𝙽𝚎𝚛𝚟𝚘𝚞𝚜 [𝚜𝚎𝚞𝚗𝚐𝚋𝚒𝚗]

What's stopping you?

Você me encara novamente, minutos depois de fazer a pergunta mais difícil que alguém já me fez.

"O que está te impedindo, Binnie?"

De fato, nada.

Nada me impede de sentir isso, nada me impediu de desejar tanto um momento como esse. Nada está no meu caminho, a não ser essa sensação que revira meu estômago. Seus olhos me encarando com tanta expectativa, seus lábios curvados num meio sorriso esperando uma resposta pioram ainda mais minha situação. Seu corpo perto o suficiente para me deixar sem palavras, mas longe o bastante para fugir caso eu estrague o momento.

E é isso que me vem em mente, honestamente.

Talvez eu não devesse tentar ser perfeito sempre, confesso que tenho esse problema de pensar demais. Tudo precisa ser exatamente como planejado, mas você não segue isso. Você me surpreende toda vez. A cada resposta improvável, a cada piada infame, a cada flerte mais obsceno que o outro, você me assusta e me encanta.

No final, se eu sair dessa ferrado ou se conseguir tudo o que quero, só espero que valha a pena porque estamos apostando alto aqui.

Ano passado eu tive o pior momento da minha vida, e você esteve lá. Já estava comigo antes e continua aqui depois disso. Somos amigos, implicantes. No mês passado, eu sabia que algo estava para mudar, você definitivamente sentiu como eu estava diferente. Somos próximos, mas estamos com um abismo entre a gente.

Na semana passada, comecei a me questionar de novo. Eu tento me livrar dessa vontade, dessa sensação no fundo do coração e tento me afastar dessa ilusão, mas ela simplesmente não desaparece. Eu continuo vendo a mesma expressão em seu rosto e meu cérebro insiste em reagir. Continuo querendo te puxar cada vez mais perto, mas prefiro ficar longe porque sei que em algum momento vou precisar te soltar.

Existe uma linha da qual me esforço para não ultrapassar, mas ela está cada vez mais invisível. Mais ofuscada por suas réplicas e recíprocas.

Na noite passada, você me perguntou o que tem de errado e eu te disse como tenho estado. Tudo muito distante, mas você continua tão presente. Mais real em minha vida do que muitos acontecimentos. Contei que me sinto estranho, mas que não sei explicar devidamente. Só me sinto bem ao seu lado, e isso é o que importa no momento.

Mas há duas horas você entrou em meu quarto, como se não estivesse com a pura intenção de me colocar contra a parede, e me fez parecer contraditório. Seus atos, tão furtivos como os de um predador prestes a ter a presa entre suas garras, me fizeram dançar conforme a música. Brincamos sobre nosso dia estar parado, falamos sobre nossos planos para o final de semana e contamos qual foi a última série que gostamos de verdade.

Por fora, eu estava agindo como sempre. Por dentro, essa sensação angustiante de não conseguir agir normalmente me domina. Você notou como eu estou estranho, obviamente.

Você pediu para deitar na minha cama e eu deixei.

Você me pediu para sentar perto de você e eu fui.

Você puxou minha mão, segurando firme com nossos dedos entrelaçados. Me ameaçou sutilmente e eu hesitei.

— Não me faça te obrigar a falar, Changbin.

Você sabia.

— Não me faça dizer alguma coisa agora, Seungmin.

Eu implorei.

Minha voz falhando mais do que as batidas do meu coração, o nervosismo subindo pela minha garganta e sendo engolido junto com as palavras que deviam ser ditas. Que eu devia ter dito há muito tempo.