Olha pra mim

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Depois do casamento Kelvin e Berenice retornam ao bar, o loiro ainda inconformado por ter sido interrompido, aquele era seu maior sonho há meses, beijar aqueles lábios já era quase uma missão de vida.

Ele chegou tão perto do sol... mas assim como Ícaro ele havia se queimado, seu coração palpitava em expectativa, sua garganta seca e Ramiro apertava seu cabelo com força o suficiente para faze-lo entender a diferença entre rugib e futebol.

Dizendo naquele momento pela primeira vez que não se importava, por mais que dias antes tivesse repetido seu mantra de ser macho quando estavam tomando banho no rio, ali naquele momento ele disse que não se importava, que iria fazer aquilo.

Mas foram interrompidos pela presença indesejada de Berenice, que agora recebia olhares e bufadas de Kelvin no trabalho.

O bar estava aberto, mas por ser no meio da semana, não tinha tanto movimento quanto de costume apesar de ainda sim ter mais movimento do que nos tempos de Nice.

O loiro decidiu cantar então uma música, com Nando na percussão, ele fez todos os olhos se voltarem para si como sempre quando cantava olha pra mim.

O único problema é que a única pessoa que ele queria ter os olhos sobre si, estava nesse momento provavelmente se arrumando para dormir naquele quartinho escuro e pequeno com uma cama menor ainda e nada confortável.

E na fazenda dos La Selva, em um quartinho escuro na área dos peões Ramiro andava freneticamente de um lado para o outro.

Não queria dormir agora, nem sequer havia vestido seu "pijama"

Não sabia que iria doer tanto não encostar os lábios nos do loiro.

Ele queria tanto aquilo que chegava a doer, era como se naquele momento súbito de coragem, o beijo alheio fosse o ar que seus pulmões necessitavam para continuar respirando.

Mas como é um pobrema ser pobre e alegria de pobre dura pouco, Berenice chega pra acabar com sua alegria

Seu coração afunda de tal forma que ele tem certeza que deixou transparecer toda sua tristeza em sua face.

A moça havia arrastado o loiro consigo depois de causar no casamento, deixando para trás um Ramiro desolado.

Será que ele devia?

Bom, claramente ele não devia, definitivamente não devia...

E agora ali estavam, Ramiro na porta do bar observando, e trocando olhares intensos com o outro em cima do palco, ele estava tão lindo...

Aos olhos do peão, aquele cantor era a mais pura formosura em pessoa, e tudo nele refletia uma luz inigualável.

Quando ele ouve aquelas palavras se repetirem em eco na sua cabeça, ele sente que está exatamente onde deveria.

"Olha pra mim."

Entoava o loiro a plenos pulmões, mexendo o corpo no ritmo da música e fazendo o olhar de Ramiro repousar no objeto de seu desejo, aquela cintura fina mas ao mesmo tempo musculosa e tão macia, se mexia de firma tão fluida que parecia ser feita de borracha.

Os movimentos eram delicados e sensuais fazendo Ramiro desejar arrancar a roupa daquele cantor ou melhor, aquela rede de pesca que ele chamava de roupa, e sentir pela primeira vez o gosto daquela região com a boca.

Quando o show acaba Kelvin agradece e deixar Nando continuar guiando, ele que já havia notado a presença alheia sai correndo em direção à entrada do bar e ilumina mais ainda seu rosto ao notar que o outro o esperava.

- Rams...Eu não sabia que você vinha ainda hoje...

- Ehh Kevin, eu num tava conseguino pensa direito depois de...

- Nem eu- O loiro o interrompe prontamente.

- Então eehh, nós pode...- Ele sem saber ao certo o que fazer leva a mão direita ao rosto do outro.

- Rams...acho melhor a gente fazer isso no meu quarto, sabe lá tem porta e chave, ninguém vai interromper.

E assim ambos sobem escadas a cima, há tempos Ramiro já não se importava de ser visto entrando nos aposentos do cantor.

Quando entram, Kelvin fecha a porta atrás de si e gira a chave, não sabe dizer ao certo se Ramiro vai ou não fugir, apesar de sentir que dessa vez os sentimentos do peão estavam mais fortes do que nunca.

Num súbito de coragem e não aguentando mais esperar, Ramiro que antes estava de costas, se vira e o encara, e tudo acontece muito rápido.

Uma mão aperta a cintura, a outra puxando os fios loiros da nuca, os lábios se forçando uns contra os outros num beijo bruto e desesperado.

Kelvin sorri brevemente mas então decide que Ramiro não tem experiência o suficiente para guiar aquele beijo.

Ele faz um carinho na barba alheia e faz o homem se acalmar, antes de pedir permissão com sua língua para adentrar na outra boca.

O choque que percorre seus corpos no momento em que as línguas se tocam é coisa de outro mundo.

Eles são levados à outra dimensão quando ouvem os estalos de saliva que trocam entre o beijo, enquanto suas línguas travam a tão antiga guerra que para eles era nova naquele momento.

Quando a falta de ar se faz presente e eles necessitam se separar, Kelvin prende Ramiro pelo pescoço com ambos os braços e o maior enlaça sua cintura em um aperto forte não querendo que ele escapasse.

- Dorme aqui essa noite...

- Kevin...oce num tá pensano em safadeza não né...

- Não...quer dizer, só se você quiser, se não a gente pode só dormir agarradinho a noite toda que tal...

- Gostei.

E é assim que aquela noite se encerra, com ambos dormindo agarradinhos em uma conchinha com Kelvin agarrado ao braço de Ramiro em volta de sua cintura.

Agarradinho a noite todaOnde histórias criam vida. Descubra agora