Aquele na delegacia

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4- Aquele na delegacia


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Não há nada tão ruim que não possa piorar.

É o que estou pensando no momento, parado no corredor da faculdade, em frente a sala da professora Moonbyul, segurando a prova que ela acabara de corrigir.

As questões rodam na minha cabeça, se embaralhando com as minhas respostas rasas e mal feitas, mescladas com a minha nota: um grande borrão vermelho se destacando no topo do papel. A caligrafia da professora, os comentários dela a cada resposta minha, me fazem soltar um risinho frustrado, daqueles amargos, quando não se tem humor algum.

— A sala toda foi mal. — Yeosang, um dos meus colegas, tenta me fazer sentir melhor, dando um tapinha consolador em meu ombro.

— É, cara! — Jongho assente. — Ela é muito criteriosa mesmo. — Sussurrou a última frase.

— Mas isso aqui foi humilhante. — Aponto minha nota, inconformado. — Quero fazer a segunda chamada, o exame!

— Esse já era o exame, Minho.

Com todo o trabalho de procurar um colega de quarto, a correria no estágio, as aulas, meus pais, o sono desregulado, acabei empurrando tudo com a barriga, me embaralhando com o tempo, e os estudos e revisões para as provas que estavam chegando, foram deixados de lado.

Agora eu estava sofrendo as consequências.

— É a única matéria que você está com uma nota ruim. — Eles ainda tentavam me animar.

— Também é a mais difícil.

Meu estômago interrompe a conversa, protestando ruidosamente.

— E está na hora do almoço, você pode pensar nisso depois.

Ainda me sentindo péssimo com a nota, deixo ser puxado até o refeitório.

Faço tudo no modo automático, e nem percebo ao certo em que momento estávamos do lado de fora, sentados em uma mesa, com a comida de aparência duvidosa na nossa frente.

Aquela sensação ruim surge novamente com toda a força.

As vezes me sinto burro comparado aos demais do curso. Sei que é errado, mas você sabe como funciona, o subconsciente gosta de nos fazer sentir mal, jogando coisas como a minha idade, já que sou uns dois anos mais velhos que os outros, ou o fato de ter entrado mais tarde na faculdade, por conta de tudo que aconteceu anteriormente, ou por não ter feito um cursinho preparatório, ou sei lá o que mais dessas coisas existem. Em resumo, me sinto bem mais despreparado que todos os outros ao meu redor.

E posso parecer um pouco obcecado pelo meu desempenho acadêmico, mas parece que é a única forma de recuperar todo o tempo que perdi, e estar no nível dos outros.

Christopher diz que me cobro demais, que penso o pior de mim mesmo, já que não importa a idade que se entra numa faculdade...

E eu o ouço e entendo o que quer dizer, concordo de verdade.

O lance é; quando as coisas saem do meu controle, e situações como essas passam a acontecer, é inevitável que o psicológico crie essas comparações. Me sinto mal.

— Por que meus bichinhos favoritos estão com essas carinhas? — Ryujin surge, se sentando em nossa mesa com sua bandeja de comida. — Sabe, dá para ver a expressão xoxa, capenga, frágil e inconsistente de vocês lá do outro prédio. Quem foi? Diga o nome que eu resolvo! — Ela pergunta, balançando os chopsticks de um lado para o outro, ameaçadoramente.

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