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A Vida estava em sua cama, dormindo pacificamente como em toda noite, seu peitoral subia e descia com forme o ar preenchia e deixava seus pulmões, seu coração pulsando e espalhando sangue quente por todo seu corpo, seus cabelos curtos eram como fios encaracolados de ouro. Oh, que bela visão, da bela garota num sono tão doce e inocente, seus olhos fechados e boca entreaberta num sorriso gentil revelavam seu bom sonho...

Derrepente, vindo da escuridão e se aproximando da Vida, a Morte aparece, e observa a estrutura frágil da garota pura. A Morte e ela eram totalmente opostas, a Vida transformava o trabalho da Morte muito mais difícil... E ao ver a Vida assim, tão frágil e tão desprevenida que a fazia pensar de quão fácil mata-la agora. A Morte empunhou sua foice, seus olhos vermelhos e sem vida encaravam sua chamada "inimiga" sem um pingo de emoção sobre isso, mas ela para para pensar, ela calmamente se senta na cama da Vida, fazendo isso ela a acordou.

Os olhos verdes da Vida pareciam duas esmeraldas quentes e cheias de bondade, eles pairam sobre a Morte. A Morte era tão bela aos olhos da Vida, ela era perfeita, seus olhos vermelhos sem vida se assemelhavam a rubis gelados e sem alma, sua pele escura como o céu e seu cabelo era longo e liso, ele brilhava como um lago calmo numa noite estrelada. Poucas pessoas conseguiram ver a beleza da Morte, a Vida foi a primeira.

- Oh, olá querida. Posso ajuda-la em algo?- A Vida pergunta gentilmente para a Morte, seu tom era caloroso e receptivo como sempre.

- Por que contínuas dificultando meu trabalho, Vida? Por que contínuas a dar chances de outros seres humanos viverem, se você mesma não tem certeza quando eles vão morrer e o que eles farão antes disso?- Fala a Morte em seu tom gélido e sem emoção.

A Vida então se senta em sua cama, ela abraça as próprias pernas e olha os olhos frios e sem alma da Morte, que nem se preocupa em olha-la de volta, então ela sorri docemente antes de responde-la.

- Eu sou uma deusa onibelevolente, não oniciente, tolinha.- A Vida ri baixinho de seu próprio comentário, ainda olhando para os olhos da Morte com seu olhar quente e doce como açúcar.

Morte finalmente olha para ela, seu olhar é frio e quase repreensível, o olhar da Morte fez Vida estremecer e corar um pouco, ela ri se desculpando e logo olha para cima, não havia teto sobre elas, nem estrelas, apenas a escuridão.

- Morte, querida... Essa é uma questão bem difícil. - A Vida responde ainda olhando para a escuridão do céu inestrelado. - Você também atrapalha bastante meu trabalho, matando minhas criações... Mas ao mesmo tempo você me ajuda muito, para ser honesta.

A Vida olha novamente para a Morte, ela ficava frustrada por todas suas criações morrerem ou sumirem, a Vida lamentava cada perda, mesmo que suas criações tivessem dado errado e algumas de fato merecerem a morte. Ela lamentava por ter um dia criado alguém que no final foi o motivo de outro alguém morrer, mas ela sabia que suas criações jamais poderiam ser imortais, os universos ficariam extremamente lotados!

- Eu poderia te matar. - A Morte diz sem se importar se soaria ou não como uma ameaça.

A Vida sorri e acena com a cabeça.

- É claro que você pode, todos nós temos o livre-arbítrio, a questão é: Você realmente quer isso? Pois se você me matasse, nada mais seria criado, nada com vida pelo menos...- Ela suspira fechando os olhos e então continua a falar.- E então quando você terminasse de matar tudo o que sobrou na minha criação você estaria sozinha... Pois quando se mata a fonte de vida, você também mata a morte, surgimos juntas e vamos desaparecer juntas querida.

A Vida tinha um ponto, sem a vida a Morte seria inútil... Assim como sem a morte a Vida causaria muitos problemas... A Vida e a Morte são opostos complementares, não podem ficar uma sem a outra.

A Morte ficou surpresa com o nível de sinceridade da Vida, que apenas sorria como uma tola apaixonada pela inocência. A Morte não sabia como reagir, ela nunca foi tratada com tamanha sinceridade antes, ela sempre foi tratada com desgosto por todas as outras criações da Vida.

- Por que suas criações me desprezam tanto? - A Morte pergunta, pela primeira vez ela parecia sentir algo... Talvez angústia? Era difícil dizer, a resposta para a pergunta de Morte também era difícil para a Vida responder então ela pensa antes de falar.

- Bem, eu também não entendo o porquê, você é um ser onipresente, é algo que está em todo lugar e que pode tocar em uma de minhas criações antes mesmo delas saírem do útero de suas mães... Você é imprevisível mas é algo que todos tem certeza que um dia você aparecerá. - Ela fala, seu tom é calmo e reconfortante, e então ela abre novamente seus lindos olhos calmos, olhando novamente para a Morte, seu olhar é bondoso e tem quase um toque de amor nele.

- Você é realmente muito ingênua, não é querida? - A Morte fala, finalmente abrindo um esboço de sorriso.

Aquele sorriso fez a Vida estremecer de felicidade, ela sorri alegremente e seu rosto brilhar calorosamente como uma fogueira no inverno, a Morte se perguntou como essa garota conseguia ficar ainda mais bela, secretamente ela a admirava bastante, sua inocência e fé eram certamente cativantes.

- Não diria que sou tão ingênua, apenas, pura. - A Vida sorri mais uma vez, dando um leve soco no ombro da Morte.

- Diferente das suas criações, certo? - A Morte responde, a provocando um pouco. Ninguém nunca viu a Vida irritada, mesmo que a Morte tentasse bastante a tirar do sério, isso parecia impossível.

- Minhas criações nascem puras, Morte. Até mesmo os narcisistas nascem bons, não é culpa minha que eles se desenvolveram e criaram transtornos. Isso está fora da minhas mãos. - Ela responde, seu sorriso um pouco frustrado.

A Morte ficou levemente surpresa, naquele momento ela percebeu quão pouco ela conhecia sobre a Vida, mesmo ambas estando juntas desde o início. Ela decidiu então, apenas por uma noite, deixar sua rivalidade de lado e ouvir a Vida, ser amiga dela.

A Vida e a Morte conversam por o que parece ser uma eternidade, até mesmo segurando a mão uma da outra um pouco. Foi ali, que o Amor nasceu.

"Apenas uma noite..." -One Shot.Onde histórias criam vida. Descubra agora