Begin

26 3 0
                                    

24 de maio de 2023

Gramado, Emma Gomes.

Eu estava sentada no meu carro, completamente imobilizada uma vez que a neve caía incessantemente lá fora. O vento gelado penetrava pelas frestas das janelas, envolvendo tudo em um abraço glacial. A visibilidade era quase nula, com flocos de neve dançando no ar como fantasmas brancos. O silêncio era assustador, interrompido apenas pelo som abafado dos meus batimentos cardíacos acelerados. O frio penetrante se infiltrava em meus ossos, fazendo-me tremer incontrolavelmente. Cada respiração parecia um fio de fumaça congelada escapando dos meus lábios trêmulos. Eu me sentia aprisionada em um mundo branco e implacável, onde o tempo parecia ter congelado junto comigo.

De repente, minha irmã mais nova, apenas dois anos mais jovem que eu, aumenta o volume do rádio do carro quando toca BTS, mesmo sabendo que isso irrita a pessoa que está dirigindo ela começa a cantarolar junto com a música. É uma situação recorrente em que minha irmã Sophie, expressa sua paixão pela banda, enquanto eu, a pessoa ao volante prefere um ambiente mais tranquilo durante a viagem.

Será que pode abaixar um pouco? Eu não tô conseguindo me concentrar na estrada. reclamei.

Abaixar o volume para enxergar?riu do meu pedido Qual a lógica? Além disso, é Butter e você sabe que eu AMO essa música.

Sophie deu ênfase a sua devoção e continuou cantando dessa vez nas alturas propositalmente. Perco a direção do carro ao acelerar e o mesmo desliza na pista, nos assustando com um som áspero vindo dos pneus, parecido com um ronco, como se tivesse areia nas rodas.

O que foi isso? minha irmã questiona preocupada.

Eu não sei! tento recuperar o comando do automovel mas segundos depois vejo ser um esforço em vão, pareciam que as rodas se mexiam sozinhas. — SOPHIE, PULA DO CARRO! — ordenei tentando tirar meu cinto de segurança.

Eu tô presa! Não tá abrindo o meu cinto de segurança! Sophie berrava desesperada, enfiei a unha pra tentar destravar mas acabei me ferindo.

Ai MEU DEUS, NÓS VAMOS CAPOTAR.

Tudo aconteceu tão rápido que não tive tempo de reagir. Sentimos o pânico tomar conta de nós enquanto o veículo deslizava para fora da estrada. Em um instante, fomos arremessadas e caímos em um lago próximo. A sensação de afundamento e a escuridão da água nos deixaram aterrorizadas, lutando desesperadamente para sair do carro e alcançar a superfície. Foi um momento de pura angústia e medo. A água rapidamente engoliu o carro, deixando-nos presas e lutando para sobreviver. Foi uma experiência assustadora e angustiante, os ultimos momentos registrados em minha mente, antes de perder totalmente minha consciência.

24 de maio do ano 3001

Coreia, Min Yoongi

Eu estava extremamente entediado naquela reunião familiar. Enquanto todos conversavam animadamente, eu sentia um presságio estranho, como se algo estivesse prestes a acontecer. Uma sensação de inquietação tomou conta de mim, e eu não conseguia ignorar a sensação de que algo estava fora do lugar. Enquanto olhava ao redor, meu coração batia mais rápido, antecipando o que estava por vir.

— Ela vai cair. — comentei com meu irmão mais velho, Woo Dohwan, ao ver Hani, minha sobrinha, pulando de uma cadeira para outra.

Dohwan mal prestava atenção na criança, envolvido com pastas e papéis do detetive particular que contratou recentimente para investigar a morte da sua falecida esposa. Era notavel que ele perdeu o brilho de viver depois da sua perda e a Hani era a mão que ele se agarrava para não se afundar em uma depressão. Perder a Emmily foi uma dor indescritível para meu irmão. Quando se é alguém da nossa espécie réptil, o vínculo que temos com o primeiro amor é tão profundo, tão único, que você vivi perdido ao tentar seguir em frente sem ela. Cada dia era um lembrete doloroso da falta que ela fazia na vida do Dohwan. Era difícil imaginar viver sem o amor e a companhia daquela que fora sua verdadeira alma gêmea.

