capítulo único

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– O Ramiro vai ter uma surpresa – Kelvin falou empolgado.
– Você já falou isso umas dezessete vezes – Berenice reclamou.
– E vou falar outras dezessete, se eu quiser, ta achando ruim?
– Tô!
– Ta demitida, então!
– Demitido ta você!
– Você!
– Você!
– Aaaai chega! – Luana gritou – Será que vocês não conseguem ficar em paz um minuto?
– Ela que é uma chata – Kelvin apontou para Berê, fazendo careta.
– Chata é você – Berenice mostrou a língua.
– Nossa, parecem duas crianças – Luana revirou os olhos.
– Olha os pastéizinhos bem quentinhos – Zeza anunciou trazendo uma travessa cheia dos famosos pastéis que todo mundo amava.
Um gemido em uníssino foi emitido e os funcionários do Naitandei avançaram sobre o cozinheiro como zumbis em horda.
– Saiam, se afastem do Zeza! – Kelvin se enfiou entre um e outro, ficando na frente do cozinheiro e dos preciosos pastéis – Ninguém toca em uma unidade de pastel – levantou o indicador.
– Só um, Kelvin, vai! – Iná implorou, mas Kelvin ergueu o queixo, negando determinado.
– Esses pastéis já tem dono e vocês sabem quem é
– Nossa, mas assim nem parece que nós estamos nos matando pra organizar essa tal festa de aniversário pro Ramiro – Luana se manifestou e Polerina concordou, falando também:
– Que graça tem ficar só olhando o aniversariante comer?
– É claro que vocês também vão comer, eu não sou tão egoísta assim
– Não parece – Berenice alfinetou, recebendo apenas um revirar de olhos como resposta.
– Continuando... Se eu deixar vocês comerem os pastéis agora, até o Ramiro chegar, não vai sobrar nem o farelo pra contar história
– Pior que ele está certo, os pastéizinhos do Zeza são uma delícia, impossível comer só um – Graciara saiu em defesa do amigo.
– Tão vendo? O melhor a se fazer é terminar logo de arrumar o bar, assim eu chamo logo o Ramiro e todo mundo fica feliz – Kelvin bateu palmas, dispersando os colegas para voltarem a fazer suas funções.
– Onde eu coloco isso? – Zeza perguntou, se referindo ao principal motivo de protesto do diálogo que acabara de acontecer.
– Pode colocar ali na mesa junto com o bolo – apontou.
O cozinheiro foi até o local indicado e Kelvin se distraiu vendo um dos peões de Antônio La selva entrando no bar.
A expressão do homem era de pura confusão e ele logo tratou de falar com o sócio de Zeza.
– O que é que ta acontecendo aqui?
Como era mesmo o nome dele? Kelvin tentou buscar na mente, mas não teve sucesso. Já havia visto Ramiro chamar o peão de "Jão", mas ele chamava quase todo mundo assim.
– É, então, hoje o bar não vai funcionar. Ta rolando uma festinha e é só para os íntimos
– Mas eu sou bem íntimo de algumas prima daqui – ele mostrou os dentes em algo que deveria ser um sorriso e Kelvin tentou controlar a cara para não demonstrar o que realmente sentiu ao ouvir o comentário.
– Que bom, mas hoje não vai rolar mesmo, é coisa nossa, festinha privada – falou tocando no cotovelo do homem na tentativa de fazê-lo andar até a porta.
Mas o peão afastou o braço rapidamente, fazendo Kelvin se encolher, temendo ser atacado.
– Cê só não encosta em mim que eu não ando nem desmunhecando por aí
O cantor contou até três bem baixinho, hoje não era dia de se estressar, precisava terminar de organizar a festa antes que Ramiro aparecesse ali de surpresa.
– O bar não funciona hoje, pode se retirar já – apontou para a porta.
Recebendo um olhar torto, Kelvin observou o homem se retirar e bufou.
– Os balões já estão todos prontos – Polerina avisou, apontando para o arco recheado de balões da cor favorita de Ramiro, azul - cor de macho-, que iam de uma ponta a outra do salão do bar.
– Ficou ótimo – sorriu, levantando o polegar. Mania que havia pegado de Ramiro.
– Ô Kelvin – Nando chamou do alto de uma escada – ta bom assim? – perguntou se referindo à faixa de "Feliz Aniversário" que tinha mandado fazer.
– Mais um pouquinho pra baixo
Nando abaixou um pouco, se equilibrando no degrau da escada.
– Aí?
– Isso, ta perfeito! – Kelvin bateu palminhas.
Graciara se aproximou, assoprando uma língua de sogra na cara de Kelvin.
– Os doces estão todos na mesa – avisou.
– Você não comeu nenhum, né?
– Eu prefiro resistir à tentação do que te ouvir reclamando no meu ouvido por causa de um brigadeiro
– Muito bem, você sabe avaliar muito bem os riscos, assim que eu gosto. Inclusive, todo mundo aqui comprou um presente pro Rams?
Desanimados, todos responderam que sim.
– Ai, foi tão difícil encontrar algo que o Ramiro gostasse – Luana reclamou – Ainda mais ele que é todo chato
Kelvin semicerrou os olhos para a amiga, a encarando sério.
– Eu comprei um canivete pra ele, só espero que ele não use em mim – Iná falou.
– Nossa, como você é... logo o Ramiro que é tão tranquilinho – Kelvin fez um biquinho e todos riram do comentário.
– Pra ele eu não comprei nada, não. Mas ele pode me ter de presente – Berenice falou, passando as mãos pelo corpo – Mas só uma vez porque eu sou exclusividade do meu Tonhão
– Ah, esse presente pode ter certeza que ele nem vai receber – Kelvin respondeu.
– Eu comprei um boné, mesmo que eu nunca veja ele usando aquele que fica na calça – Polerina deu de ombros.
– Eu ofereço a minha amizade e minha cintura disponível para los apertãozinhos – Graciara falou, levantando a blusa até a região da cintura.
– Nossa, mas eu tô mesmo rodeado de cobras, é impressionante – Kelvin falou irritado – Eu vou só anotando os nomes na lista das talaricas, depois não reclamem se eu der uma de Antônio La Selva e sair caçando vocês, piranhas!
As meninas o vaiaram e ele revirou os olhos.
– Bom, agora que ta todo mundo pronto, vou chamar o Rams aqui – Kelvin pegou o celular do bolso, abrindo o contato de Ramiro e apertando o botão de áudio – Oi, Rams, será que você tem como vir agora aqui no bar? É urgente, por favooor
A mensagem rápida foi visualizada e a mensagem "digitando" apareceu logo debaixo do nome do peão.

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⏰ Última atualização: Dec 08, 2023 ⏰

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Feliz Aniversário, Rams!Onde histórias criam vida. Descubra agora