Capítulo 2

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Kamila Xavante 🌺


Não aguento mais a Rose falando no meu ouvido. Ela tá chata pra caralho.

Sabe aquelas mulheres de 45 anos, extremamente chatas e amarguradas? Pois é, a Rose. Ela é a gerente da pizzaria onde trabalho e, por mais que eu a respeite e tente manter um ambiente estável, ela não colabora. Ela se comporta como se fosse a dona de tudo, mas, na realidade, é só mais uma funcionária...

Sem maldade, ela é um pé no saco.

– Tá bom, Rose, eu entendi – assenti com a cabeça quando ela disse que a partir de agora eu ficaria no lugar do Júlio.


 [...]


Finalmente, deu meu horário de expediente: meia-noite em ponto.

— Ufa, parece que sobrevivemos mais um dia – comentei sarcasticamente para Júlia, a recepcionista, enquanto olhava para o relógio. Olhei para ela e rimos juntas. Ela tinha razão.

— Bem, gente, estou indo. Até amanhã, espero que vocês consigam sobreviver sem mim – mandei um beijo e saí.

Assim que saí pela porta da pizzaria, dei de cara com meu irmão, que estava sempre lá para me buscar, especialmente por causa do horário. Quando ele não conseguia, geralmente pedia um Uber e acompanhava a viagem toda, mandando mensagens para se certificar de que eu cheguei em casa.

— Oi, meu motorista particular super atencioso! – cheguei abraçando ele. Gosto de ficar assim; é reconfortante saber que ele vai estar sempre lá por mim.

— Como foi seu dia, Indinha? – ele perguntou quando entramos no carro.

— Horrível.

— Deixa eu adivinhar, Rose de novo? – assenti. — Não entendo por que você não vai trabalhar comigo – ele sugeriu, sorrindo, como sempre.

— Estou quase aceitando mesmo. Não aguento mais trabalhar lá – desabafei.

— Não vale a pena ficar em um lugar que te deixa mal assim. Pensa nisso.

A música suave que tocava no rádio preencheu o carro. Talvez fosse hora de considerar a proposta do meu irmão.

— Se eu começar a trabalhar com você, você ainda vai me levar para casa todos os dias? – perguntei.

— Sua pilantra, você só queria um motorista! – Ele riu indignado, e eu não consegui segurar uma gargalhada.

— Parece que alguém descobriu meu plano – admiti, sorrindo.


[...]

Acabei de enviar minha carta de demissão e estou indo para a casa do meu irmão como uma princesa. Pedi o emprego que ele estava oferecendo ontem.

Quando digo princesa, é princesa mesmo. Meu cabelo está preso em um rabo de cavalo, estou usando um vestido simples, na cor rosa claro, que vai até a metade dos meus joelhos. Nos pés, uma sandália branca completa o visual, e uma mochila branca com tudo que preciso para passar o final de semana lá.

— Tô entrando – gritei.

Como eu tenho a chave da casa, não há necessidade de chamar alguém, só aviso mesmo para evitar qualquer cena constrangedora.

— Olha só, quem é vivo sempre aparece. Estávamos falando de você agora – comentou Ricardo.

— Bem que eu senti minha orelha ficar quente. E quem seria a outra pessoa falando de mim?

— Caio – revirei os olhos. Tinha que ser ele. Caio é basicamente aquele primo que nunca perde a oportunidade de implicar com você.

— Olha só se não é a minha priminha preferida! Que saudades eu estava de você – Ricardo riu da cara que fiz para Caio.


Minha relação com Caio é baseada no deboche, mas não existe falsidade nisso. Ele é o melhor amigo do meu irmão, o que faz ele me tratar como uma "irmãzinha mais nova".

— Caio, que surpresa. De todas as pessoas que eu pensei em ver hoje, com certeza você estava no final da lista.

— Assim você me deixa magoado – fez uma cara de choro. — Mas enfim, o que te traz aqui? – perguntou curioso.

— Nada que seja da sua conta – falei, indo em direção à sala. Ouvi ele resmungar "grossa". — Agora, falando sério, sobre aquela proposta de ontem, ainda está de pé? – perguntei a Ricardo.

— Então estou falando com a minha nova funcionária? – falou Ricardo animado, sentando ao meu lado.

— Pelo jeito sim, mas o que eu vou fazer lá?

— Estou precisando de pessoal na parte de produção, então provavelmente você vai ficar nessa área – explicou.

Conversamos mais um pouco sobre o emprego, discutindo detalhes como o dia de início, os horários de entrada e saída, e o salário. Ficou decidido que eu começo na próxima quarta-feira, a partir das 18:00 até as 02:00, trabalhando em shows de pessoas muito famosas. Entrarei duas horas mais tarde e sairei duas horas mais tarde também. O salário ficou em R$ 1.715,00.

Nada mal, mas ia ser pesado.


Espero que tenham gostado! Não esqueçam da estrelinha no final e comentem o que estão achando! ❤

Feliz ano novo !!!

𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐧ó𝐬  - 𝑻𝒉𝒊𝒂𝒈𝒐 𝑽𝒆𝒊𝒈𝒉Onde histórias criam vida. Descubra agora