Não há tempo ideal para suficiência
Nem espaço que comporte expansões,
Pois foi na alma que te encontrei,
Quando imensurável a experiência,
Onde se comprimem as paixões
E fazem-se caber na memória em que te deixei.
Este agora que fataliza o dia passado,
Sob efeitos desejosos do reviver,
Só não o fataliza em presente,
Nem nunca retorna ao estado
Do qual partiu para ser
Tudo que agora me é ausente.
Tudo quanto me fora importante
É tudo que agora contradigo
É tudo que desimporta como desimportou o tempo
Nos rumos duma paixão andante
Quando estive contigo.
Foi nos teus olhos em que deixei meu olhar
E nos teus lábios meu gosto fluído,
Nas variantes de ver ou beijar,
Em recuperar meu sentido perdido.
Foi num entrelaço que pude deixar
Com que meu espaço fosse cedido
E com que minhas armaduras me fizessem desarmar
Nas nuances do nosso tom não concluído.
