Meu anjo é um demônio

capítulo 1

Capítulo não revisado, qualquer erro me avisa que eu corrijo, espero que goste.

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- Você aqui de novo. Vocês não cansam? - a pergunta vem de Ramiro, um anjo guerreiro responsável por liderar os confrontos contra demônios mandados para causar caos.

- Olá, bom te ver também anjinho - o apelido traz lembranças que Ramiro não quer lidar e isso o faz obscurecer sua expressão - desculpa foi automático, você sabe que não foi de proposito.

Quem os visse de longe pensaria que são conhecidos sendo cordiais de modo frio. Mas aos olhos inocentes de animais e  crianças as assas e cifres são visíveis, Kelvin não é bem um demônio convencional, as roupas coloridas e os delineados trazem um ar angelical, uma aura atrativa, e é exatamente esse jeitinho doce e convidativo que faz uma garotinha se aproximar.

- Oi amor, tudo bem? - a pergunta suave faz Ramiro estremecer, um demônio não deveria ser tão belo, não é assim a ordem natural. Mas Kelvin nunca precisou se esconder com imagens projetadas de si, ele era o ser mais belo de todos, e esse era o problema, ele é belo demais, atrativo demais.

- São de verdade? - Kelvin sente os olhos pinicarem com a pergunta, mas acena de forma positiva uma única vez - posso tocar?

Com o aceno permissivo a garotinha de cabelo preto cacheado, pele preta e olhos de chocolate encosta nos chifres com suavidade, era como se ela soubesse a dor que o toque causa, o beijinho na testa do ruivo fez ele pegar um graveto no chão e entregá-lo a garota.

- Quer ver uma coisa? - Kelvin sentiu Ramiro ficar tenso sem nem precisar olhar para ele. O aceno que recebeu fez ele levantar os dedos suavemente e assoprar contra o topo do graveto tampado por suas mãos, uma rosa vermelha com fundo roxo apareceu e a menininha ficou encantada - enquanto você respirar essa rosa terá vida. 

A garotinha olhou para Kelvin com encanto, ela sentiu algo bom nele e pegou a rosa e deu um beijinho na bochecha do ruivo correndo em seguida.

- Vocês... Você não tem respeito nem com uma criança!? O que ela fez pra você condenar ela desse jeito? - o tom raivoso fez Kelvin estremecer, ele odiava esse tom, odiava o que normalmente vinha depois dele.

Kelvin olhou para os lados e viu Berê, sua melhor amiga em todo esse caos, com uma troca de olhares a mulher acobertou Kelvin causando tumulto e isso permitiu que ele fugisse dos olhos atentos de Antônio, o mais velho era o líder dessas "expedições".

O galpão abandonado atrás dos dois homens foi o lugar perfeito para Kelvin puxar Ramiro e o jogar de qualquer jeito pra dentro da porta encostada.

- O que você pensa que está fazendo, eu tenho que ficar lá fora pra impedir que mais dessa sua raça desvie crianças inocentes para seus caminhos pecaminosos e cruéis...

- Tá, tá, acabou o descurso ensaiado? Eu tenho algo importante pra falar, mas eu não tenho tempo, então cala a boca e escuta. Geralmente é a Luana que vem, ela sabe que a gente não tá desviando crianças inocentes, mas não são todos de vocês que escolhem aprender ou ouvir antes de tirar conclusões.

- Luana? Como assim você fala com a Luana? Que história é essa? - Kelvin revirou os olhos com isso e fez Ramiro calar a boca encostando seu indicador nos lábios cheios e quentes escondidos pela barba cheia.

- Olha, eu já entendi que você não gosta da gente, mas você precisa entender, eu não tô desviando aquela criança.

- Vocês nascem para isso, para espalhar caos e terror a mando de Lúcifer.

- Ramiro não! A questão é exatamente essa, nós não nascemos como vocês, nós somos criados - os olhos de chocolate agora exalavam confusão - vocês nascem angelicais, vindos de outros seres angelicais puros. O máximo humano que vocês tem são fragmentos de consciência humana que é implantada ainda no processo de gestação, um fragmento de uma alma que foi humana e evoluiu o suficiente para se tornar o mais próximo de um anjo possível. Nós demônios não, nós somos criados, almas humanas corrompidas pela ódio que são condenadas depois que morrem, porque nem nascendo de novo conseguem purificar o espírito e perder o ódio, nós não temos escolha nisso.