Capítulo IV

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Estou jogada no sofá com Aria no meu colo, foi esse o nome que decidi colocar na pequena dragoa que havia achado outro dia logo quando descubri que era uma fêmea.
Na minha língua Aria significa algo que carrega uma força maior consigo, e foi exatamente isso que eu senti quando me aproximei dela, ela é especial, única.

Logo sou surpreendida com meu pai se apoiando nas costas do sofá e dizendo

-A Aria ta bem?
-Ta sim pai, ela é muito carinhosa
-Eu tenho muito orgulho de você sabia?-diz ele contornando o sofá e sentando ao meu lado - Você tem uma alma tão pura, sempre acolhendo as criaturas mais necessitadas, a Aurye por exemplo, você a adotou logo quando ela perdeu seu olhinho, e agora a Aria, que estava perdida e com medo, sabe - ele suspira-  você é igual a sua mãe, até a teimosia é igual - ele franze o cenho numa tentativa de expressão raivosa mas desiste e abre um sorriso
-Eu te amo muito minha pequena raposinha -diz ele bagunçando meu cabelo- muito mesmo
-Eu também te amo pai-meus olhos se enchem de lágrimas e eu encosto minha cabeça em seu ombro.

A minha mãe faleceu quando eu tinha 4 anos, eu não lembro muito dela, mas consigo me recordar da sua voz doce e serena, a melodia que ela transparecia, lembro de nós sob a chuva fraca em um sábado a tarde, nossos pés atolados na lama, lembro do seu sorriso impecavelmente perfeito, lembro do seu corpo sem vida no chão, seu peito aberto, e sala se mergulhando naquele líquido vermelho.

Segredos Queimam Como FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora