Capítulo 1

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Sempre imaginei que a vida fosse uma corrida louca em que, eu o protagonista, dirige tão mal quanto um cara totalmente bêbado ao volante. Mas é assim que tenho seguido, sendo e vivendo como o cara bêbado, embriagado demais para se importar com as normas de direção ou com a possibilidade de morrer em meio as curvas fechadas, porque na real, a vida é única e ser ou não morto por se arriscar em dirigir bêbado, é de fato uma das coisas mais malucas e divertidas que farei em toda minha vida, isso e se apaixonar, faço isso com frequência, mas ao invés da pista que é fácil de seguir, as possibilidades de distintos amores me apavoram e uma após a outra me deixam de coração partido.

Meu nome é Benji, abreviação meticulosamente pensada e derivada de Benjamin, para minha sorte é só Benji, meus pais tem uma certa criatividade quanto se trata de nomes, mas agradeço a eles por não ser Benjamin, pois se já sofri bullying na escola por esse nome "gringo" imagine a criatividade de meus patéticos colegas de turma, caso viesse a me chamar Benjamin. Moro em Parintins, eu sei, imagino que você tenha se perguntado: "E onde é isso?". Bom meu amigo, eu te respondo: "Parintins é uma pequena cidade do interior do Amazonas na verdade, Famosa pelos Bois Bumbás, do folclore indígena" e como eu sei disso? É que para minha infelicidade, tenho que existir no meio do caos que é essa época e não me leve a mal, é sim um grande espetáculo, para outras pessoas.

Não que seja ruim, pois não é. É torna o caótico em maravilhoso, mas para mim é tudo sempre repetitivo e desmotivador. Talvez seja o modo de como vejo a vida, repetitiva e desmotivadora e que não me proporciona momentos em que aproveitarei de bom grato. Contudo, ainda assim me prendo a coisas que me faça esboçar qualquer tipo de sentimento, porque é assim que eu funciono, tento me agarrar ao máximo naquilo que parece ser a realidade, mesmo que não seja.

Minha vida é um tanto quanto monótona, não faço coisas extraordinárias, caso estivesse esperando por isso, desculpe te decepcionar, porém, sou apenas mais um adolescente sobrevivendo em meio ao caos denominado sociedade. Tenho duas irmãs e uma família nada convencional, para começar vem pelo fato de ambas terem maridos e suas próprias casas. Você deve estar dizendo nesse momento: "Que bosta Benji, isso é normal", mas não é, quando eu tenho 16 anos e a minha irmã menor 15, dá pra acreditar? Até minha irmã menor desencalhou, casou e eu continuo na praia, a espera de algum turista pervertido que queira me cutucar.

Nem sempre fui assim, encalhado, lembro-me da grande época em que eu sempre tinha alguém para "dar uns pegas", na época em que meu querido pênis se empolgava ao ver uma garota, isso mesmo, uma garota. Não que ele tenha parado de subir, mas para garotas? Atualmente, é literalmente impossível. Esqueci de te contar, eu sou gay e acredito que seja por isso que esteja encalhado, achar outros gays nesta cidade é praticamente estar no filme "Missão Impossível", uma vez que, essa pacata cidade nos trata como um rei trata o traidor da coroa real.

Estamos em pleno século XXI, mas ainda assim, ser o dito homossexual, também conhecido como bichinha, veado, frufru, bicha, bâmbi, ranger rosa, fresca e diversos outros adjetivos maldosos. Enfim, ser gay aqui é como ser humilhado em praça pública e depois levado à forca, as pessoas te tratam como um lixo toxico, mesmo quando elas são a parte toxica, porém, nunca me importei o bastante para ser afetado, até porque os únicos que sabem da existência desse meu lindo lado arco-iriszado, são meus pais, irmãs e meus amigos. É nesse momento em que você me pergunta: "Como assim Benji? Você não saiu do armário?"

Acredito que nunca estive nele, porém, as pessoas dizem isso e o que eu posso fazer a respeito? Nada, porque, ninguém está no armário, mesmo que toda a pejoratividade desta frase seja implícita, nós os LGBT'S, deixamos os meros mortais pensarem que estávamos no armário, contudo, eles que estavam por todo esse tempo, trancados, tentando ao máximo escurecer suas visões para o que realmente importava, confinados dentro do próprio mundinho retangular, esperando por alguém que os tirassem do armário e os mostrassem o que é o verdadeiro amor recíproco. Todavia, o fato de ser verdadeiro é algo novo e assustador para os réis héteros, que por desconfiarem de tudo, voltam arduamente a seus pequenos armários, onde se isolam em seus míseros e ridículos mundos.

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⏰ Última atualização: Dec 25, 2023 ⏰

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