Dois

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Agora vamos desaparecer, ser nada, tão insignificantemente nada. Vais desaparecer da minha vida, e eu da tua. Vamos deixar de falar.

Vamos fingir que tudo foi nada, deixar que a verdade nos fuja, porque se for verdadeiro volta. Vamos livrar-nos do medo de amar. Vamos ser um sopro de vida, deixar que o orgulho nos empurre. Vamos esquecer as conversas, os sorrisos, e o coração na boca.

Vamos esquecer a minha mão sobre os teus cabelos ondulados do mar e a tua mão molhada sobre o meu peito. Vamos esquecer a tua cabeça sobre as minhas pernas à beira rio. Vamos esquecer que a mesma lua nos abrigava de noite, que o mesmo lençol nos abraçava.

Vamos esquecer o meu corpo, o teu sobre o meu, e o vento entre os corpos.Vamos esquecer, preencher o vazio com solidão, embriagar a dor, despir-nos de razão, mentir por amor.

O oceano nunca nos chegou. Queríamos mais, somente mais, sem sabermos o quê. Julgávamos que tudo seria insuficiente, quando já éramos tanto. Podíamos ser mais.

Nunca vou perceber se a nossa história pousou sobre a palma da tua mão, se o nosso amor ficou por inventar ou por viver. Nunca vou saber.

Fomos tanto,
nunca vais entender,
vou desaparecer.

O Sabor Do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora