Apresentação

6 1 0
                                    

Essa história será contada em primeira pessoa, como se fosse uma quebra da quarta parede direta da personagem, pode-se dizer que este se trataria de seu diário, deixando isso explícito desde já, quero que sintam que estão invadindo a privacidade de vossa protagonista.
Espero que gostem dessa estória, assim como Karina gostou de Leo até o final.

Início
capítulo 1
Meu próprio amor vs Amor próprio

Não era comum de acontecer, não comigo, claro, eu seguia a vida de maneira monotônica, era mais um grupo de amigos provavelmente entediante que me tiraria algumas gargalhadas, nada além disso.
Em minha imaginação, o mundo continuava cinza até então, acordava cedo, escola, voltava pra casa, meus últimos relacionamentos não me deixaram uma sensação boa no peito, aliás, me deixaram um grande vazio, um vazio tão grande que tentei preencher com pessoas, fato.

Mas aí de repente tudo pareceu mudar; quando os encontrei, nossa, pareciam a minha salvação que havia esperado por tempos, um motivo perfeito para fugir de Igor (ex paixonite idiota que me tirava noites de sono), não passavam do que havia sido mencionado antes, alguns amigos que me tirariam risadas, eu estava fodida, completamente na merda quando os encontrei, dei mais valor do que era necessário.

E então, tudo mudou quando vi Leo naquele grupo, vi a maneira que o tratavam, jogado de escanteio, mesmo sentimento que senti com Igor, quão egoísta da minha parte seria ignora-lo, ignorar alguém na mesma situação que já me encontrei?
Então foi o que fiz, eu dei todo o valor que podia, estendi o braço quando minhas mãos já estavam quebradas por outra pessoa, eu me deixei ser curada e curar, fiz com que ele tirasse todas as minhas forças para que pudesse ter a dele, para que pudesse respirar.

Mas eu ainda acreditava em amor, mesmo tendo sofrido no último, eu ainda acreditava que o amor curava, e por um curto período de tempo eu acho que de fato curei Leo, todos o parabenizavam por ter alguém como eu do lado, por estar mais feliz, mas o engraçado é que ninguém nunca reparou se eu estava mais feliz.
Sempre era ele, sabe? sempre ele, como se só ele fosse digno da pena, como se só ele fosse digno daquele carinho, sempre era ele, sabe?
Meus cabelos cacheados curtos serviam como metáfora, minhas roupas largas, Leo era extremamente inseguro, e eu cooperei o máximo com isso, me mantive masculina o suficiente pelo tempo suficiente, deixei com que toda minha autoestima fosse pro lixo, deixei minha essência, minha feminilidade por ele, pelo tempo suficiente.
E tudo parecia tão certo, tudo parecia dar certo, todavia sua falta de preocupação com as coisas sempre me incomodou, sua falta de vontade em crescer, especificamente, crescer comigo.
Tentei impor ao Leo um papel de homem, tentei fazer com que quisesse crescer, eu assumi seus traumas como meus, eu fui sua primeira, primeiro amor de verdade, primeira a deitar na sua cama, primeira a beijar aqueles lábios macios, primeira a reparar nos seus cabelos que até então ele os renegava.
Eu dei-lhe valor, eu amei, amei muito, como Darcy, amei violentamente, ardentemente.

Eu era algo com o que ele podia lidar naquela época, tentei não chamar muita atenção, até que algo em mim mudou, uma necessidade enorme de mudança após a pandemia que havia acontecido, senti como se estivesse chegando ao fim da juventude, precisava aproveitar, decidi mudar.
Deixei o cabelo crescer, o colori metodicamente de loiro, passei a usar outros estilos de roupa, a princípio uma mudança pra melhor, pra que todos vissem a bela namorada que Leo tinha, pra que todos desejassem estar em seu lugar, em minha cabeça confusa, assim ele me daria mais valor, sempre foi ele.
Sempre era ele, sabe?
E nós costumávamos a ser tão próximos—não sei o que houve então, Leo pareceu surtar, entrar em uma crise de identidade enorme, o garoto doce, fofo, ingênuo, que parecia não ter nenhuma maldade, começou a me magoar, me machucar, arrancar pedaços de mim, pedaços que ele mesmo havia colocado no lugar.
Como se eu fosse seu pequeno quebra cabeça, seu pequeno jogo de lego, quebrado e montado várias vezes, de novo, de novo, de novo.

Mas ele ainda parecia estar preso no passado, em quem eu era, costumava ser, além das roupas e do cabelo, do rosto antes não maquiado, além dos amigos poucos ao meu lado, ele ainda estava preso no passado, ele queria que eu fosse a mesma Karina, mesma garota que parecia não chamar atenção, a mesma que parecia não dar a mínima aos seus receios quando havia necessidade dele agir, a mesma que não via problemas na sua falsa família que estava ao meu lado.
Eu havia mudado, e isso havia o incomodado, muito, muito mesmo, além do normal, aprendi a me dar um valor que não havia dado antes, quando foi a última vez que dei uma bronca pela primeira vez?
Eu costumava ser sua que nem naquela frase:

"Acorde comigo, nesse final de semana nós podemos—
De quem eu sou?
Sou sua,
Eu disse: venha e me possua
possua
possua
possua
amor
me possua
possua
me possua
eu disse: venha e me possua
possua
amor, possua."

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 15, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Beije pra sararOnde histórias criam vida. Descubra agora