Eu estava em meu quarto, com Izana em uma poltrona lendo um livro enquanto eu apenas ficava sentada olhando para o céu escuro na janela.
Então a porta foi aberta e Kakucho entrou.
– Ela está bem – Ele avisou e eu senti o ar sair dos pulmões com um longo suspiro – Já levamos ela até um estação e a deixamos lá, a vai usar um telefone público pra ligar pra Hanma.
– Deixaram o nosso celular de contato com ela?
– Sim – O moreno respondeu e eu assenti – Agora é só esperar.
*****
Só míseros dois dias se passaram, mas eu já estava uma pilha de nervos, não haviam notícias de Hamire a não ser as de que ela havia sido tratada em um hospital, e que não havia aparecido no colégio.
Eu não estava saindo muito, primeiro por que precisava que o lado dela do plano desse certo e que ela não me odiasse depois do que fiz, e também por que não queria arriscar ser vista na rua.
Ouvi alguém bater na porta, duas vezes por dia alguém vinha trazer uma bandeja com comida, eu geralmente nem abria a porta, a comida ficava lá até o próximo dia.
Se afundar era algo confuso, você sabe que está se afogando mas não consegue reagir a isso, é como se aquilo que te afoga também te paralisasse.
E a força exigida para voltar a superfície era algo que eu não tinha.
Não, ela havia morrido com Kazutora, toda essa força que eu tinha, havia ido com ele.
Bateram novamente na porta, franzi o cenho, nunca batiam mais que uma vez. Me levantei do meu ninho de escuridão e tristeza e abri a porta tendi a visão de Izana.
– Consegue se levantar ou está ainda muito absorta em... Tudo isso?
Fiz uma careta.
– O que quer Izana?
– Estávamos esperando dar certo, antes de te avisar – Ele abriu espaço e eu vi Hamire atrás dele – Acabou de dar.
Nem esperei ele terminar de falar, e já estava com a garota nos braços, enterrando os dedos em seus cabelos e finalmente vendo que ela estava ali, viva e bem.
– Me desculpe.
Eu repeti tantas vezes que mal me lembrava, eu não sabia se sussurrava ou gritava contra ela, não sabia se era desespero ou alívio, era uma mistura de tudo, e o que mais me deixou calma foi ver que Hamire me abraçou de volta.
Me afastei um tempo depois e vi algumas marcas em seu rosto, alguma coisa ruim ficou presa na minha garganta, poderia ser bile, mas eu tinha a sensação de que era mais algo como nojo.
De mim mesma.
– Estou bem – Ela repetia, e só agora eu a ouvia, soltei um suspiro contra ela.
Ela estava bem e eu não havia cometido esse pecado. Não por maldade. Não por essa coisa que se remexia abaixo da minha pele e controlava minha mente.
– Conseguimos trazer ela – A mais nova finalmente disse – Está no porão, desacordada, viemos buscar você.
Assenti e passei uma mão no rosto secando alguns caminhos de lágrimas que eu nem havia sentido descerem.
Voltei ao quarto e vesti o uniforme da Tenjiku, coloquei saltos e arrumei o cabelo, saindo em seguida para o corredor.
Enquanto caminhávamos em trio na direção do porão, Hamire perguntou.
– Por que usa saltos nesses momentos? Notei que sempre usa eles nas festas ou quando vai fazer algo mais difícil, também me contaram que estava usando saltos quando conquistou Kabukicho... Não é desconfortável?
– Pelo contrário – Dei um meio sorrio – O som estalado do salto me faz lembrar uma mulher poderosa, então quando sou eu que faço esse som, eu sou a mulher poderosa.
Ela sorriu com minhas palavras e nós chegamos ao porão, as portas foram abertas e lá estavam Shion, Sanzu e Kakucho ao redor, e bem no meio uma garota de uniforme colegial e cabelos rosados desacordada.
– Hinata? – Olhei confusa para Hamire – Por que ela tá aqui?
– Eu disse que traria a garota que o Kisaki ama – A mais nova explicou – Ele ama a Tachibana.
Logo Hinata? Ela não era uma pessoa que eu conseguiria machucar, ela havia sido gentil comigo em todos os momentos, sem excessao, e eu só era má com quem também era.
Isso era um fato, eu tratava todos como me tratavam.
Me sentei na cadeira a frente dela, sentia Hamire de pé a minha esquerda e os demais ao redor observando, não queriam outro episódio como o de Hamire suponho.
– A quanto tempo ela tá desacordada?
– Uns quarenta minutos – Sanzu falou – Logo ela acorda.
Observei melhor.
– Ela ja tá acordada – Me levantei e fui até ela, erguendo seu rosto pelo queixo – Abre os olhos Hinata.
Ela os abriu lentamente e eu vi um pingo de vergonha, que logo foi tomado por medo.
– Saiko... Por favor, não me machuca...
Soltei o rosto dela e voltei pra cadeira onde me sentei.
– Vocês tem uma péssima impressão de mim – Suspirei – Imagino que o doce veneno que foi derramado em seus ouvidos pelo Hanma ou Kisaki.
– Você está fazendo coisas ruins! – Ela forçou as amarras.
– Hinata, se eu matasse seu irmão, você não ia querer matar o meu também?
Ela ficou em silêncio, parecia estar ponderando.
– Sim, mas... Isso não me faz alguém ruim, você teria me feito mal primeiro!
– E pra quem eu fiz mal? – Me levantei e fiquei a frente dela – Eu machuquei você? Machuquei os meninos da Toman? Machuquei a Emma?
Ela mordeu os lábios.
– Eu só queria ficar com o homem que eu amo – Sussurrei com a voz embargada – E sim, eu o amo mesmo ele tendo morrido e vou amar ele até o meu último suspiro, e depois dele se me for permitido... Mas aquele zumbi e aquela cobra... Eles me tiraram Kazutora... Por que eu sou a vilã quando foram eles que me fizeram mal?
– Você machucou a Hamire... Hanma contou das fotos e dos gritos dela nas ligações...
– As fotos foram feitas com maquiadores – Hamire apareceu por perto explicando – E os gritos... Eu gritei sem terem me encostado nem um dedo, era um plano Hinata... E esses machucados de agora, eu pedi pra Saiko me machucar pra dar mais verdade pra história, pra chegar até você.
– Você... Não estava machucando ela?
– Nunca machucaria alguém que me ajudou, eu sou um reflexo Hinata, seja boa comigo e eu serei com você.
Ela engoliu em seco.
– O que quer de mim?
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Psico Love - Tokyo Revengers
FanfictionSaiko sabia que tinha problemas. Mas lidar com eles não era a primeira coisa na sua lista de prioridades. Ele sim era. A pessoa que roubou a coisinha ínfima que ela chamava de coração. Um casal que deixaria Tokyo de cabeça pra baixo. "- Eu já vi iss...