FAUX ESPOIR [HanKisa]

FAUX.

Hanma sentia cada pedacinho de sua alma se pulverizando quando ouvia Kisaki Tetta dizendo que ainda amava Hinata Tachibana com todas as suas forças. Aquilo era impossível. Para Shuji, era impossível continuar amando uma pessoa enquanto está em um breve relacionamento com outra.

"Eu amo a Tachibana"

Como Kisaki era sequer capaz de pensar em Hinata Tachibana após anos se relacionando com Shuji? Ele esperava muito que era apenas para manter as aparências dentro da gangue, mas ele teve certeza que estava errado quando, um dia, Kisaki dissera que estava com um tesão enorme e o instinto de Shuji o fez chupar o pau de seu amado em uma cabine de banheiro ridiculamente apertada, enquanto Tetta nem sequer se esforçava pra não gemer e parecia que não tinha vergonha de praticar tais atos no meio do trabalho.

Ele não liga para aparências.

Ele se lembra que, no mesmo dia, perguntou ao loiro: "Por que caralhos você estava gemendo que nem uma vagabunda enquanto eu... você sabe" e Kisaki simplesmente respondeu: "É porque você é bom naquilo que faz" e acariciou os fios pretos mesclados com mechas loiras de Hanma, como se ele fosse seu cão leal... e não estava completamente equivocado.

Shuji sempre se comportara como um cachorro em relação à Kisaki. Era inevitável. No fim, receber carícias e até migalhas de beijos nos lábios ao final do dia, mesmo que fossem falsos e somente para manter Hanma por perto, era bom e reconfortante. - Não é como se escondesse que ficava ali porque o convinha, todos sabiam que sim. Enquanto estivesse recebendo suas migalhas de recompensa que, no caso, eram dinheiro e cores no mundo, estaria ali para qualquer situação.

-Pode pegar o carimbo para mim? É o que fica na gaveta esquerda. - Kisaki perguntara à Hanma, que estava de pé ao seu lado com uma expressão serena, tal qual um robô que necessitava de ordens para funcionar.

-Claro. - Caminhou até o outro lado da sala e parou em frente ao móvel bem polido de carvalho, que contava com uma foto extremamente antiga da Toman, quando a gangue era apenas um grupo idiota de adolescentes fuxiqueiros e inconsequentes. Kisaki estava ali, ao lado de Draken, acima de Baji e ao lado de Chifuyu também. Quando todos, sem exceção, eram uns incapazes.

Hanma agarrou o objeto e pegou a tinta do carimbo. "Feito". Ele era bonito e continha uma escrita japonesa, meio gasta por estar bem velha.

-Aqui. Posso lançar? - Hanma perguntou de brincadeira, pois sabia que o tempo de reação de Kisaki era péssimo e isso se provou verdade na briga contra Baji Keisuke.

-Se você quiser muito apanhar. Pode. - Kisaki não pareceu prestar muita atenção nas ações de Hanma e, por isso, não viu um objeto de madeira escrito "Feito" acertando parte da armação de seu óculos e caindo em seu colo.

-É assim então, né? Você... - Lançou um olhar desafiador, mas seu colega estava estranhamente elegante naquela noite e não conseguia se concentrar em buscar palavras para lhe dar um sermão.

-A pressa é inimiga da perfeição, não se preocupe, pode ficar pensando aí. - Shuji brincou mais um pouco, aproveitando enquanto ainda estava com seus membros no lugar.

-Cala a boca. - Kisaki disse e depois se calou, dizendo algo após um minuto de silêncio:

-E... obrigado pelo carimbo.

Seu melhor amigo não pode deixar de ficar surpreso, ele raramente falava "obrigado" e só fazia isso em acordos relacionados à trabalho e coisas formais, nunca dia a dia. Fez uma cara surpresa e a desfez em um sorriso de milímetros, quase imperceptível.

-Você é adorável, amigo. - Kisaki soltou uma risada embargada em ironia após ouvir a fala de Shuji e olhou para ele com um sorriso depravado: