Cícero Dantas

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O sol escaldante bate sobre a minha pele porém não paro de andar tenho que trabalhar ajudar meus pais na pequena roça que eles têm tenho dois irmãos que ainda são pequenos e ajudam pouco ao longe vejo mainha com a sexta no quadril deve estar indo colocar as roupas no varal dei uma corrida para ajudar pois sabia que já estava quase atrasado painho não vai gostar.

- tu tá desobedecendo seu pai filho!

- eu vou estudar e vou continuar ajudando mainha! Vou estudar e dar um futuro bom para senhora e meu pai não vai precisar mais sofrer nesse sol.

- não seja bobo menino, pobre igual nós não tem tempo para isso tudo não agora cuida logo antes do teu pai te vê.

Corri e deixei a sacola de pano com meus cadernos dentro de casa troquei de roupa com do chapéu passei na cozinha e estou feio o peito de orgulho semana passada ajudei o dono da venda organizar tudinho lá de madrugada e ele me deu arroz cuscuz farinha e três galinhas como pagamento quando cheguei em casa pai me disse que já sou homem e que sempre tenho que cuidar para não faltar nada aqui assim como ele faz comi e bebi um copo grande de água arrumei a marmita de Palma eu iria ajudar com uma pequena plantação de acordo com a minha avó iria chover nos próximos dias peguei uma garrafa de água três café por mais do que depressa até ele que estava debaixo de uma árvore limpando fora da testa.

- bença painho.

- Deus abençoe vai levar as garrafas vazias de volta enquanto como pega a bicicleta.

Sorrir sem ele ver painho não deixava quase ninguém andar nela mas ele de vez em quando deixava eu andar ainda vou ter dinheiro e comprar a minha no resto da tarde ajudei em tudo não reclamei pois de nada adiantaria quando chegamos quase de noite mainha já estava terminando a janta a TV ligada e meus irmãos de banho tomado painho foi tomar banho primeiro e sentei no chão cansado fechei os olhos sentindo meus dedos doerem.

- vai banhar - ouvir a voz de mainha e me levantei pegando a toalha e a roupa de sua mão, cansado tomei banho depois jantando enquanto mainha via a novela. Peguei meus cadernos e sentei no banco ao lado dela e fui fazer minhas tarefas.

- tá na hora de largar essa escola Cíço! - meu pai disse cortando seu fumo - não vai demorar muito para começar a colher, preciso de tu aqui.

- eu quero estudar painho, vou ser alguém e ajudar o mais o senhor. Vou trabalhar e estudar bastante, e quando eu for formado e ganhar dinheiro eu vou tirar a senhor e mainha daqui. O senhor não vai mais precisar trabalhar no sol.

- não temos dinheiro para bancar seu estudo Cíço!

- eu vou trabalhar painho e eu vou pagar o estudo vou comprar os livros e vou dar orgulho para o senhor para mainha. Só não proíbe eu de ir para escola painho.

- não vou proibir você de nada Cíço, mas não esquece que a prioridade aqui é manter a dispensa cheia para alimentar nois.

Eu iria estudar e foi o que fiz pedir para mainha me colocar no turno da noite no ano seguinte. E mesmo cansado da lida eu ia para a escola painho até tentou me impedir mas mãe intercedeu por mim. Vendo meu esforço se alguém, pai me passou a me emprestar a bicicleta para ir e voltar da escola fiquei feliz e comprei até uma corrente com cadeado para trancar ele enquanto eu estudava. Moleque mais feliz que eu não tenho eu não me importava com os outros eles muitas vezes falaram mal de mim, dizia que nunca ia ser ninguém que meus esforços eram à toa mas eu sabia que tinha uma chance e ela iria chegar. Eu não me importei dos meus colegas rirem da minhas roupas do meu pé muitas vezes surge pela pedalada cheio de poeira o que me importava era aprender.

Quando me formei na escola chorei ao ver painho e mainha lá eles foram no meu último dia de aula mainha chorou e painho apertou minha mão com força eu considerei aquele aperto um abraço eu sabia que não teria como fazer faculdade. Mas mil grau de estudo me daria um bom emprego e deu trabalhava na venda como gerente e quem sabe com o tempo eu iria para a capital fazer faculdade.

Porém um dia tudo mudou depois de um dia de trabalho na venda, eu cheguei em casa cansado só tomei um banho e dormir era madrugada quando ouvi barulho de carros. Os gritos de homens eram altos olhei pela fresta da minha janela e vi homens entrando na mata e eles carregavam armas e grandes malas três deles levaram os carros rumo à rodovia e a explosão veio 20 minutos depois eram ladrões e eu uso odiava.

O clarão no horizonte se fez presente tentei dormir mas não consegui amanhecendo o dia viaturas do BEPI chegaram em nossa casa. Fizeram perguntas painho e mainha responderam o que sabiam e o que tinha ouvido durante a madrugada. Mas eu sabia que não era o suficiente eu cresci dentro dessa mata e o BEPI não conseguiria os achar a tempo.

Dentro da caatinga e eu passei muito tempo brincando e eu senti que podia ajudar, pois conhecia muito bem cada pedacinho daquele lugar.

- quero ir junto - parei em frente a um deles que me olhou de forma séria.

- volte para casa cabra! - me empurrou pelo ombro porém eu não me mordi aos 18 anos eu já era bastante grande.

- cresci aqui senhor 
- apontei para dentro da mata - sei achar qualquer um ali.

Ele se olharam e meu pai deixou eu ir, peguei meu facão e vesti minha roupa de couro de boi ajuda a não machucar nas palmas cheia de espinhas diz para eles por onde eles tinham entrado mas disse que se fossemos pelo outro lado seria mais rápido encontraria de frente. Dois dias e duas noites no meio deles eu senti que eu queria isso ser como eles ao cair da noite mostrei que eles vinham em nossa direção.

- agora tu vai entrar na viatura e não sai cabra - frustrado fiz o que capitão mandou fiquei na viatura os tiros foram poucos e eles voltaram quase duas horas depois com dois corpos jogaram na carroceria e sem dizer uma palavra melhor Barão de volta.

- tu é bom garoto se quiser ser um rastreador mateiro me procura que eu te ajudo meu nome é Tobias Lima.

O capitão falou e para minha surpresa me deu um bolo de dinheiro foram embora painho me chamou para conversar e falei tudo que vi e Vivi e tomei minha decisão procurei os cursos certas fiz as provas e procurei o capitão Tobias ele me ajudou me tornou obcecado pelo trabalho ajudei meus pais quando eu entrei para polícia militar eu tirei da roça não me importando comigo meu objetivo era entrar na elite da polícia do nordeste.

Não reclamei dos treinos entornos longos não reclamei das madrugadas perdidas estudando para me candidatar a uma vaga e quando conseguir sentir meu coração por star ao ouvir o instrutor da tropa puxar o canto.

"Cabra safado metid maconheiro
Cabra safado metido maconheiro
A gente pega ele e quebra o dia inteiro A gente pega ele e quebra o dia inteiro Cabra safado metido a vagabundo Cabra safado metida vagabundo
A gente pega ele leva para o fim do mundo
A gente pega ele e leva para o fim do mundo..."

A partir daquele momento eu comecei a viver pela minha farda, pela minha patente. Pelo bem da minha família e  me tornei o melhor rastreador mateiro que o BEPI teria.




Cícero Dantas

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FLOR DO SERTÃO ( Degustação )Onde histórias criam vida. Descubra agora