dramatizei o acidente.
EFÊMERO.
Efêmero – Algo passageiro. A passagem do tempo em 24 horas, em 1440 minutos e 86400 segundos. Em 30 segundos, a vida dela virou de cabeça para baixo. O carro colidiu contra a árvore e se não fosse o cinto de segurança, ela provavelmente estaria morta agora. Irene não se lembra de muita coisa, quando ela acordou já estava no hospital com Luigi dormindo no sofá ao seu lado, enquanto a enfermeira arrumava seu soro e verificava se estava tudo bem.
Se remexeu desconfortável, aquele colchão doía suas costas e o travesseiro não era tão leve quanto ela queria que fosse. Sua cabeça doía e seu primeiro instinto foi levar a mão até a testa e notar um curativo, o que foi que ela fez?
Sua mente teve alguns lapsos. Antônio.
Sempre Antônio, ele sempre seria responsável por alguma desgraça na sua vida e ela não pôde evitar toda a humilhação que ele a fez passar. Não era justo, ela ainda era a esposa e ser humilhada como foi, era maçante.Luigi explicou que ela saiu muito nervosa e ele decidiu ir atrás, para não bater em um caminhão, ela teve o reflexo de jogar o carro no acostamento mas acabou colidindo com a árvore, o impacto foi muito forte e quando ele a socorreu, já estava desacordada. Na batida, ela fez um corte fundo na testa e precisou levar alguns pontos.
Ótimo, quase sendo enxotada da própria casa e pra completar, ganhou alguns pontos na testa. Irene choramingou, seus braços também doíam e tinha alguns arranhões entre eles. Encarou o pé com um gesso e choramingou em resmungo.
Luigi pediu licença e saiu do quarto, atrás de algo para comer já que estava faminto daquela espera toda.
Petra odiava jantares, odiava pessoas na sua casa e odiava os olhares simpáticos que era obrigada a dar em forma de respeito. Odiava toda aquela situação humilhante, tanto para ela, quanto para a própria mãe. Seu pai a impediu de ir atrás da mãe e agora sua perna tinha um tic nervoso e ela não parava de olhar o celular.
De longe, encarou Agatha de cima a baixo. Ela não tinha jeito algum de ser uma La Selva, ser uma matriarca como sua mãe foi, ninguém conseguiria comandar aquela mansão como sua mãe comandou. Passou os olhos para o pai que forçava uma simpática patética, estava decepcionada e não deixava de transparecer isso. Voltou seus olhos pro próprio celular e respirou aliviada quando o nome de Luigi brilhou no aparelho.
— Oi, Luigi. Como minha mãe tá? Conseguiu achar ela? – Petra levantou, atraindo alguns olhares, inclusive de Antônio.
— Petra, Ora va tutto bene. – o moço resfolegou e Petra sabia que algo estava errado. — Io estou no Ospedale com tua mamma, ela bateu o carro contra una árvore.
Petra falhou, seus olhos encheram de lágrimas e em segundos, seu pai estava ao seu lado.
— Como ela tá, Luigi? – a menina tremeu, a voz embargada e os olhos arregalados. — Ela… ela…
— Está bem. – tranquilizou. — Mas ficará no Ospedale por três dias.
A menina respirou aliviada, pegou sua bolsa e as chaves do carro.
— Onde você vai, Petra? – Agatha se aproximou, tocando o ombro de Antônio e a garota revirou os olhos.
— Ver a minha mãe, a dona dessa casa. – Petra se virou para o pai. — Você vem comigo ou vai no outro carro?