Os Infernais - A corte do Halloween

Capitulo Dois

Atualmente

Essa é a primeira vez que volto para casa depois que sai para ir para a faculdade em outro pais.

Abro a grande porta pesada, com minhas malas na mão. O hall de entrada está vazio, a casa em um silêncio total.

- Mãe? - Grito, não recebendo nenhuma resposta.

Procuro pela enorme casa, não encontrando ninguém. Ligo para ela, mas seu telefone cai na caixa postal. Tento cinco vezes, na sexta desisto e ligo para seu marido. Ele me atende no segundo toque.

- Abby... - A voz grave de Richard preenche meu ouvido.

- Onde minha mãe está? - Pergunto, desconfiando que ela podia estar no hospital.

Ele dá uma risada rouca.

- Ela está aqui comigo. Na onde mais estaria?

- E na onde vocês estão?

- No caribe - responde, como se fosse óbvio.

- Caribe? - Exclamo, sem acreditar. - Por que caralhos vocês estão no caribe sendo que ela está doente?

- Na onde você está?

- Na porra da casa de vocês! - Grito. - Ela disse que estava de cama e que precisa de mim, mas acho que ela não está tão doente assim para ir para a porra do Caribe.

Richard ri, sem se abalar com meu linguajar.

- Ela está bem. - Sua voz se torna distante. - Aproveite a casa, ficaremos fora por algumas semanas.

E desliga na minha cara.

Por que diabos ela mentiu para mim e me fez atravessar meio mundo para cuidar dela, sendo que ela está bem o suficiente para ir para o caribe com o marido?

Talvez ela nem esteja doente.

Frustrada e com raiva, subo para meu quarto que continua o mesmo desde que fui embora. Os pôsteres de alguns filmes ainda estão na parede. Minha estante vazia e minha escrivaninha ainda estão no mesmo lugar.

Me jogo na cama, olhando para o teto.

Por que minha mãe me fez vim para cá?

Por que ela não me avisou que estava indo para o caribe?

Por que ela me deixou pensar que estava morrendo?

Nossa relação nunca foi das melhores, contudo, quando ela me ligou dizendo que estava com câncer e que precisava de mim para ajudá-la com as primeiras semanas do tratamento, não hesitei em pegar o avião e voltar para vê-la.

E eu chego e ela não está.

Está na porra do caribe!

Nenhuma mensagem ou ligação me informando. Nenhuma explicação.

Passo a mão no rosto, tentando ficar calma. A sorte dela é que já me formei e apenas estou esperando a confirmação para começar meu mestrado em Madri. Se ela me tivesse tirado no meio das aulas por nada, iria matá-la. Com ou sem câncer.

Coloco uma música no celular, não aguentando o silêncio ensurdecedor e meus pensamentos. Me levanto, abrindo a janela do meu quarto para o ar fresco da noite entrar.

Irei pegar o primeiro voou amanhã de volta para a Escócia. Tinha muita coisa para arrumar antes de ir para Madri, e adiei tudo para estar aqui com ela.

Respiro fundo, meus pensamentos querendo ir para lugares mais violentos. Decido ir tomar um banho para tirar o cheiro de avião. Conecto meu celular em minha caixinha de som, Madlle About de Chase Atlantic explode nos altos falantes, silenciando parcialmente a voz em minha cabeça.