O sonho

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Eu vejo uma janela, com cortinas rasgadas. Em minhas mãos há uma boneca de pano, e próximo aos meus pés está um prato de comida cheio de moscas e larvas. Eu sinto uma forte crise de ansiedade tomando conta de mim. A janela me permite enxergar uma arvore grande, o vento balança seus galhos de um lado para o outro. O céu está nublado, parece que vai chover a qualquer momento. Minha respiração fica ofegante e quando tento me levantar, sinto um peso enorme sobre meus ombros.

Dim! Drim!

É meu despertador. Eu acordo em minha cama, ainda muito nervoso com o pesadelo que tive. Aos poucos eu me acalmo. São 7 horas e preciso me arrumar para trabalhar. Saio da cama, e estico o cobertor de qualquer forma sobre ela. Meu celular está carregando ao lado do meu computador. Decido deixá-lo ali enquanto sigo minha rotina matinal.

Vou até o banheiro, me olho no espelho e percebo que estou com olheiras muito profundas, como se eu não dormisse direito a dias. Eu lavo o rosto e escovo os dentes. A cada minuto que passa eu me recordo do sonho. Parecia ser tão real, consigo me lembrar até mesmo do cheiro do lugar, como se um rato estivesse morto a semanas.

Eu vou até a cozinha, pois estou com fome. Na noite anterior eu comi apenas um pedaço de pizza que sobrara de um encontro fracassado que tive dias antes. Não sou muito bom com relacionamentos, sempre acabo falando demais e isso assusta minhas parceiras. Espero melhorar algum dia.

Para o café da manhã, estou preparando ovos, e vou comer com queijo e um bom copo de café. Ainda tenho meia hora antes de sair, tempo suficiente para comer e me vestir. Com tanto que nada dê errado, vou chegar no trabalho dentro do horário.

Toc-toc!

Fico surpreso com as batidas, não costumo receber visitas sem aviso prévio. Apago o fogo e deixo os ovos tampados em cima do fogão. Eu vou até a porta para checar, mas quando olho pelo olho mágico, não há ninguém. Abro a porta e me deparo com uma caixa lacrada, eu olho para os dois lados, mas não vejo ninguém.

A caixa agora está sobre minha mesa. Eu ainda não tive coragem de abrir, afinal, não tem nenhuma identificação, é apenas uma caixa fechada. Eu termino de tomar meu café, sem tirar meus olhos do objeto. E depois de alguns minutos criando paranoias em minha cabeça, eu coloco a caixa dentro de um armário no porão, e vou para o trabalho.

Não sou medroso, mas não posso ficar mexendo em coisas assim, prefiro deixar a caixa guardada e pensar no que fazer ao longo do dia. Muitas coisas ruins podem acontecer se eu a abrir. Então, por enquanto vou apenas seguir com meu dia.

-Bom dia, Nicolas. Chegou na hora hoje! Que bonito.

-Pois é, eu falei que conseguiria.

Meu chefe é bem-humorado, mas eu sei que se eu me atrasasse mais uma vez, poderia ser demitido. Eu não sou muito pontual, e bem hoje eu quase me atrasei por conta do objeto que eu prefiro não falar muito a respeito por agora.

Minha função é simples, sou do RH. Hoje eu tenho que fazer entrevistas de emprego. É um trabalho calmo, e normalmente não preciso me estressar com nada. Os candidatos vão tentar uma vaga para o meu setor, então eu pretendo ser bem rígido nas avaliações, pois não quero contratar alguém incompetente.

-Alguns candidatos já estão aqui. Comece quando quiser.

-Claro! Vamos começar com os jogos.

Eu realmente gosto dele, temos um bom relacionamento de chefe e funcionário. Mas agora eu preciso me concentrar para fazer um bom trabalho. Tem dois homens e uma mulher esperando na frente da minha sala, eu passo por eles e aceno com a cabeça.

A mulher está visivelmente nervosa, o que me faz lembrar da minha entrevista. Eu lembro do meu coração acelerando, e minhas pernas tremendo. Foi um dia muito complicado, eu estava com sintomas de virose, e mesmo assim eu vim para a entrevista. E que bom que eu vim, pois estou aqui até o dia de hoje.

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⏰ Última atualização: Nov 23, 2023 ⏰

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