Vem aqui, minha princesa. chamou a menina. Papai quer você vá tomar banho e se arrume para o jantar. Ok?

Sim appa! Hani era uma criança adorável e obediente, com um bico no rosto se retirou junto com a sua babá.

Você ainda está nisso? questionei quando estamos sozinhos, viro o resto do liquido que continha meu whisky, a bebida desceu queimando mas o gosto ja era familiar para mim. Já fazem dois anos, ela nem pergunta mais pela mãe dela.

A memória da Emmily não vai ser inválidada, vou até o inferno se for necessário mas não vou descansar até descobrir a verdade. Dohwan me encara sério, e vejo verdade nas suas palavras. Tem os quadros pela casa toda, eu converso com a Hani e ela sabe de tudo.

Sorri pelo canto dos labios, fingindo concordar, ele estava longe de descobrir.

Não vou ficar para o jantar.

Acompanho ele com o olhar, nervoso e impaciente. Enquanto meu irmão se tranca no quarto, procurando por informações sobre os planos do detetive, estou aqui, esperando ansiosamente que ele saia do cômodo para que eu possa planejar em como impedir de que ele chegue antes de mim até o informante. Cada segundo que se passa parece uma eternidade, e a urgência de agir só aumenta. Daria um fim nele hoje, sem falta.

Xx

Woo Dohwan

Eu me sento na beira da cama, olhando para o rosto sereno da minha filha. Ela é a minha luz, a lembrança mais preciosa que tenho da minha amada esposa que se foi. Com carinho, penteio os cabelos macios dela enquanto sussurro palavras de amor e conforto.

Que história você quer ouvir antes de dormir, minha pequena?

O dia em que você conheceu a mamãe! pediu animada, Hani ouvia sempre a mesma versão todas as noites e se empolgava como se fosse a primeira vez.

Aconchego-a nos lençóis, cuidadosamente, como se estivesse segurando um tesouro frágil. Beijo sua testa delicadamente e desejo-lhe bons sonhos. Enquanto ela adormece, sinto a presença suave da minha esposa ao nosso redor, como se estivesse nos abraçando em espírito. Mesmo com a saudade apertando o coração, encontro consolo em saber que ela vive em nossa filha, em cada gesto de carinho e amor que compartilhamos todas as noites. E assim, juntos, encontramos paz um no abraço do outro.

Xx

Sophie Gomes

Acordei com um tremendo susto e minha irmã ao meu lado, a areia parecia penicar meu rosto, areia seca. Era isso que eu sentia, uma brisa refrescante que arrepiava os pelos do meu corpo, buscava por ar nos meus pulmões como se não respirasse à horas. Olhei ao meu redor e observei que estávamos em meio aos destroços de um acidente de carro, logo a memória retornou e tudo fez sentido para mim.

No entanto, algo estava diferente, o clima era ensolarado e radiante como se tivesse chegado o verão só que minutos antes estavámos no inverno, outra percepção incomum era a cidade a nossa volta que não se parecia com a nossa, essa era futurista e evoluída além da nossa imaginação.

— Emma! — sacudi seu corpo ainda desfalecido. — Por favor, acorde!

Emma gemeu de dor, me fazendo respirar e agradecer aliviada por esta bem e viva.

Que horas são? perguntou ainda de olhos fechados, com os raios de sol invadindo sua pele. — PUTA MERDA!? — berrou em espanto ao retomar a lucidez, com os olhos abertos.

Você está vendo o mesmo que eu? digo com receio, querendo que aquilo fosse um delírio. Afinal o clima mudou da água pro vinho e os prédios tinham outra arquitetura do que éramos acostumadas.

Sim, estou vendo e algo muito estranho está acontecendo aqui.

— Acho que estamos mortas.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 07 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A teia do tempo: O enigma das variantes e os segredos dos repetilianos.Onde histórias criam vida. Descubra agora