passam pela minha cabeça tão rapidamente, como flashs em milisegundos e eu me abano para as afastar. Não vou chorar enquanto dirijo.

...

Ajudo-o a sair do carro e provavelmente tenho que o acompanhar até ali em cima pois não sei se conseguirá fazê-lo sozinho. Enquanto tento encaixar a chave na porta e sustentar o peso dele, Minho começa a me beijar pelo pescoço me fazendo arfar. Não sei para onde sua embriaguez foi mas ele consegue se manter de pé e me puxa pela cintura.

— Fica comigo essa noite. Hm? — pergunta manhosamente e por um momento quase cedo, mas estou cansado desse vai e vem, desse carrosel de sentimentos.

Não o respondo e me concentro em entrar com ele sem fazer barulho na casa e conter minhas lágrimas. Não posso lhe dar o luxo de me ver assim. Só vou colocá-lo no seu quarto e vou embora.

Quando o deixo na cama posso ver expectativa em seus olhos, quero que ele me faça ficar, que diga que me ama que me abrace e prometa coisas que irá cumprir mas ele como  sempre me dececiona. Talvez já não queira mentir mais.

— Eu preciso ir. — digo. Uau realmente estou ficando bom em repetir essas palavras.

Ele solta um riso nasalado mas não diz nada, simplesmente vira de costas para mim e deita.

Saio devagarzinho do quarto e ando pelas ruas tão familiares desnorteadamente. Dessa vez quando milhares de pensamentos me invadem desabo chorando baixinho em um beco qualquer com aquelas palavras retumbando em minha mente.

"Han-ah ...eu gosto tanto de ti... Meu Hannie."
Porque ele ainda me ilude? Porque eu me deixo ser iludido? Um grito mudo rasga a minha garganta. Isso dói.

"Eu queria tanto, mas tanto que você estivesse sóbrio."

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