Capítulo 09

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ROSEANNE

Nenhuma de nós se moveu para sair do carro. Nós duas ficamos sentadas lá, tão silenciosos quanto o resto do caminho, olhando para a mansão branca da casa de praia. Outros carros se alinhavam na entrada, e eu sabia que assim que passássemos por aquelas portas, teríamos que nos tornar o casal feliz que prometemos ser.

Eu esperava que tivéssemos alguns minutos para nos situar antes de conhecer todo mundo, mas eu tive uma reunião de projeto que eu não podia perder, fazendo com que não estivéssemos tão elegantemente atrasadas.

Sutilmente, desviei meu olhar da casa para ela. Seus longos cílios se curvaram até o arco perfeito de sua sobrancelha. Meus dedos formigavam com o desejo de correr pela curva de sua bochecha até seus lábios carnudos, sem o batom rosado que ela usava quando eu a peguei.

Ela passou a viagem inteira mordendo os lábios, um sinal claro de seus nervos. Ela odiava contar, mas eu adorava a forma como a curva exuberante de seu lábio inferior cedeu sob seus dentes retos. A melhor parte foi quando ela seguiu com um movimento rápido de sua língua para aliviar a mordida.

Ela estava sentada ereta como uma tábua, os ombros já perto das orelhas, e eu não conseguia me lembrar de uma vez em que a vi tão tensa, e ainda nem tínhamos começado.

— Se queremos tornar isso crível, provavelmente não deveríamos ser tão rígidas.

Ela engoliu em seco, relaxando à força no assento, revirando os ombros e o pescoço.

— Eu sei.

— Estou um pouco preocupada agora que, mesmo que eu descanse minha mão nas suas costas quando entrarmos, você vai pular. — Era um toque tão normal que eu tinha feito um milhão de vezes com ela que eu nem pensaria duas vezes até que fosse tarde demais. A menos que... — Quero dizer, estou assumindo que teremos que ter algum contato. Tudo bem se eu tocar em você?

Ela bufou. A linha apertada de seus lábios relaxou em um sorriso enquanto ela ria como se não pudesse segurar. Eu nem tinha certeza do que ela estava rindo, mas senti tanta falta do sorriso dela que não pude deixar de sorrir também.

— Quero dizer, eu só estou tentando fazer você me tocar há anos. — Ela explicou, sua voz brincalhona.

Ela finalmente olhou para mim, uma sobrancelha erguida, e algo soltou no meu peito. Respirando mais fundo desde Las Vegas, deslizei em nossas brincadeiras lúdicas.

— Bem, então, hoje é seu dia de sorte.

Nós duas rimos, aproveitando o momento fácil. Foi agradável. Na verdade, foi fantástico, e tentei ficar naquele momento ali ao invés de pensar no que aconteceria a seguir.

— Está pronta? — Perguntei.

— Vamos fazer isso.

Saí e rodei o carro. Sendo educada como seria com minha esposa, abri a porta e ofereci minha mão. Ela hesitou por um segundo que se estendeu por uma eternidade, e eu prendi a respiração, esperando que ela desse o tom. Ela continuaria no caminho que começamos no carro, ou sairia sozinha e nos atrasaria dois passos?

Seus dedos elegantes deslizaram pela palma da minha mão, enviando tiros de eletricidade do meu braço para o meu peito, deixando um zumbido de calor em seu rastro. O cetim de sua pele roçou a minha pele sensível. Já havíamos dado as mãos mil vezes antes, em aviões, andando no meio de uma multidão, encontrando conforto em uma amiga quando precisávamos, mas isso era muito mais. Fingindo ou não, ela era minha esposa, e ter sua mão na minha quando saiu do carro como uma revelação me encheu de orgulho.

Mesmo que não fosse para sempre, por enquanto, Jennie Kim era minha. Como se estivessem esperando, um membro da equipe nos cumprimentou na porta, o Sr. Scott logo atrás.

My Best Friend - Chaennie Intersexual Onde histórias criam vida. Descubra agora