UNICO.

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NARRADOR POV

   OS GRÃOS DE AREIA iam de encontro com o rosto de Cellbit, não o machucavam por conta da máscara de gás que deixava unicamente seus olhos azuis visíveis. Caminhava, em passos lentos, cansado o suficiente para se esforçar em correr. Elquackity por sua vez corria como se não tivesse sido ele a convocar aquela conversa. O medo havia consumido todos os neurónios que lhe restavam então ele decidiu correr.

— El...para! — gritou o loiro praticamente se arrastando contra o sol e a areia quente, sua regata começava a marcar um desenho perfeito em sua pele — por favor — implorou fazendo com que o mexicano finalmente parasse e esperando que ele se aproximasse

TASK: kill Elquackity

olhe pra mim — Cellbit pediu suavemente, mas o moreno permaneceu com seu olhar fixo no chão, como se os grãos de areia correndo com o vento fossem a coisa mais importante que ele já havia visto — olhe pra mim porra...— deu um leve empurraozinho no ombro do homem que mal se moveu

— Eu não consigo...— murmurou frustrado — eu.não.consigo! — falou pausadamente tentando fazer com que o outro percebesse o que estava acontecendo ali — eu tenho tanto medo de olhar pra você e não conseguir...— se interrompeu, mantendo o silêncio no ar tempo o suficiente para que o próprio Cellbit percebesse o que estava acontecendo

— não conseguir me matar? — o mexicano pressionou os labios

TASK: kill Cellbit

eu...— passou as mãos pelo cabelo, retirando a touca meio rasgada e colocando novamente em seguida — porra Cellbit, eu não consigo! — o loiro jogou a cabeça para trás em um ato de rendição

— eu também...não consigo?! — soou estranho revelar assim, dizer tal coisa era quase como gritar em plenos pulmões que o amava

— porque? — o loiro encarou ElQuackity, por mais que ele não estivesse o encarando de volta

— porque eu amo você! — cuspiu as palavras, esperando algum tipo de reciprocidade, mas recebeu apenas uma gargalhada alta enterrada pelo silêncio desconfortável que se seguiu. Estava tão confuso que preferia enterrar aquele sentimento de novo, mas com a espada na mão, sem quaisquer vontades de matar o homem em sua frente, admitiu, não conseguia.

— você ama meu irmão Carinõ...ama Quackity! — pousou com delicadeza suas mãos sobre o peitoral meio exposto por conta da regata branca rasgada — você não me pertence...eu sou um boneco deles, as vezes venho, fico um pouco e vou embora. Não cellbit, você não me ama! — o loiro quis se espernear como uma criança mimada recebendo um nao, como ousava ele mandar e desmandar em seus sentimentos

— Eu amo você porra — Esbravejou dando um empurrão forte dessa vez, o Mexicano só percebeu o que tinha acontecido quando sentiu se entrar em contato com o chão — Você não tem direito de dizer como eu me sinto, eu que amo, meu coração que pulsa quando você está por perto! — bateu no próprio peito derramando lágrimas de frustração e desespero — Doi em mim, apenas em mim quando te vejo partir, é meu coração que sofre, não o seu! — estavam em um debate de sentimentos e ele fazia o possível para afirmar os seus

— Não diz isso...por favor, não...— tentou formular uma frase, mas se perdeu em dores que ele nunca seria capaz de curar — não me deixe olhar para os seus olhos Carinõ. Não quero me perder em você de novo — levantou de forma desengonçada, olhando para os próprios pés e tentando se manter sobre eles — você não merece sofrer tudo isso de novo...me mate — Cellbit passou a mão brutalmente sobre seu rosto, limpando as lágrimas. Tentando evitá-las

— Não repita...—

— me mate e eu nunca mais vou ser capaz de quebrar seu coração! — o silêncio era interrompido por fungadas e grunhidos sofridos

— Então se perca em mim por uma última vez! — propôs.

Gentilmente os olhos castanhos de El se ergueram encontrando os de Cellbit. Lembrou da primeira vez que tal coisa aconteceu, se odiou por amar tanto, não conseguia fazer aquilo ali, naquele momento, não conseguia se odiar por amá-lo tanto.
Era tamanha dor para Cellbit o que faria a seguir, sua espada suja de sangue carregaria aquele que ele se apaixonou durante aquele tempo, se permitiu apoia-lo pelas costas pra que não caísse diretamente no chão, se ajoelhou, pousando o corpo sobre a areia, deixando que o sangue do outro se misturar com a sua culpa. A que nunca deixaria de carregar. ElQuackity entretanto, sorriu.

— você é a coisa mais linda que eu poderia ver agora — o loiro tentou rir entre lágrimas, se abaixou um pouco mais para juntar a testa dos dois — eu também amo...você — foi a última coisa que ele disse antes de fechar os olhos em um ato bastante gracioso.

O silencio era cortado pelos soluços e gritos que Cellbit não era capaz de controlar. Tudo doía em seu coração, uma cicatriz aberta e incapaz de ser curada. Nunca mais...nunca mais teria que esperá-lo regressar, nunca mais tentaria se apegar a gentileza do seu irmão, para substituir a falta que sua ignorância faria. Nunca mais teria que esperar ElQuackity regressar, afinal, ele estava morto e Cellbit preso em memórias.

TASK completed

Socou o chão, pressionou os grãos de areia, deixou que eles o queimassem, o fizessem sangrar. Nada comparado ao que sentia, nada suficientemente doloroso para o fazer pagar. Pagar o preço de ter tirado a vida do amor de sua vida.

Let the light in - elchaosduoOnde histórias criam vida. Descubra agora