capítulo único;

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E então ele me abraçou;seu abraço era aconchegante e carinhoso. Afundei meu nariz na curvatura de seu pescoço, onde consegui sentir seu cheiro: uma mistura de cigarro, perfume estrangeiro e bebida. Era engraçado que mesmo depois de tantos anos ele ainda cheirava do mesmo jeito.

Quando nos soltamos nos encaramos por algum tempo, indeterminado ao meu ver. Seus olhos pareciam me transportar para outro lugar dentro da sua cabeça, eles eram de um castanho-acizentado acompanhado de manchas enegrecidas á baixo das pálpebras, resultado da sua possível privação de sono. Seu rosto continuava leitoso e incrivelmente branco, com algumas sardas espalhadas aleatoriamente por seu nariz. Seus lábios estavam rosados e levemente comprimidos.

Eu percebi seu olhar abaixar por alguns segundos para meus lábios e voltar aos meus olhos.

- Eu tenho algo para te falar. - ele falou num tom tão baixo que parecia que queria compartilhar um segredo que só nós poderíamos saber. - eu.. - hesitou um momento. - eu te amo, Theo.

Meus olhos arregalaram e meu coração acelerou.

- Boris, eu.. - murmurei tentando olhar para qualquer lugar que não fosse o rosto dele, o maldito rosto dele me encarando esperançoso. - não dá, a gente não pode..

Seu olhar abaixou e ele riu um pouco.

- eu sei. - sua mão se posicionou atrás de meu pescoço. - eu só queria que você pudesse saber disso, o quão especial você é para mim e sempre será. Você foi a única pessoa que eu amei de verdade.

Eu não sabia como reagir áquilo,apenas o encarava de modo sério e relutante.

De repente ele se aproximou rapidamente e me deu um beijo rápido na boca, que me transmitiu sua paixão tão sutilmente quanto o sorriso que lhe tomou o rosto em seguida.

E então eu agarrei seu rosto com as duas mãos e lhe beijei de volta, um beijo de verdade, apaixonado e intenso, que ele retribuiu.

Naquele momento não tínhamos muito o que falar, as vezes ações são melhores que palavras. Casacos, cachecóis, suéteres, blusas, calças, tudo estava no chão. Eu não pensei em Kitsey e nem em Pippa no momento, embora a ruiva tenha passado brevemente em meus pensamentos. Eu o amei intensamente naquele momento tão íntimo e pessoal. Eu não queria mais ninguém além dele naquele momento.

[...]

Ele pegou uma caixa amassada de cigarros no cômodo ao lado da cama, acendeu um e eu observei a fumaça se dissipar.

- você pretende ficar em Nova York? - perguntei meio grogue. Após tudo aquilo, tínhamos caído no sono, eu não fazia a menor ideia de que horas eram.

Senti sua mão encostar com firmeza no meu ombro. Um sorriso carinhoso foi direcionado á mim.

Eu sabia o que aquilo significava.

Ele apagou o cigarro e me abraçou por trás, escostando sua cabeça na curvatura de meu pescoço. Após alguns minutos, ele sussurrou:

- quando você estiver perdido, eu vou procurar por você. - senti meu peito acelerar;só consegui semi-cerrar os olhos para os lados. - e quando você estiver triste, eu vou estar lá também..

E então eu dormi, com uma lágrima solitária escorrendo lentamente pelo meu rosto.

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