Capítulo 1

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SARAH CAMPBELL

Eu cresci em uma pequena cidade e fui criada por pais extremamente tradicionais, religiosos e rigorosos. Por esse motivo, recebi educação em casa e nunca frequentei a escola. Pelo menos, foi isso que minha irmã mais velha, Katie, me contou. Segundo ela, nossos pais faleceram em um acidente de carro há quatro anos, e, de alguma forma inexplicável, eu não estava com eles quando os policiais chegaram no local da tragédia.

Minha irmã não sabia se eu estava viva ou morta, pois passei os últimos quatro anos em um abrigo para adolescentes sem lembrar do meu passado, até ser encontrada pela minha única parente viva.

Minha memória mais antiga é de um homem me encontrando enquanto eu caminhava à beira da estrada e a partir daquele momento, passei a me chamar Sarah, mas o meu verdadeiro nome é Suri.

Prefiro Sarah e pedi para que continuassem me chamando por esse nome.

Desde o dia em que Katie e seu marido, Adam, me localizaram e me disseram quem eu era, tivemos alguns encontros para nos conhecer melhor. Katie e eu desenvolvemos uma conexão rapidamente, mas o marido dela é uma pessoa bastante reservada.

Completei dezoito anos recentemente e escolhi morar com eles, pois não posso mais ficar no abrigo depois que cheguei a maioridade, porque já sou considerada adulto legalmente e também não tenho para onde ir.

Eu estava sentada na frente do abrigo, minha ansiedade crescendo enquanto a assistente social explicava como seria minha adaptação à nova vida. Ela disse que eu precisava continuar fazendo tratamento psicológico para recuperar minha memória perdida. Meu coração batia forte, e eu me sentia vulnerável, como se estivesse prestes a mergulhar em um oceano desconhecido.

Olhei ao redor, me deparando com a construção sólida de tijolos vermelhos de três andares. A fachada principal do edifício é marcada por uma entrada ampla com um alpendre coberto por um telhado inclinado que se estende por toda a extensão da entrada. A grande porta de madeira maciça com vitrais coloridos é quem dá as boas vindas aos visitantes. Acima da porta de entrada, uma placa de identificação exibe o nome do abrigo em letras elegantes e cuidadosamente pintadas à mão.

Uma buzina chama a minha atenção e me traz de volta à realidade. Uma mulher loira, magra e vestida com um vestido elegante se aproxima. Katie. Seus cabelos loiros brilhantes e sua postura elegante sempre a fizeram parecer uma modelo de revista.

— Sarah! — Katie falou animada e me abraçou quando chegaram para me buscar. — Eu não acredito que vamos morar juntas novamente.

— Estou feliz pela oportunidade que vocês estão me dando! — respondi com um sorriso tímido. — Prometo que não vou atrapalhar vocês!

Enquanto Katie e eu compartilhamos esse momento, Adam, meu cunhado, se aproxima. Ele é alto, branco, com músculos bem definidos e tatuagens que parecem contar histórias secretas. Seu cabelo preto desarrumado e seu estilo de "bad boy" o tornavam um pouco amedrontador. Definitivamente, eu e Katie não temos o mesmo gosto para homens.

Katie me contou que fugiu de casa quando tinha dezesseis anos e conheceu Adam no seu trabalho. Eles se apaixonaram e agora são casados, aparentando serem muito felizes juntos.

— Agora você vai ter uma vida de verdade, vai poder curtir por aí, ter amigos, um namorado, tudo o que uma garota normal faz... — Katie disse, cheia de esperanças.

— Eu não quero um namorado, Katie — falei rindo sem graça enquanto cumprimentava o marido dela com um aperto de mão.

Eu sempre sentia uma certa vergonha e um pouco de medo quando estava perto de Adam, embora ele nunca tivesse me tratado mal.

Katie e Adam são a única família que me resta, e isso é ao mesmo tempo reconfortante e aterrorizante.

No caminho até a casa de Katie e Adam, eu e a minha irmã conversamos animadamente sobre a nova vida que me espera.

— Estou tão ansiosa para você conhecer seu novo quarto e não se preocupe, podemos mudar o que você quiser…

— Katie, eu não preciso de muito e não quero te causar nenhum incomodo — sussurro, olhando pela janela enquanto a paisagem passa.

Katie sorri gentilmente para mim, estica seu braço para trás e coloca a mão na minha perna.

— Sarah, você é minha irmã, e eu farei de tudo para garantir que você tenha uma vida feliz e plena.

— Obrigada, Katie. Não sei como agradecer.

Enquanto o carro avança, eu me permito relaxar um pouco mais. A sensação de pertencer a algum lugar depois de anos de incerteza é reconfortante, e tenho esperança de que esta nova etapa traga respostas sobre meu passado perdido.

[...]

Finalmente cheguei à nossa nova casa à beira da praia junto com Katie e Adam. Assim que pus os pés naquele lugar, fiquei boquiaberta. A casa era uma verdadeira mansão de estilo colonial, pintada de branco, com uma varanda ampla que envolvia toda a fachada. A brisa fresca do mar acariciava meu rosto, e o som das ondas quebrando na praia me fazia sentir como se estivesse em um sonho.

Katie sorriu para mim e me conduziu pela casa. Cada cômodo era mais impressionante que o anterior. Ela investira tempo e amor na decoração, e eu podia sentir isso em cada detalhe.

Katie me levou ao local que seria meu quarto. Era um verdadeiro paraíso. As paredes eram pintadas em tons suaves de azul, e as janelas de vidro ofereciam uma vista espetacular do oceano. A cama parecia tão confortável que eu tinha certeza de que poderia passar horas ali, coberta por lençóis macios.

Enquanto eu estava admirando meu novo refúgio, a porta se abriu, revelando um homem alto e incrivelmente atraente. Seus cabelos loiros estavam um pouco desarrumados, e seus olhos verdes eram hipnotizantes. Ele sorriu calorosamente.

— Sarah, este é Dylan, nosso amigo e o talentoso arquiteto que transformou este lugar no paraíso que você vê — Katie apresentou. — Acho que vocês já se viram algumas vezes, mas não tivemos a oportunidade de apresentar os dois formalmente.

Eu sorri timidamente enquanto apertava a mão estendida de Dylan. Havia algo magnético nele que me intrigava desde o primeiro momento em que o vi.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Sarah. Katie só fala de coisas boas a seu respeito — ele disse, com um tom gentil.

— O prazer é todo meu, Dylan.

Dylan, ao contrário de Adam, era o tipo de homem que chamava a minha atenção.

Doce Sarah [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora