Prólogo

45 2 0
                                    

Suas bochechas queimavam com a picada de um tapa.

Shada engoliu uma lágrima, incapaz de tocar seu rosto inchado. 

Se ela chorasse, seu mestre provavelmente colocaria fogo em sua outra face, ordenando-lhe que “calasse a boca!”

Shada esperava que seu abuso terminasse em breve, mas seu inimigo se alegrou em prolongar sua humilhação e aproveitou que uma desculpa para pisar nela mais apareceu.

— Você é uma garota irritante, você é um espinho no meu olho há muito tempo.

Ao olhar lamentável de Shada, uma empregada, Anna, franziu a testa e tentou mediar.

— Princesa Júlia.

— Calma, Anna. Essa coisa quebrou minha xícara de chá favorita, não é?

A princesa, enfurecida, chutou sua autoproclamada xícara de chá preciosa.

A princesa Júlia, a única filha real do reino de Mayer, era uma realeza famosa por sua beleza, pois era famosa por seu temperamento vil.

Havia vários contos para apoiar tal avaliação, como derramar água quente de chá no rosto de um criado por usar o cadarço errado ou forçar uma empregada gorda a correr até que ela chorasse e a princesa ria ou chicoteasse um jovem criado porque ele havia gaguejado.

Objetivamente, é prática comum que um servo seja punido ao danificar as coisas de seu dono. 

Contudo... 

A princesa era uma mestra cruel e não se mantinha sujeita a normas éticas quando se tratava de seus subordinados.

— Você me provocou primeiro! —  A princesa Júlia pisou na mão de Shada com o calcanhar.

Anna e o resto das empregadas engoliram suas objeções.

Seu mestre frequentemente abusava e atormentava Shada. 

Era de se esperar no palácio da princesa que ela batesse ou puxasse os cabelos dos criados porque estava entediada.

Foi um inferno.

Anna, que conhecia bem a situação de Shada, parecia sentir pena dela, mas foi forçada a se afastar dos olhos desesperados de Shada porque estava desconfiada de seu mestre.

Ninguém sabia o porquê, mas a princesa Júlia odiava Shada.

E ninguém sabia mais desse fato do que Shada, cuja mão estava sendo pisoteada pelo calcanhar afiado da princesa.

Shada gritou e implorou. 

— Ah, dói, princesa! Sinto muito!

— Ué, é só isso que você tem a dizer? Pedir desculpas?

Na parábola absurda, todas as empregadas da sala murmuraram para dentro, baixando os olhos.

Do que você está falando, senhora?

O que ela vai fazer dessa vez?

Todos simpatizavam com Shada em seus corações.

Talvez Shada fosse chicoteada, mas isso era básico; algo desagradável tinha que estar reservado para ela porque a princesa Júlia estava em um humor violento. 

Todos sentiram pena da péssima sorte de Shada que, francamente, não fez nada de errado, mas foi simplesmente vítima de estar no lugar errado na hora errada.

Júlia, com um sorriso profundo, olhou bruscamente para a empregada chorando enquanto esmagava suas mãos.

Na verdade, a razão pela qual a princesa a odiava não era um grande problema, nem era por causa de algo que Shada fazia.

The Count and the MaidOnde histórias criam vida. Descubra agora