nove | entre razões e emoções

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"Sua mãe te criou leal e bondoso

O amor adolescente te ensinou que despedidas não são completamente ruins

Toda mulher que você conheceu te trouxe até aqui

Eu quero te ensinar qual é a sensação do para sempre"

All of the girls you loved before | Taylor Swift

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Estávamos quase nos beijando, quando ouvimos uma freada de carro, seguido por um baque seco e um choro alto de cachorro, e nos separamos no susto.

Corremos juntos até o local, o carro acelerou para longe, sem prestar socorro ao cachorro que permaneceu deitado no chão, bem próximo ao meio fio da calçada. Ele estava agitado, gemia de dor e o olhar transparecia medo.

Me abaixei ao lado do cachorrinho caramelo e toquei de leve seu corpinho, mas quando fiz isso ele chorou ainda mais forte, não sei se de dor, ou medo que eu o machucasse.

— Vai ficar tudo bem amigão — disse, e acariciei sua cabeça, com meu carinho, ele pareceu entender que eu não apresentava ameaça, e ficou um pouco menos agitado.

Diana se abaixou ao meu lado e fez um carinho no cachorrinho, percebi que ela tentava analisar o cachorro, procurando por machucados. Segui seu olhar, e vi que sua patinha parecia quebrada.

— Calma, meu amor. Nós vamos cuidar de você — Didi disse de forma carinhosa, ainda afagando o cachorrinho. Depois olhou ao redor, e viu que pela rua movimentada, não poderíamos continuar ali. — Theo, precisamos tirar ele daqui do meio fio.

Concordei e tirei a minha jaqueta, e com muito cuidado, envolvi o cachorro com ela, que se remexeu incomodado, talvez pela dor, e o carreguei em meus braços.

— Shiiu, Shiiu...tá tudo bem — o abracei mais para tentar transparecer segurança para o bichinho, queria que ele se acalmasse e percebesse que eu não o machucaria.

— Vou ligar para a Maitê e pedir o endereço do abrigo em que ela trabalha. Lá funciona 24 horas e deve ter um veterinário de plantão — Diana falou, já pegando o celular e mandando uma mensagem de texto para a sua amiga.

Continuei abraçado com o animalzinho, e cantei uma música que minha mãe sempre cantou para mim quando eu era criança e tinha medo. Meu peito estava apertado, era como se eu tivesse sido transportado para a noite que Luke morreu.

Na noite que meus pais levaram o Luke para o veterinário, eu sabia que ele não iria voltar, eu sabia que naquela noite eu perderia meu melhor amigo para sempre. Foi difícil para todos nós, foi como se tivéssemos perdido um membro da nossa família, e aquele golden desastrado fez falta para caralho.

Minha mãe nunca mais quis ter outro cachorro em casa, e não foi por falta de insistência da Ashley, mas minha mãe dizia que foi doloroso demais ver Luke partir, e que ela não queria nunca mais passar por isso de novo.

Queria deixar aquele cachorrinho o mais confortável possível, queria que ele sentisse que eu estava ali por ele e que faria de tudo que estivesse ao meu alcance para ajudá-lo.

— Bora, Theo — Diana falou, atraindo minha atenção para ela e vi que ela já estava com a porta traseira da Taylor aberta — A Ong é perto daqui.

Entrei desajeitadamente no banco de trás do carro, a parte de trás era ainda menor e desconfortável para alguém do meu tamanho, mas estava tão preocupado com o estado de saúde do cachorrinho, que nem abri a boca para reclamar, apenas o ajeitei no meu colo para que ele ficasse o mais confortável possível.

Linhas Invisíveis - Theo's VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora