Capítulo único: Aquilo que nos mantém vivos

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- Já posso atirar? - com a mira no alce

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- Já posso atirar? - com a mira no alce.

- Ainda não, para caçar você precisa sempre manter a calma, não importa a situação e nunca se distraia com os mínimos detalhes. Elimine qualquer pensamento que te faça perder o foco na sua missão, e apenas espere o momento certo de atacar.

A neve começa aumentar, aqueles pequenos pontos brancos começam a embaçar a vista do garoto, que se afoba ao ver um movimento brusco de sua presa. E é assim que no silencio daquela tarde no Alasca, um enorme disparo de um rifle é audível por todo aquele campo.

- BANG!!!

O alce se assusta com o barulho e sai correndo desesperado para bem longe. Espantando os pássaros no topo das árvores.

- Eu disse para não atirar! – retruca Konrad furioso

- Foi mal, eu pensei que ele ia sair correndo, e acabei me distraindo. - responde Kaleb com uma feição desanimada

- Quando eu der uma ordem, CUMPRA!

O grito ecoa pelo vasto e vazio ambiente. O semblante de tristeza e fracasso do garoto se altera mais rápido do que se é possível ouvir o som de um trovão em dia de tempestade.

- E quem você acha que é pra falar comigo desse jeito? A minha vida toda cresci sem uma figura paterna e você acha que pode ser esse cara? – Encarando Konrad olho a olho.

Os olhos castanhos da juventude esbanja voracidade, enquanto aqueles olhos verdes cansados se sentem mais acuado, não pela prepotência de ser confrontado por alguém tão novo e imaturo, mas pelas consequências de tentar agir com o fardo de alguém que ele não é.

Kaleb toma rumo de volta para casa.

- É garoto, você está certo, eu não sou seu pai, e talvez eu nunca sirva mesmo pra ser um. – Seus olhos aparentam pesar com algum sentimento profundo escondido.

- Eu só queria minha mãe aqui. Nunca me senti tão impotente como estou me sentindo recentemente. Esses são os piores seis meses da minha vida. – De cabeça baixa contendo suas lágrimas.

Konrad estende sua mão lentamente, buscando encontrar uma maneira de se conectar com o garoto nesse momento de fragilidade, mas percebe que ele também precisa de ajuda. O garoto retoma os passos em direção de seu lar, largando seu rifle sem nenhuma vontade aparente de tentar seguir esse caminho de aprendizado. Enquanto Konrad vai abaixando seu braço direito que nem havia estendido por completo.

(Maggie, eu não acho que poderei ser uma boa companhia para ele neste momento. Por que tinha que ser você e não a mim?) – reflete Konrad observando o garoto ao horizonte.

Ele recolhe a arma que estava largada no chão, e se dirige até sua casa. Eles mantem distancia um do outro, ambos cabisbaixos demonstrando que apenas seus corpos estão seguindo o trajeto no automático, pois seus olhares dizem que estão perdidos em seus pensamentos. Kaleb abre a porta da casa com raiva, deixando-a aberta já que Konrad estava logo por vir. O garoto se tranca no quarto, Konrad da entrada ouve o barulho da chave na maçaneta. Um pouco de neve havia entrado na casa, mas ao fechar a porta, Konrad só empurra de lado aquele monte. Ele vai caminhando cuidadosamente até a frente do quarto de Kaleb.

Kaleb: A primeira caçadaOnde histórias criam vida. Descubra agora